terça-feira, agosto 19, 2008

Finalmente a conclusão

Nestas deambulações e sempre que tenho oportunidade, gosto de entrar em diálogo com os moradores de locais tão recônditos, gosto de saber como vivem e como vivem.
Não é simples curiosidade, é mesmo uma apetência natural que tenho para entrar facilmente em diálogo com desconhecidos. Freud talvez explique este traço do meu carácter e já agora peço desculpa por esta inconfidência...
A primeira aldeia que encontrámos era apenas um conjunto de meia dúzia de casas, estando a maioria em ruínas.
Saí do carro e aí vou eu à descoberta dos moradores.



Este foi o que me veio receber com grandes miados de alegria como se estivesse à minha espera.

Depois apareceu um cão que, depois de ter dado largas à sua boa disposição com abanadelas da cauda, se deitou à espera dos acontecimentos.
Não era com ele que os donos estavam guardados de intrusos.
Continuei a caminhar, mas já a dar sinal da minha presença, exclamando:
-Está alguém em casa?
Surge-me um senhor a quem peço desculpa pela intromissão nos seus domínios logo seguido da mulher e a amena cavaqueira começou.
Eram os únicos moradores a tempo inteiro, tinham recebido por herança aquela casa e alguns palheiros anexos e as casas em ruínas ou em início de reconstrução eram de irmãos, tinham uma filha a viver em Aveiro e um filho em Góis.
Mostraram-me o enorme quintal onde o milho não tinha vingado por causa de uma praga...

...e as abóboras que estavam muito boas, mas que ainda iam crescer mais.

Levaram-me a um palheiro para me apresentarem a galinha "parida".
Perante o meu espanto com o termo, o senhor explicou:
- Chamamos-lhe assim porque lhe nasceram ontem os pintainhos, dez pintainhos!
E olhavam os dois enlevados para a galinha "parida"...e eu olhava-os enlevada a todos, incluindo o gato e o cão que se tinham aproximado e que "não fariam mal à galinha, nem ela deixaria que eles se aproximassem da ninhada"...
Ainda acrescentaram que tinham um grande rebanho de cabras que andava por ali, na encosta a pastar.
Perguntei por que razão o alcatrão da estrada tinha ficado a umas boas centenas de metros dali e ele disse-me que a construtora tinha aberto falência e como a Câmara tinha pago adiantado a obra tinha ficado parada.
Com um sorriso disse-lhe que tirasse isso bem a limpo porque as Câmaras nunca pagam adiantado...
Despedi-me, desejando-lhes muita saúde e sorte e eles retribuiram-me com ar bem prazenteiro.
Quando cheguei ao carro, que tinha ficado ainda a uma distância razoável, o meu "compagnon de route", que não gosta nada que eu me meta nos quintais das pessoas e não me acompanha nestas aventuras, disse-me a rir:
- Um dia és recebida a tiros de caçadeira!

10 comentários:

  1. Nunca serás recebida a tiro de caçadeira, mas tem cuidado com os cães, diz-te quem gosta de se aventurar assim também, e já teve fugir de alguns cãezinhos que não gostaram muito da minha entrada sem bater...:))

    Quantos ao Dia Mundial,o que conta é clicar, adorei a foto dos pintainhos!:)

    Beijinhos*

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  2. E há coisa mais saborosa do que ser bem recebida pelos animais?
    Eu adoro!

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  3. Galinha parida nunca tinha ouvido chamar...
    Quando era miúda também a minha avó e a minha mãe tinham galinhas chocadeiras, em plena cidade de província... a avó na capoeira e a mãe quase quase dentro de casa....
    :)
    Obrigada pelas memórias

    Um abraço

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  4. Que belo encontros tu tiveste. E com a tua bela descrição levaste-me, de mansinho, até à minha infância e ao tempo emn que eu aprendi como nascem os pintaínhos...:))

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  5. COMO EU COMPREENDO O TEU "COMPAGNON DE ROUTE"!
    Mas também compreendo a faceta da tua personalidade que gosta de conhecer (e escutar) os outros...ISSO É BOM!

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  6. fui sempre atras de ti...e gostei do gato, do cão, dos pintainhos..... gostei

    jocas maradas e bons passeios

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  7. Caro Escutador
    Talvez não seja tão bom como isso...
    É que não tenho muita paciência para ouvir alguns conhecidos! :-))

    Abraço

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  8. E de abóbora não gostas, Su? :-))

    Abraço

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  9. Eu amei este post. Foi como ir lá contigo e assistir a tudo e ouvir e falar. Aliás, por que será que os homens portugueses acham tão estranho quando nós falamos com "estranhos"? Não somos todos da mesma espécie? Já viram um cão virar a cara indiferente a outro cão, desconhecido que seja? Eu, nunca. Delícias as tuas andanças, trazes-me um pouco de tudo que está tão longe neste momento e que faz tão bem.

    Bjs, Ida

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  10. Passeando por esses blogs fantáticos cheguei ao seu, que maravilha seu passeio sua aventura que divino...

    Muito bem apresentada sua aventura.Lindas fotos e muito bem comentadas.

    Parabéns é um prazer conhecê-la.

    Tenha uma semana de PAZ.

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