domingo, setembro 07, 2008

Na manhã azul...

Na manhã azul o som ouviu-se inconfundível.
Apurei o ouvido, não tinha dúvidas.
Fui à varanda, o som ouvia-se mais nítido e depois o homem surgiu com a bicicleta à mão, com aquele ar de senhor do mundo, assobiando no seu realejo.
Era um amolador de facas e tesouras , daqueles que também concertam chapéus e alguidares...
E logo a minha memória evocou a minha mãe e avó paterna a procurarem as facas que já não cortavam bem, assim como as tesouras.
E assistia com espanto à obra de arte que era gatear um prato de estimação ou um alguidar enorme onde a carne para as chouriças ficava em vinha de alho até ficar no ponto...
Agora tudo tem um curto prazo de validade, a minha avó e a minha mãe já não procuram nada e eu nem sei fazer chouriças...
E logo ontem, que deitei para o lixo uns pratos rachados...
E pensei que este amolador na manhã azul era um poema!
Ouvem-no?

31 comentários:

  1. Ouço, ou melhor não ouço, mas bem precisava de ser concertado!

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  2. A partir do teu comentário verifiquei que cometi um erro imperdoável!
    Devia ter escrito CONSERTAM.
    São as chamadas palavras homófonas...
    Não sei como é que me escapou! :-((
    Também estou a precisar de conserto!

    Abraço

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  3. Ouço , ouço muito bem o amolador através da sua flauta aflautada. Quando surgia o seu chamamento logo a minha mão me mandava com as facas e os sombreiros para consertar . Gostava muito de conversar com ele e admirava a sua máquina .
    Que saudades eu tenho do largo onde morava ...

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  4. Achei-vos graça, porque o amolador é visita bastante assídua nos meus lados. E já pude verificar que faz boa obra.

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  5. Novo site da Rede PNET - Pnetliteratua

    Http://www.PNETliteratura.pt

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  7. o que escreveste, sim, é prosa poética, Rosa.

    De vez enquanto passa um à minha rua, a adivinhar chuva (e acertam quase sempre, devem ver o boletim meteorológico na net...).

    lembro-me de ver pratos "gateados", talvez na casa da avó...

    bjs

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  8. Recordar é viver,frase mais do que estafada,mas esta recriação/recordação,fez~me chorar sério (eu que dizia já não ter lágrimas molhadas),mas fez-me bem.
    Abraço Kincas

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  9. Pois é, tive dúvidas, estive para ir ao velho Porto Editora, mas perante a mestra...e madrinha!

    Os mestres também se enganam!

    Eu já nem com conserto lá vou...!

    Bjs

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  10. Também há tempo ouvi um amolador no meu bairro e achei que era uma raridade. Se calhar ainda os há muitos por Lisboa . Talvez valesse a pena começar a juntar as facas, os alguidares, panelas e chapéus de chuva. Um dia, voltaremos a não deitar tudo fora ...
    Abraço

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  11. Pois é, Escutador, as madrinhas podem enganar-se mas aos mestres não se pode perdoar certos erros e este foi de palmatória!

    Abraço

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  12. Afinal estou a ver que há por aí mais amoladores do que eu pensava, segundo o M.C. e a Goiaba.. :-))
    São então poemas ambulantes!

    Abraço

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  13. Caro Luís
    Por aqui são os vendedores de sementes de nabo que adivinham chuva, mas penso que a chuva também está associada aos "conserta chapéus", por isso mesmo... :-))

    Abraço

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  14. Chorar porquê, querida Kincas?
    Precisas de mandar consertar os óculos! :-))

    Abraço

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  15. Sim, Rosa, ouço-o perfeitamente através das tuas belas palavras.E das minhas memórias, que tu avivaste...

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  16. A minha mãe dizia que o amolador anunciava chuva.Hoje também encontrei um de manhã.Será que vai chover?

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  17. Talvez, Teresa!
    Já hoje o ouvi de novo, na manhã azul1 :-))

    Abraço para o lado de lá da cidade

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  18. A última vez que o ouvi, eram dois ciganos que assumiram o papel do tradicional amolador. O problema não foi em serem ciganos, foi em serem ladrões no preço do serviço.
    Resultado: discussão pegada no meio da rua e não paguei o que me pediram.

    O apito do amolador é sinal que vem ai a chuva.

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  19. Estou de volta com um pedido de desculpa por não ter avisado que ia tanto tempo de férias. É visita rápida. Voltarei de novo para estar com tempo.

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  20. Foi hoje a minha rentrée!

    Beijinhos.

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  21. Mas a mensagem você conseguiu passar. Continue assim. erros acontecem. está ótimo. abraços

    victors.gomez -
    projetos sociais artes

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  22. Talvez gostem de visitar este site :-)

    http://www.PNETliteratura.pt

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  23. Olá minha nova amiga.
    passei para conhecer seu blog.
    Voltarei mais vezes.
    Beijos da nova amiga.
    ReginaCoeli.

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  24. sem duvida que e a poesia dos tempos, na nazare aparecem muitas vezes.

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  25. O Amola Tesouras, com a sua bicicleta preta, armada com uma mó e um estojo de ferramentas na bagageira traseira, faz parte do imaginário que povoa a minha distante infância. Ao som caracteristíco da sua flauta, as dona-de casa juntavam-se aos magotes, enfeitadas com aqueles aventais que ainda por aí se vêem, e entregavam-lhe toda a sorte de facas e tesouras para que o mesteiral lhes devolvesse a agudeza de antanho.

    Eu, por essas alturas, colava o nariz à janela e observava as faíscas que se soltavam da roda de pedra, à medida que o sujeito lhe conferia a rotação necessária para as afiar.

    É uma figura, igual a outras tantas, que faz parte do imaginário da infância de muita gente da minha geração, bem como as carroças de mudanças e fretes, a prática de matar galinhas e esfolar coelhos nas praças públicas e os burros defecando livremente no chão enquanto aguardavam que os donos os descarregassem nas feiras e mercados.

    Enfim, tempos em que a ASAE não tinha sequer sido sonhada e que não voltam mais...

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  26. Rosa,

    Ouço-o tão bem!

    Aqui na minha pequena aldeia (uma freguesia do concelho de oeiras) ainda os antigos se sentam ao sol, os vasos de flores brigam por espaço nas ruas e o amolador passa, hesitante e melancólico...

    Lembro-me de noutros tempos de Lisboa, o mesmo acontecer e a minha avó, ao ouvi-lo, dizer que ele estava a chamar a chuva...seria por consertar as varetas partidas dos chapéus? :)


    Era um homem triste e pardacento, cansado pelas pedras das ruas percorridas...

    O som, esse, parecia nascer-lhe dos olhos...


    Beijinhos

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  27. ouço!
    é uma das recordações que me ficou de miúda, em lisboa.

    beijo

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  28. Com testemunhos tão preciosos, sobretudo da Rosa e da Vanda, até fiquei com vergonha do que escrevi...
    Mas agradeço a todos as vossas contribuições e comentários!

    Abraço

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  29. Pessoalmente não conheci nenhum. Mas ouvi falar muito. Em pequenita ia muito com o tio Gervásio passear para a mata de Benfica onde ele se encontrava com o Rodrigo (que foi alferes no ultramar da companhia do papai)e gostava muito de ouvir contar as histórias do papai e outras histórias, memórias de coisas verdadeiras. Ele contava o que se lembrava quando era pequenino, talvez da idade que eu tinha então: era o amola-tesouras, a mulher da fava-rica, a língua da sogra, os azeiteiros saloios, o geladinho fresquinho, os aguadeiros, os leiteiros das vacarias das quintas de Benfica e outras lembranças. E eu ouvia aquilo tudo com a atenção emocionada que os putos de agora dão aos filmes de magia.

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  30. Querida Patanisca
    Os miúdos de agora, salvo raras excepções, têm magia tecnológica.
    Embora muito jovem ainda foste beneficiada por essa magia repassada nas histórias dos avós, tios, pais e até irmãos mais velhos...

    Um abraço

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  31. Sim. Perto da minha casa, costuma passar um, ao fim-de-semana :)

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