Rosa dos Ventos
quarta-feira, julho 02, 2025
Um pouco de humor
terça-feira, julho 01, 2025
Verão
" O sol é grande, caem co´a calma as aves"
Com o calor que está, lembrei-me deste primeiro verso de um soneto de Sá de Miranda, porque vejo os pardalitos a esvoaçarem, num enorme desassossego, cheios de sede.
Vêm bebericar nos pratos dos vasos que conservam alguma água, depois da rega, por isso decidi encher um pote de água e colocá-lo bem à vista, para beberem à vontade.
Os restantes versos nada têm a ver com o calor, mas com as alterações na natureza e no próprio sujeito poético.
segunda-feira, junho 30, 2025
A minha rua
Estive quase um ano sem viver na minha casa e encontrei algumas mudanças na rua.
Na vivenda, em frente, que é uma espécie de AL, a que eu chamo "albergue espanhol", desculpai uma pontinha de preconceito, mas realmente aparecem lá muitas e "desvairadas gentes", como diria Fernão Lopes, vive agora uma casal com um cão que ladra de noite e de dia. Provavelmente sente-se pouco confortável num quarto, apenas com uma varanda que ele não consegue saltar, se fosse gato sei bem onde ele iria pedir asilo.
Com este ladrar contínuo até o Kiss, o cão residente na vivenda logo a seguir, que ladrava alto e bom som a toda a gente que passava, apenas durante o dia, fechou-se em copas e mal se ouve.
Deve pensar que, para incomodar, basta um!
domingo, junho 29, 2025
Poesia ao domingo
Noite de Verão
Quando é no Verão das noites claras
e faz calor dentro da gente,
... aquela menina casadoira, que mora junto ao largo,
vem à varanda ver a Lua.
Roçando o corpo, devagar,
descem por ela as mãos da noite:
sente-se nua.
Sente-se nua, na varanda,
já tão senhora do seu destino,
sem medo às estrelas nem às mãos da noite
- mas baixa os olhos se algum homem passa...
Manuel da Fonseca, in Obra Poética
sábado, junho 28, 2025
sexta-feira, junho 27, 2025
quinta-feira, junho 26, 2025
Leituras
Às vezes tenho vontade de ler em francês e ao encontrar este livro no caos que é a minha biblioteca pus mãos à obra.
Tentei saber se tinha tradução para português, mas fiquei sem resposta.
Dois turistas franceses, uma mulher e um homem encontram-se num hotel em Lisboa.
Da curiosidade do homem, em relação à imobilidade da mulher no jardim do hotel, acaba por surgir uma aproximação que os leva a contar a razão da sua estadia ali.
Ela procura, em vão, esquecer o marido tragicamente desaparecido num terramoto em S. Francisco e ele procura esquecer o amante português que o abandonou, deixando apenas uma carta de despedida.
Ainda não cheguei ao fim, mas dá para perceber que ele continua na procura do outro, nos seus passeios noturnos onde encontra sempre alguém para umas fugazes horas de prazer, enquanto ela continua quase inerte sem conseguir desligar-se da vontade de morrer.
Acabam por deambular juntos pelas ruelas da cidade, pintada como melancólica, e assim vão amortecendo a sua dor.
É uma narrativa simples, apesar de abordar a terrível dor da ausência do ser amado.
Será que voltarão a interessar-se pelo mundo dos vivos?
On verra!
segunda-feira, junho 23, 2025
S. João Batista
O meu bairro está em festa desde sábado e hoje o arraial terminará com um belo fogo de artifício que não me agrada muito pelo barulho, mas os foguetes luminosos arrancam um AH de admiração a todos, embasbacados que ficamos com a beleza das cores e a chuva de estrelas.
São mesmo as melhores festas desta santa terra cheia de santos, anjos e arcanjos.
Há almoços, jantares, bebidas para todos os gostos e hoje haverá sardinhas, quermesse, pipocas algodão doce e música, até às tantas, que leva a grandes rodopios na pista de dança.
Estou na cama e ouço a música!
Deixo-vos com três quadras que encontrei nos vasos de manjericos que comprei ontem.
Ó meu rico S. João
És um santo popular
Na tua festa não falta
Sardinha para assar.
Manjericos nas janelas
Alegria pois então!
Sardinha broa com elas
É festa de S. João.
A fogueira eu saltei
Na noite de S. João
E toda a noite marchei
Com meu arquinho e balão.
domingo, junho 22, 2025
Poesia ao domingo
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca.
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O´Neill
Para os amigos e amigas que me têm ajudado a sorrir, a saber mais e a derrotar a solidão.