quarta-feira, dezembro 31, 2008

Nada a fazer...

Não houve outra solução!
Tive mesmo que cancelar a passagem de ano nas Caraíbas...
A overdose natalícia trouxe-me uma terrível dor de costas que já me levou ao Centro de Saúde.
É que não dormia há cinco noites e não posso tomar qualquer tipo de analgésicos.
Assim vou ficar em casa, à lareira, com um saco de água quente nas costas, a ver passar o ano e a ver se a dor passa.
Boa passagem, façam o favor de ser felizes!

segunda-feira, dezembro 29, 2008

Overdose natalícia

Depois do enorme esforço dispendido na mudança de casa, depois das arrumações mais urgentes e necessárias para um bom ambiente natalício, depois da preparação do jantar da Consoada e do almoço do dia 25, depois do caloroso conforto da casa cheia durante dois dias e do filho presente durante uma semana, depois de nova arrumação daquilo que teve de sair do seu lugar, estou de rastos!
Essa história do Natal ser todos os dias não me agrada nada, pelo menos enquanto me sentir como se tivesse levado uma sova...
O que vale é que tenho um ano para recuperar!

sábado, dezembro 27, 2008

Natal no Hospital de Santa Maria

Já que não estava habilitada a manusear o programa das minhas imagens não vos pude brindar, com antecedência, com a minha sempre pouco conseguida decoração natalícia.
Como imagem experimental deixo-vos o presépio que estava na consulta externa de cardiologia no HSM, onde tive uma revisão de rotina a 23 de Dezembro, revisão essa que também não foi muito conseguida, o que muito me admirou. A médica que me acompanha há quatro anos costuma ser uma simpatia, mas nesse dia estava de muito mau-humor.
Vociferou contra o 25 de Abril, contra o Governo, contra o País, enfim, contra o Mundo em geral e os votantes no PS em particular...
O seu espírito natalício estava de rastos!
Espero que tenha melhorado...

terça-feira, dezembro 23, 2008

Natal e não Dezembro

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido...

Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.

Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.

Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.

David Mourão-Ferreira

Com o desejo de tudo de bom para todos vós que estais desse lado e para todos aqueles que amais!

sábado, dezembro 20, 2008

Eclesiastes 3

Tudo deve ser realizado a seu tempo

Todas as coisas têm o seu tempo, e tudo debaixo dos céus tem a sua hora.
Há tempo para nascer, e tempo para morrer;
Tempo para plantar, e tempo para arrancar o que se plantou;
.................................................................................................................................
Tempo para chorar, e tempo para rir;
Tempo para se afligir, e tempo para dançar;
.................................................................................................................................
Tempo para dar abraços, e tempo para se afastar deles;
Tempo para adquirir, e tempo para perder;
Tempo para rasgar, e tempo para coser;
Tempo para calar, e tempo para falar;
Tempo para amar, e tempo para odiar;
Tempo para a guerra, e tempo para a paz.

Não transcrevi todo o texto, mas seleccionei grande parte das antíteses nele presentes...
O meu tempo último tem sido mais tempo de lágrimas de saudade e também de solidariedade, tempo de silêncio e de cansaço.
Aguardo o tempo da alegria, dos risos, dos abraços, do calor, da casa cheia de gente...

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Natal pendurado

Finalmente, apesar da falta de tempo e de vontade, decidi-me e comecei a "pendurar" o Natal!

domingo, novembro 30, 2008

Homenagem a Fernando Pessoa

Neste 30 de Novembro, data da sua morte, deixo-vos um poema do grande poeta Fernando Pessoa:

Que coisa distante
Está perto de mim?
Que brisa fragrante
Me vem neste instante
De ignoto jardim?

Se alguém mo dissesse,
Não quisera crer.
Mas sinto-o, e é esse
O ar bom que me tece
Visões sem as ver.

Não sei se é dormindo
Ou alheado que estou:
Sei que estou sentindo
A boca sorrindo
Aos sonhos que sou.

Fernando Pessoa, in Cancioneiro

segunda-feira, novembro 24, 2008

Ana Karenina

"Todas as famílias felizes se parecem; as infelizes não."

É assim que começa este longo e apaixonante romance de Leão Tolstoi.
Apesar de ser um clássico da Literatura Universal ainda não o tinha lido.
Terminei a sua leitura, há dias, no âmbito do clube de leitura que frequento em Leiria, na edição de Livros de Bolso, da Europa-América, dois volumes que somados dão 754 páginas, mas que li com uma razoável rapidez.
Independentemente de todos os eixos temáticos que aí se desenrolam e da trágica história de amor que lhes serve de pano de fundo, a primeira frase que transcrevi em cima deixou-me a pensar.
Será mesmo assim ou Tolstoi não percebia nada de famílias?

quinta-feira, novembro 20, 2008

Ainda há rosas felizes...

Ainda há rosas felizes, mas não no meu jardim!

segunda-feira, novembro 17, 2008

Não aqui

Não parti, não regressei
não estive nunca
neste lugar.
Nem estou aqui agora.

Tanto como hoje,
outrora estar aqui
foi conhecer
não uma terra mas o seu vazio.

A ciência dos lugares
é duvidosa e vã.
Arde a paisagem
nos olhos que a contemplam.

Uma viagem, - como?
Os mapas traçam-se
com um sopro indelével
de sombra

e esquecimento.

José Bento, in Alguns Motetos

quinta-feira, novembro 13, 2008

Abriram as "hostilidades"...

Abriram as "hostilidades", quer dizer as festividades natalícias!
No dia 3 de Novembro quando saí de Ourém já a noite tinha caído, deparei-me com o Intermarché ( passe a publicidade) discretamente engalanado de Natal.
E até não está mal de todo...talvez pela sobriedade.
As paredes exteriores têm pequenas estrelas, simplesmente brancas, luminosas, unidas por uns breves traço da mesma cor e em baixo, no espaço circundante, pinheirinhos cintilam com fios que escorrem das suas ramagens.
Na última segunda-feira, estando o restaurante habitual fechado para férias, fomos (eu e os dois camaradas da reunião deste dia) almoçar a esta superfície comercial.
Não resisti a captar esta imagem para documentar este post.
Nada no cenário tem a ver com o Natal português e embora possam dizer que só os católicos é que associam o Menino Jesus a estas festividades eu prefiro (apesar da minha fé também estar em crise) o Presépio à Árvore e ao Pai Natal...
Quanto aos gastos que as autarquias fazem com as iluminações natalícias, já o discuti em sede própria; mas também tenho que concordar que, perante a tristeza em que estamos afundados, com a falta de meios monetários para a maioria das famílias enfrentar com optimismo esta época "obrigatoriamente" feliz, poupar na iluminação ainda tornaria tudo mais deprimente.
É provável que ainda me debruce mais sobre esta temática, mas adianto que não tenho luzinhas nos olhos, nem guizinhos a tilintar nos ouvidos quando falo do Natal, o que está bem patente no título.

terça-feira, novembro 11, 2008

Dia de S. Martinho

A manhã surgiu brevemente promissora...

À tarde, os tons outonais dos castanheiros recortavam-se num céu já muito cinzento que desabou em chuva pouco depois...

Apesar de a Golegã ficar a uns escassos 30 kms, o serão será passado calmamente, a dois, em casa, com castanhas assadas...no forno, nozes, figos e bolinhos dos Santos que os há sempre à venda nesta terra ou não fosse ela uma santa terra.
A água-pé acabou de chegar e não houve tempo de a "meter" na imagem!
A tradição já não é o que era, mas vai-se tentando manter alguns hábitos bem nossos...

segunda-feira, novembro 10, 2008

Elas não sabem nem sonham...

Elas não sabem nem sonham que a ida para a outra casa vai sair-lhes cara a elas e a mim!
A necessidade de serem esterilizadas vai levá-las ainda esta semana ao veterinário...
Mas em contrapartida poderão gozar a liberdade de andar pelos quintais a caçar sardaniscas, ratos e pássaros !

quarta-feira, novembro 05, 2008

Eu penso...

Claro que estou contente com a vitória de Obama por tudo o que ela representa, sendo a sua negritude o factor menos relevante para mim!
Mas com três correspondentes da RTP1 nos USA para quê mandar a Judite de Sousa até lá ,à custa dos nossos impostos?
Eu penso que não havia necessidade nenhuma!

quinta-feira, outubro 30, 2008

Ah, doce e enganador Outono

O Outono doce, dourado, das vindimas, do cheiro a mosto e a castanhas assadas, das nuvens sulcando os céus, feitas canoas, gaivotas, carruagens de contos de fada, puxadas por golfinhos, fiapos de algodão, é enganador!
Sai uma pessoa de casa, com um cenário primaveril, roupa leve, sol ainda quentinho e regressa encharcada até aos ossos e a espirrar sem parar...
Debaixo de um temporal, enfia o kispo, as botas, agarra no chapéu-de-chuva e enfrenta o lá fora;volta afogueada, suada, com o kispo desastradamente enrolado no braço e sem chapéu-de-chuva que entretanto foi largado em qualquer lado, vá-se lá saber onde...
Ah, doce e enganador Outono!

domingo, outubro 26, 2008

Uma nova memória por 50 euros!

O meu computador regressou ao lar depois de dez dias de internamento nos "cuidados intensivos". Pela módica quantia de 5o euros introduziram-lhe uma memória nova e garantiram-me que ficava capaz de funcionar mais uns tempos.
Antes do jovem técnico ir embora testei todas as funções, mas esqueci-me do programa de fotografia. Conclusão: não consigo descarregar as imagens que tenho na máquina...
O que vale é que ainda não paguei!
Depois dele ter partido fiquei a pensar que também eu precisava de uma nova memória, ou por outra precisava de uma memória selectiva, para lembrar tudo o que me aconteceu de bom e esquecer toda a dor e sofrimento destes últimos anos!
Com o avanço da tecnologia ainda lá chegaremos...

quarta-feira, outubro 15, 2008

Poema

O céu azul de luz quieta.
As ondas brandas a quebrar,
Na praia lúcida e completa -
Pontos de dedos brincar.

No piano anónimo da praia
Tocam nenhuma melodia
De cujo ritmo por fim saia
Todo o sentido deste dia.

Que bom, se isso satisfizesse!
Que certo, se eu pudesse crer
Que esse mar e essas ondas e esse
Céu têm vida e têm ser.


Fernando Pessoa

quinta-feira, outubro 09, 2008

Como já disse...

Como já disse fui às pinhas um dia destes com alguns elementos da minha "belle-famille".
Aqui está o cesto delas que ficou em casa da avó Rosa, à espera do Inverno.
E será sempre a casa da avó Rosa, a avó dos meus filhos...

terça-feira, outubro 07, 2008

Vejam como é bonita a vila medieval...

Porta da vila...

Pelourinho...

Paisagem ao fundo da fresta...

Paço dos Condes de Ourém

domingo, outubro 05, 2008

Enquanto...

Enquanto a limpeza de arquivo continua, deixo-vos com mais um enigma muito fácil de decifrar!



Quem é e onde está localizado?

quarta-feira, outubro 01, 2008

Porque estou cansada...

Ando a fazer limpeza de arquivo.
Há uns tempos atrás, aqui ficaria eu a dissertar sobre as dores de remexer no passado, patati patata, mas agora não...
Deixo-vos com um poema que nos afasta dessas brumas que não nos deixam ver o que há de bom para viver.

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência...esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa da sonho
Nas tuas mãos distraídas...


Mário Quintana ( Brasil-1906-1994)

Nota: Este rio é o Alviela, apesar do poeta nos dizer para nunca darmos nome a um rio...

quinta-feira, setembro 25, 2008

Ó minha amora madura...

Ó minha amora madura,
Diz-me quem te amadurou.
Foi o sol e a geada
E o calor que ela apanhou.

Ó minha amora madura,
Diz-me quem te amadurou.
Foi o sol e foi a chuva 
E o calor que ela apanhou.

Esta é uma cantiga tradicional portuguesa que nós cantamos no coro, com arranjo de Eurico Carrapatoso.
E este foi o ramalhete de amoras que recebi hoje, ao fim da tarde, e que foi colhido num lugar mágico que eu conheço muito bem.
Na impossibilidade de ir colhê-las e comê-las logo ali, o meu "compagnon de route" teve este gesto bonito!

quarta-feira, setembro 24, 2008

Homenagem a Pablo Neruda

Ontem, o Escutador de Almas lembrou-se da morte de Pablo Neruda a 23 de Setembro de 1973, em Santiago do Chile. Com algum atraso aqui está também a  minha homenagem.

Ode ao Gato

Os animais foram
imperfeitos,
compridos de rabo, tristes de cabeça.
pouco a pouco se 
foram compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça, voo.
O gato,
só o gato
apareceu completo
e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o
que quer
............................

Nota: Encontrei na Net um longo poema da autoria de Pablo Neruda e postei apenas este pequeno extracto.

segunda-feira, setembro 22, 2008

Eureka!


O rapaz, como diz a Pitanga do lado de lá do Atlântico, que não é informático, mas é persistente, conseguiu resolver-me o problema das fotos com o Google Chrome, só que me arranjou outros...
Como não se pode ter tudo, para a próxima talvez se resolva a falta de acesso ao Zimbra.
Esta imagem, além de servir de teste, mostra a minha "belle-famille" ou mais concretamente treze dos seus elementos a caminho de uma propriedade para a apanha de pinhas, figos e resto de pêssegos...
Foi um excelente fim-de-semana, o de há quinze dias atrás, pela quantidade e qualidade dos protagonistas, não desfazendo nete último que apenas primou pela qualidade.
Num assomo de generosidade pouco vulgar em mim, declarei alto e bom som de forma a ser ouvida por todos os que estavam sentados à grande mesa da sala da casa que será sempre a da avó Rosa:
- Este ano o Natal é em minha casa!
- O quê? Onde é que queres meter 23 pessoas num T2?
- No Natal já estarei na outra casa!
E será que estarei? Sempre que lá vou para ver o andamento da "requalificação" da cozinha surgiu um novo problema ou na canalização, ou no quadro da electricidade ou nas caixas do esgoto...
Mas não me estou a queixar. Adoro obras e das conversas que tenho de estabelecer com todos os trabalhadores que estão a fazer da minha casa um estaleiro!

quinta-feira, setembro 18, 2008

Chorus Auris

Este é o nome do coro onde participo como contralto.
Depois das férias de Verão iniciámos os ensaios no dia 1 de Setembro e encontrámos a agenda já cheia para este mês.
Amanhã iremos actuar no Encontro de Coros da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais em Tomar, no dia 23 "abrilhantaremos" a cerimónia religiosa das Bodas de Prata de um ilustre empresário da nossa praça e no dia 27 participaremos numa homenagem a Amália Rodrigues no Panteão Nacional.
Para este efeito andamos a ensaiar o fado "Foi Deus...", peça bem difícil para ser cantada, em alguns dos seus versos a seis vozes. Se cantar um fado em coro já não é nada fácil, imaginem a seis vozes...
Esperemos que não seja um "triste fado"!
E aproveito para vos desejar um bom fim-de-semana!

terça-feira, setembro 16, 2008

Outono

Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há tanta fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.

Miguel Torga, in Diário X


Nota: Finalmente consegui introduzir uma imagem, mas é da net, não é minha.

quinta-feira, setembro 11, 2008

A pasta...

Era de cabedal maleável, em tom castanho avermelhado, tinha um fecho a meio e uma presilha de cada lado que prendia numa fivela. Foi o meu pai que a trouxe de Espanha e ma ofereceu quando entrei para a Primária.
Nos primeiros dias andava muito leve, mas com o tempo foi-se enchendo com o Livro de Leitura, o de História, o Caderno de Exercícios de Aritmética, a tabuada, os diversos cadernos para cópias, redacções, ditados, contas, desenhos, a pedra (ardósia) e a respectiva pena, a caixa de madeira com um boneco pintado na tampa e que tinha os lugares bem definidos para a caneta, o lápis, a borracha, a afiadeira e ainda havia espaço para a pequena caixa com seis lápis de cor, da Viarco.
Periodicamente passava-lhe com um produto para manter o cabedal saudável e esfregava-a com um pano de lã até ficar brilhante, como nova.
Esta pasta acompanhou-me até ao final da 4ª classe e admissão ao liceu, exames feitos no mesmo ano e só não a levei para o colégio onde fiquei até completar o 5º ano (agora 9º) porque em regime de internato não tinha necessidade dela.
Neste "regresso às aulas" a minha caixa de correio tem sido inundada com folhetos de campanha publicitária do "Regresso às Aulas". Procuro na secção de mochilas um modelo semelhante à minha pasta de cabedal maleável, em tom castanho avemelhado, mas não encontro...

domingo, setembro 07, 2008

Na manhã azul...

Na manhã azul o som ouviu-se inconfundível.
Apurei o ouvido, não tinha dúvidas.
Fui à varanda, o som ouvia-se mais nítido e depois o homem surgiu com a bicicleta à mão, com aquele ar de senhor do mundo, assobiando no seu realejo.
Era um amolador de facas e tesouras , daqueles que também concertam chapéus e alguidares...
E logo a minha memória evocou a minha mãe e avó paterna a procurarem as facas que já não cortavam bem, assim como as tesouras.
E assistia com espanto à obra de arte que era gatear um prato de estimação ou um alguidar enorme onde a carne para as chouriças ficava em vinha de alho até ficar no ponto...
Agora tudo tem um curto prazo de validade, a minha avó e a minha mãe já não procuram nada e eu nem sei fazer chouriças...
E logo ontem, que deitei para o lixo uns pratos rachados...
E pensei que este amolador na manhã azul era um poema!
Ouvem-no?

sexta-feira, setembro 05, 2008

Chuva

Chuva

Chove uma grossa chuva inesperada,
Que a tarde não pediu mas agradece.
Chove na rua, já de si molhada
Duma vida que é chuva e não parece.

Chove, grossa e constante,
Uma paz que há-de ser
Uma gota invisível e distante
Na janela, a escorrer...

Miguel Torga

segunda-feira, setembro 01, 2008

Escuta...

Como o verde cansado de ser esperança
Como rima cansada de rimar

A minha voz
Cansada de ser canto
Quer ser apenas voz

E quer falar.

Eugénia Cunhal, in As Mãos e o Gesto



Nota: Lamento, mas estou impossibilitada de introduzir imagens.

sexta-feira, agosto 29, 2008

Segundo aniversário

Este blogue nasceu no dia 29 de Agosto de 2006!
Até agora não consegui dar-lhe um rumo, uma coerência, é qualquer coisa de generalista a tender para o caótico, mas cá vai sobrevivendo umas vezes com mais alento, outras com menos.
A todos os que o visitam os meus agradecimentos e agradecimentos especiais àqueles que têm a gentileza de deixar comentários.
Para o meu filho um abraço do tamanho do mundo por me ter ensinado a navegar na blogosfera!
Não sei se conseguirei continuar a navegar por muito mais tempo, todos os os dias nascem e morrem blogues...
On verra!

segunda-feira, agosto 25, 2008

Vaca em fundo laranja...

Para um começo de semana com um pouco de humor.

Esta também não foi ao Chão da Lagoa nem ao Pontal, por isso está na melhor forma para começar a dar ao badalo escondido debaixo do gracioso laçarote!

sexta-feira, agosto 22, 2008

O verso e o reverso da medalha...

Sabemos que o verso e o reverso das medalhas olímpicas de Vanessa Fernandes e de Nelson Évora são iguais, quer dizer que nas duas faces só está presente o lado solar.
Mas o termo "o reverso da medalha" aplica-se normalmente ao lado lunar dos acontecimentos ou, generalizando, da vida.
É neste lado lunar que se inscreve a notícia desta manhã que nos dá conta que, durante o ano de 2008, já morreram mais mulheres em consequência de violência doméstica do que durante todo o ano de 2007.
Não vou adiantar causas sociais ou outras, vou apenas pedir-vos que imaginem 31 mulheres assassinadas por homens que lhes foram queridos, muitas vezes pais dos seus filhos, retratadas todas na mesma foto, deitadas em fila.
-Que horror! 31 mulheres mortas!
Mas à média de uma por semana já não incomoda tanto, pois não?

quinta-feira, agosto 21, 2008

Neste Verão...

Neste Verão do nosso descontentamento em que tudo nos corre mal como povo, soube bem a medalha da Vanessa e soube ainda melhor a de Nelson Évora.
Agora é tempo de pararmos de descarregar sobre os nossos atletas olímpicos todas as nossas frustações, afinal para chegarem a Pequim tiveram que suar muito.
A Vanessazinha bem podia ter deixado de comentar as prestações e os comportamentos daqueles que, por variadíssimas razões, não conseguiram atingir os objectivos definidos por eles e pelos seus treinadores.
Aos comentaristas ou comentadores é que cabe comentar, aos atletas fica bem a solidariedade perante a desventura e a decepção dos que falharam.
E quanto mais alto se sobe mais essa solidariedade deve ser manifestada!

terça-feira, agosto 19, 2008

Finalmente a conclusão

Nestas deambulações e sempre que tenho oportunidade, gosto de entrar em diálogo com os moradores de locais tão recônditos, gosto de saber como vivem e como vivem.
Não é simples curiosidade, é mesmo uma apetência natural que tenho para entrar facilmente em diálogo com desconhecidos. Freud talvez explique este traço do meu carácter e já agora peço desculpa por esta inconfidência...
A primeira aldeia que encontrámos era apenas um conjunto de meia dúzia de casas, estando a maioria em ruínas.
Saí do carro e aí vou eu à descoberta dos moradores.



Este foi o que me veio receber com grandes miados de alegria como se estivesse à minha espera.

Depois apareceu um cão que, depois de ter dado largas à sua boa disposição com abanadelas da cauda, se deitou à espera dos acontecimentos.
Não era com ele que os donos estavam guardados de intrusos.
Continuei a caminhar, mas já a dar sinal da minha presença, exclamando:
-Está alguém em casa?
Surge-me um senhor a quem peço desculpa pela intromissão nos seus domínios logo seguido da mulher e a amena cavaqueira começou.
Eram os únicos moradores a tempo inteiro, tinham recebido por herança aquela casa e alguns palheiros anexos e as casas em ruínas ou em início de reconstrução eram de irmãos, tinham uma filha a viver em Aveiro e um filho em Góis.
Mostraram-me o enorme quintal onde o milho não tinha vingado por causa de uma praga...

...e as abóboras que estavam muito boas, mas que ainda iam crescer mais.

Levaram-me a um palheiro para me apresentarem a galinha "parida".
Perante o meu espanto com o termo, o senhor explicou:
- Chamamos-lhe assim porque lhe nasceram ontem os pintainhos, dez pintainhos!
E olhavam os dois enlevados para a galinha "parida"...e eu olhava-os enlevada a todos, incluindo o gato e o cão que se tinham aproximado e que "não fariam mal à galinha, nem ela deixaria que eles se aproximassem da ninhada"...
Ainda acrescentaram que tinham um grande rebanho de cabras que andava por ali, na encosta a pastar.
Perguntei por que razão o alcatrão da estrada tinha ficado a umas boas centenas de metros dali e ele disse-me que a construtora tinha aberto falência e como a Câmara tinha pago adiantado a obra tinha ficado parada.
Com um sorriso disse-lhe que tirasse isso bem a limpo porque as Câmaras nunca pagam adiantado...
Despedi-me, desejando-lhes muita saúde e sorte e eles retribuiram-me com ar bem prazenteiro.
Quando cheguei ao carro, que tinha ficado ainda a uma distância razoável, o meu "compagnon de route", que não gosta nada que eu me meta nos quintais das pessoas e não me acompanha nestas aventuras, disse-me a rir:
- Um dia és recebida a tiros de caçadeira!

sábado, agosto 16, 2008

Escapadela III - quase, quase a chegar ao fim...

Depois foi a subida até às aldeias do xisto que se encontram nas placas, ainda no concelho de Góis.

Numa paisagem de cortar a respiração...
...encontrámos janelinhas com cortinas de rendas...

e ruelas bem estreitas, bem cuidadas, com casas recuperadas.


Já no concelho de Arganil e na freguesia de Benfeita, onde foi filmado ( se não estou em erro) "Aquele querido mês de Agosto", atingimos, bem no alto da Serra do Açor, a Fraga da Pena, localizada na Mata da Maragaça.
A Fraga da Pena é uma enorme cascata que cai de cerca de 70 metros de altura e a sua envolvente é qualquer coisa de espectacular, pela diversidade de vegetação, pelos diferentes tons de verde e de castanhos, pelo som das aves e pelo murmurar das águas.
A tarde já ia adiantada, as pilhas da máquina avariaram e não me foi possível captar a espantosa beleza deste bosque encantado.
Tenho que lá voltar porque apenas consegui atingir o nível médio da subida a pique, por escadarias feitas em xisto, com curvas e contra-curvas bem apertadas. As pernas começaram a ressentir-se e antes que não fosse capaz de descer, regressei à base.
Para a próxima há que começar por aqui, quando ainda estamos frescos para semelhante aventura.

sexta-feira, agosto 15, 2008

Escapadela II - sem enigma

Seguiu-se a Lousã com as suas aldeias serranas simbolizadas neste friso de uma casa, na rua "principal.
Aqui não vos mostro a torre do castelo para não pensarem que tenho alguma obsessão monárquica, mas que gosto de castelos, gosto...

Chegados a Góis, aninhada entre a serra da Lousã e a do Açor, estacionámos num largo onde se encontra uma bela fonte, mas como não posso mostrar tudo, há que avançar; atravessámos esta ponte mandada construir por D. João III, se não estou em erro, de onde pudemos disfrutar o espectáculo...

...das calmas águas do rio Alva...

...a serem aproveitadas para a construção desta aprazível praia fluvial.
E agora é melhor ir almoçar!

quarta-feira, agosto 13, 2008

Escapadela com enigma - I

Gosto de escapadelas cá dentro, um dia ontem, outro para a semana, dois daqui a um mês...
Não sigo percursos rígidos, com locais exactos para dormir, vou atrás do que se vai oferecendo ao meu olhar, viro para a esquerda ou para a direita, sigo em frente, depende...
Já tive alguns precalços, locais inimagináveis para pernoitar, mas tudo tem feito parte deste deambular em absoluta consonância com o meu "compagnon de route".
Desta vez apanhámos a A1, direcção N. e saímos em Condeixa.


Começámos por aqui...

Como sempre fotografei o castelo!
E agora pergunto eu:
Por onde é que comecei e para onde segui?

terça-feira, agosto 12, 2008

Homenagem a Miguel Torga

Nasceu a 12 de Agosto de 1907 em S. Martinho de Anta, Vila Real, e foi registado com o nome de Adolfo Correia da Rocha. Em 1934 assumiu o pseudónimo de Miguel Torga e foi um dos grandes vultos da nossa Literatura do séc. XX.


Confiança

O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova...

Miguel Torga

sexta-feira, agosto 08, 2008

Pensar e falar...

Ontem, no Café Central, para os oureenses que me visitam se situarem, comprei o Borda D´Água de 2009.
Era um jovem com algum grau de deficiência que o andava a vender, juntamente com pensos rápidos.
Como não prescindo nem duma coisa, nem da outra, lá fiz as minhas aquisições, apesar de ainda faltarem mais de quatro meses para entrarmos no novo ano.
Abri o Almanaque em Janeiro e logo, em baixo à direita, encontrei uma frase com um pensamento de Aristóteles que rezava o seguinte:

Pensa como pensam os sábios, mas fala como falam as pessoas simples.

Pensei imediatamente na verborreia verbal que por aí anda...
Agora não sei se pensei como um sábio...

quarta-feira, agosto 06, 2008

Este é o mar do oeste...

Espreite este mar...

Apetece atracar aqui num barquinho...

Perigosamente belo...

Quem é capaz de me dizer o local exacto onde foram tiradas estas fotografias?
Já disse que era no oeste...

segunda-feira, agosto 04, 2008

A casa quieta...

Dentro da casa quieta, vazia habita o silêncio...
Dentro do silêncio habita o tempo que passa...

quinta-feira, julho 31, 2008

Valerá a pena?

Valerá a pena interromper as férias só para ir ao Campo Pequeno?
O que é que eu hei-de fazer mais para não andar a gastar combustível por uma questão de "lana caprina" à conta do orçamento?
Já sei! Vou falar dos Açores que é o que neste momento mais preocupa os portugueses!
Falo dos Açores, logo existo!

quarta-feira, julho 30, 2008

Sono

Porque tenho cada vez mais dificuldade em dormir este poema deixou-me a pensar:

Sono

Dormir
mas o sono
repassa
duma insistente dor
a lembrança
da vida

água outra vez bebida
na pobreza da noite:
e assim perdido
o sono
o olvido
bates, coração, repetes
sem querer
o dia.


Carlos de Oliveira, in Trabalho Poético

domingo, julho 27, 2008

Cenas felinas...para descontrair

Adoro passar pelas brasas na cama daquele rapaz que aparece por aqui de vez em quando e que me fecha a porta quando se deita.
Ficar entre o seu ursinho de estimação que a mãe teima em não meter numa mala de objectos a esquecer e a bóina do Che que aquele outro rapaz trouxe de Cuba, aquele que deixei de ver há muito, dá-me um prazer enorme.
Além disso é um quarto multiusos, assim não perco de vista a minha dona quando ela está no computador...

Esta erva tem um ligeiro sabor a manjerico!
Que estranho...

quinta-feira, julho 24, 2008

Há sempre uma primeira vez

Estava eu, ontem à tarde, deitada num dos sofás da sala a descansar as pernas, quando decidi fazer mentalmente o inventário do recheio do frigorífico. A tarefa não era difícil uma vez que está quase vazio.
No visualizar das prateleiras lembrei-me que numa delas se encontrava uma caixa com ameixas, dadas pela minha irmã. Se ainda lá estavam é porque a sua colocação na mesa não tinha dado grandes resultados.
E travei então um sério diálogo com os meus botões ou mais fechos.
- Por que razão não te levantas e vais dar um caminho às ameixas, tu que detestas que se estrague alguma coisa?!
- Pois é, mas nunca fiz sozinha nada na área do possível aproveitamento da fruta em questão...
- Mas tu tens tantos livros de culinária, bem bonitos por sinal, cheios de cor, com páginas cheias de imagens que quase deitam cheiro e apetece lamber!
- Tenho receio de não sair coisa de jeito e ainda por cima ir gastar gás, açúcar e perder tempo...
- Tu és mesmo uma enormíssima preguiçosa! Não queres é sair do sofá.
Perante esta acusação completamente infundada, levantei-me e mesmo descalça fui até à cozinha.



Tirei as ameixas do frigorífico, procurei o livro adequado, abri nas receitas de doces de Verão e mãos à obra.
Depois de descascadas e limpas do caroço as ameixas só deram 750 gr. e como a receita se aplicava a 1 kg tive que fazer as minhas adaptações.

Foi este o resultado final!
A compota está ligeiramente acre, mas deve ser da qualidade das ameixas ...

terça-feira, julho 22, 2008

À minha sogra

Nem sempre morre quem precisa de partir, morre simplesmente aquele que a Morte encontra no seu deambular de Ceifeira cega.
E a Morte tardou demais a encontrar a Avó dos meus filhos...

sábado, julho 19, 2008

Renata e Pedro

Foi um lindo casamento o da minha sobrinha Renata com o Pedro!

Que vivam felizes para sempre, como nos contos de fadas...

quarta-feira, julho 16, 2008

Portão indiscreto...

Gosto de portões indiscretos e de janelas também...

domingo, julho 13, 2008

Campos de Lapiaz

Sabe o que são campos de lapiaz?

quinta-feira, julho 10, 2008

Se...

Se não fosse esta bela esplanada sobre a praia onde uma imperial bem fresquinha sabe a néctar dos anjos...

Se não fossem os passeios matinais à beira-mar, apanhando pedrinhas amendoadas, mergulhando nas águas calmas e de temperatura amena, antes da chegada dos "bárbaros"...

Se não fosse a sombra desta oliveira já carregada de azeitona à beira da piscina do apartohotel...

Se não fosse a presença serena, de coexistência pacífica, desta gaivota com um grau de deficiência numa pata que a impedia de altos voos picados sobre o mar, junto ao bar de apoio à piscina, onde se habituou a ser alimentada...

Se não fosse o colorido e a beleza das flores por todo o lado...
E a companhia de quem está sempre ao meu lado...

Uma semana no Algarve, mesmo no início do Verão, poderia ter sido um buraco.