terça-feira, dezembro 29, 2020

Natal com crianças

O Natal com crianças tem que ter bolas coloridas, estrelas e luzes.



Este é o pessegueiro que eles enfeitam há alguns anos.



A estrela que encima a árvore do interior e que teima em tombar para a esquerda.



E as luzes que iluminam a noite escura!


 

quinta-feira, dezembro 24, 2020

O meu pai

 O meu pai não gostava nada de rituais, de festas porque sim e, muitas vezes, escapava-se a elas. Nunca cheguei a perceber porquê e agora, passado tanto tempo, não vale a pena pensar nisso.

Quando se aproximava o Natal e as mulheres lá de casa começavam a falar de presentes e a perguntarem entre si do que precisavam bem como as crianças, ele saía-se com um:

- Deixem-se disso, cada uma compre o que precisa porque esse toma lá dá cá não leva a lado nenhum. Assim ninguém corre o risco de ter uma desilusão!

Ainda agora, quando chega esta quadra, tanto eu como a minha irmã nos rimos com esta memória que vem acompanhada de outra bem triste.

Ele partiu  num 20 de Dezembro mas ainda teve a oportunidade de resmungar com a cena dos presentes.

Passados 22 anos partiu o meu filho a 19.

Só aguento o Natal com um sorriso porque os netos e o filho estão comigo!

terça-feira, dezembro 22, 2020

Flores de Inverno


Desconheço o nome deste arbusto mas mesmo de Verão, sem flores, continua verdejante. 



As prímulas plantei-as ontem.



 As orquídeas proliferam no seu esplendor!

sábado, dezembro 19, 2020

Ao meu filho

 Ausência


Num deserto sem água

Numa noite sem lua

Num País sem nome

Ou numa terra nua


Por maior que seja o desespero

Nenhuma ausência é mais funda

do que a tua.


Sophia de Mello

segunda-feira, dezembro 14, 2020

Vizinhos



 Ontem recebi uma chamada no telemóvel para me avisarem que havia um cesto de laranjas à saída da marquise.

Agradeci a gentileza e fui recolher a cesta.

A casa do lado está vazia, os donos já partiram mas o filho mais velho, que vive nesta santa terrinha, de vez em quando aparece e damos dois dedos de conversa.

Foi companheiro de brincadeiras dos meus filhos, assim como os dois irmãos mais novos.

A cesta de laranjas era dele.

E eu concluí que a laranjeira da casa vizinha é bem melhor do que a minha que tem apenas meia dúzia delas!

sábado, dezembro 12, 2020

Natal



Ontem descobri numa caixa uma coleção de postais cujo tema é o Natal.
Aqui fica uma das mensagens!

quinta-feira, dezembro 10, 2020

O tempo que passa

 Entre o pouco mais que nada e quase coisa nenhuma os dias passam devagar e as semanas depressa.


quinta-feira, dezembro 03, 2020

Livros


 Ler é percorrer caminhos, veredas, vielas, atalhos, é apropriarmo-nos de outras vidas, de outras realidades...

Este livro que tenho agora entre mãos tem-me levado à leitura de extratos do Antigo Testamento e tenho concluído que a metáfora é uma excelente figura de estilo.

Também já ouvi o quarteto de Mendelsohn!


Aqui fica uma pequena amostra:

"Então não é verdade que veio para aqui para se esconder da vida e em vez disso se apaixonou? Como um homem "que foge diante de um leão e encontra um urso" (Am 5,19). Já pensou, meu jovem amigo , em como os ingleses acertaram quando criaram na sua língua a maravilhosa expressão: "to fall in love"?


Am é a abreviatura do nome profeta Amós, agricultor e pastor, que viveu no séc.VIII A.C.

segunda-feira, novembro 30, 2020

Cravos



 Apesar do mau tempo os meus cravos vão-se aguentando e eu também!

sexta-feira, novembro 27, 2020

O meu limoeiro


 Se a vida te dá limões, faz limonada!

quarta-feira, novembro 25, 2020

Pas de nouvelles, bonnes nouvelles

 Esta máxima francesa é dita vezes sem conta, até por mim.

Só que as notícias nem sempre são notícias, muitas vezes querem apenas dizer "Estou aqui, penso em ti!"

Desde que fiquei sozinha que recebo diariamente um telefonema do meu filho. Entre as 7 da tarde e as 8 o telemóvel toca e de lá vem o habitual:

- Tudo bem por aí, mamã?

- Tudo bem, meu filho! E por aí?

- Tudo bem, já estamos os três em casa e está tudo em ordem.

O meu filho não é de muitas palavras mas estas chegam-me para ficar sossegada.

Claro que às vezes nos alongamos mas não vem ao caso agora.

segunda-feira, novembro 23, 2020

Eu e a NOS

 Por aqui está a desenrolar-se  uma espécie de telenovela cujo título é "Sem NET".

Já cá vieram técnicos a casa por 5 vezes, acabaram de sair agora e declararam que iriam reportar à equipa técnica do exterior porque já mudaram todos os cabos e mais nada poderiam fazer.

Vim rapidamente dar notícias, não fosse alguém estar preocupado com o meu silêncio e antes que a NET volte a cair.

Está assim justificada a minha ausência nos vossos blogues.

Desejo que todos estejam bem de saúde!

quarta-feira, novembro 18, 2020

Arrisquei


 Arrisquei e fui passar o fim de semana ligeiramente prolongado com os rapazes.

A pracinha das traseiras, que observei de Março a Junho, está  como nunca a vi, melancolicamente outonal mas bonita.

O apartamento estava com aquele ar um pouco négligé que costumam ter as casas de rapazes.

Não me preocupei com arrumações, levava refeições preparadas e foi à mesa que o espírito de família veio à tona.

Nada como uma mesa com a ementa preferida deles mais a alegria e o gosto pela conversa que temos os quatro para nos sentirmos felizes.

Dizem que os avós não devem aproximar-se dos netos mas eu, sem me agarrar a eles, mantive-me por perto.

Não há de ser nada!

sexta-feira, novembro 13, 2020

O Inato e o Adquirido

 Estou a ler em francês um ensaio da escritora canadiana Nancy Huston com o título Nord Perdu.

O tema gira à volta de toda a problemática relacionada com o bilinguismo falso ou verdadeiro.

Às tantas escreve:

"Que nous le voulions ou non, nous ressemblons corps et âme à nos parents, à nos grands-parents, au peuple dont nous sommes issus, à nos compatriotes...Ils nous déterminent: non en totalité mais en partie.

Être juif ou noir, homme ou femme, pute ou voleur, canadienne ou française, cela existe, dans la realité et pas seulement dans le regard des autres et cela entraîne des conséquences. La contrainte autant que la liberté, est partie intégrante de notre identité humaine.

En fin de compte nous ne sommes entièrement libres que dans nos désirs et non dans nos réalités. 


Penso que os amigos que passam por aqui dominam bem a língua francesa, embora este ensaio talvez interesse mais à Catarina e à Teresa como bilingues ou mesmo poliglotas.

segunda-feira, novembro 09, 2020

Ainda há quem escreva cartas

 Ontem tive como convidados para o almoço a minha irmã e o único tio que me resta do lado paterno e que vivem a 15 kms de mim.

De uma irmandade de nove, este é o mais novo nos seus 92 anos muito lúcidos, muito comunicativo mas bastante surdo e a perder sempre os aparelhos.

Casado e sem filhos teve o azar de ver a sua companheira de 65 anos em comum a ter que ir para uma residência sénior por falta de logística espacial numa casa que tem todo o conforto mas onde uma cadeira de rodas não se movimenta.

Perante a situação atual só a pode ver à distância e através de um vidro. Como ela não consegue articular bem as palavras e ele não a ouve bem disse-me ontem que começou a escrever-lhe cartas.

Achei de uma enorme ternura tanto mais que a tia, nos seus 89 anos, perdeu a coordenação dos movimentos das mãos e não lhe pode responder.

Neste contexto de pandemia e com os lares com imensos focos, a vida dos que lá se encontram está a ser ainda mais dolorosa.

Espero que estas missivas conjugais sejam um lenitivo para a solidão da minha tia.

sexta-feira, novembro 06, 2020

CTT


Nos 500 anos dos CTT uma homenagem aos carteiros.

Em menina e moça passava dias e horas a suspirar pela sua chegada quando estava de férias.

Agora só aparecem contas para pagar! 

segunda-feira, novembro 02, 2020

Distração ou velhice?


 Fechada em casa para minha proteção e dos outros uma das melhores maneiras de ocupar o tempo é a leitura.

Depois de ter perdido este livro de vista durante alguns meses, porque tenho a mania de ler vários ao mesmo tempo e as minhas estantes não primam pela arrumação, acabei de o encontrar na sexta-feira.

É o diário bem-humorado de um idoso holandês que vive numa residência sénior, um conceito um pouco diferente de lar sénior, onde a dependência e o fechamento ao exterior são mais marcantes.

Transcrevo um pequeno extrato no qual me revi no sábado por não encontrar a chave do carro e de ter de usar a suplente.

"Esta manhã não encontrava as minhas chaves em lado nenhum. O meu quarto que não é muito grande, virado de pernas para o ar. Felizmente estava sem pressa. Andei seguramente uma hora à procura, quase sem praguejar, e acabei por encontrar as chaves no frigorífico. Distração. Os velhos, tal como as crianças, perdem sempre tudo, mas já não têm a mãe que lhes diz onde procurar."

sexta-feira, outubro 30, 2020

O Susto


 O meu Clube de Leitura já recomeçou a sua atividade. Ontem foi esta a obra em análise.

Éramos seis numa sala enorme, todas de máscara e com um razoável distanciamento.

A discussão foi muito participada e animada, todas concluímos que a escrita de Agustina é brilhante mas de leitura lenta para uma boa assimilação do que narra.

Cada palavra, cada frase, cada período, cada parágrafo fazem-nos refletir.

A partir do prefácio da autoria de António M. Feijó e da própria narrativa fiquei a conhecer as quezílias literárias existentes entre Teixeira de Pascoaes e Fernando Pessoa, motivadas por conceitos opostos de arte poética.

A temática gira à volta da figura ficcionada  de Teixeira de Pascoaes, que Agustina admira imenso, e das suas relações com a família, os amigos e os seus servidores.

Deixo apenas uma frase de uma das criadas da casa, Eusébia, que se movimenta neste universo familiar e nortenho tão ao gosto da escritora.

" O mal dos pobres não é serem pobres, é continuarem a sê-lo..."

quarta-feira, outubro 28, 2020

Campânulas amarelas


A terra onde vivo só tem grandes parques de estacionamento que agora estão vazios, jardins só os privados e tem uma larga avenida ladeada de plátanos, talvez a sua única beleza natural.

Assim fico-me pelo meu quintalório, já que as minhas limitações interiores e exteriores não me levam mais longe.

Apresento-vos o meu limoeiro que rebentou  em campânulas amarelas.

Informaram-me no FB, uma rede social de comentários imediatos, que é uma planta venenosa, por isso não lhe vou tocar!

domingo, outubro 25, 2020

Tempo


 Com os tempos que vivemos e com o tempo que está o melhor é dar tempo ao tempo!

sexta-feira, outubro 23, 2020

Nuvens


 

Algodão doce em céu azul!

terça-feira, outubro 20, 2020

Outubro

 Outubro meio chuvoso faz o lavrador venturoso.


Provérbio retirado do Borda D´Água. 


Mas também não era precisa tanta chuva de repente!

sexta-feira, outubro 16, 2020

Cheiros

 Ao final da tarde, neste Verão de S. Martinho antecipado, há que regar os canteiros e os vasos aos quais chamo, muito pomposamente, jardim.

Logo que a água da mangueira cai sobre as flores, árvores , arbustos e outro tipo de plantas, elevam-se no ar cheiros cruzados.

O único que distingo perfeitamente é o cheiro da hortelã que prolifera por ali e a minha memória desenha-me logo um quadro familiar de infância. Nós quatro, sentados à mesa, a comer sopa de cozido ou canja de galinha caseira com ovinhos bem amarelinhos que a minha mãe tinha que dividir irmãmente por nós duas.

domingo, outubro 11, 2020

Olhares

O meu tempo é feito de olhares e de vagares!


De perto...



Mais perto...
Estes morangos sabem a cravo!



De dentro para fora...


De fora para longe... 

quarta-feira, outubro 07, 2020

A Oeste Tudo de Novo







Sempre que se ouve a palavra oeste caímos na tentação de dizer "A Oeste Nada de Novo", decorrente do célebre livro de Erich Maria Remarque e que deu origem ao não menos célebre filme com o mesmo nome.

Só que ao nosso Oeste, sempre tão imprevisível, não se pode aplicar esta frase tão vulgarizada.

Com previsão de chuva e de tempo desagradável, partimos os quatro para o Oeste durante três dias e foi um encantamento para todos .

Sol, atividades variadas para as crianças, sossego para a leitura, belas paisagens, muitas gargalhadas, muita segurança e higienização dos espaços, muita simpatia e eficiência dos funcionários do hotel.

A repetir porque a Oeste tudo é novo e diferente!

sexta-feira, outubro 02, 2020

A força de Alex


Hoje, uma das ramadas da nespereira resiliente foi abatida pelo Alex que entrou de rompante no meu quintalório, deixando-a reduzida a um ramo mais pequeno.

Será que ele vai resistir a esta ventania?
 

quarta-feira, setembro 30, 2020

Borda D´Água


 Desde sempre que me lembro deste almanaque que fazia parte das leituras do meu avô paterno.

Assim decidi começar a comprá-lo há muitos anos.

Ontem foi dia de o trazer para casa na esperança de 2020 chegar depressa ao fim!


segunda-feira, setembro 28, 2020

Um filho é imortal

 Porque hoje seria o seu aniversário


Nasceu-te um filho. Não conhecerás,

jamais, a extrema solidão da vida.

Se a não chegaste a conhecer, se a vida

ta não mostrou - já não conhecerás


a dor terrível de a saber escondida

até no puro amor. E esquecerás,

se alguma vez adivinhaste a paz

traiçoeira de estar só, a pressentida,


leve e distante imagem que ilumina

uma paisagem mais distante ainda.

Já nenhum astro te será fatal.


E quando a Sorte julgue que domina,

ou mesmo a Morte, se a alegria finda

- ri-te de ambas, que um filho é imortal.


Jorge de Sena in "Visão Perpétua"



sexta-feira, setembro 25, 2020

Ele tinha um Sonho


 No Dia Mundial do Sonho uma homenagem a quem morreu pelo seu Sonho! 

segunda-feira, setembro 21, 2020

Bullying

 Ontem à tarde, vi na RTP2 um filme francês intitulado "Marion, 13 ans pour toujours" que se debruçava sobre o bullying e o ciberbullying numa escola.

Uma narrativa violenta e chocante que leva ao suicídio uma adolescente de 13 anos, Marion, perante a ignorância, a indiferença, o medo de colegas, professores e direção do colégio. 

Tendo deixado uma carta e havendo provas na rede social que usava, a polícia e os pais travam uma luta para castigarem os culpados.

É um filme que retrata uma realidade que também já nos toca.

Estou muito desperta para este tema porque o meu neto de nove anos, um excelente aluno, nasceu com dois dedos da mão direita incompletos e alguns colegas no recreio passam o tempo a chamar-lhe deficiente.

Professora e técnicas operacionais estão alertadas mas é impossível ver e ouvir tudo num recreio onde brincam dezenas e dezenas de crianças.

O que vale é que é um menino muito alegre, muito sociável e procura relevar o que ouve mas de vez em quando queixa-se.

As crianças são o melhor do mundo mas também sabem ser bem cruéis quando querem!

sexta-feira, setembro 18, 2020

Pinceladas


 Pinceladas em céu de Outono!

quarta-feira, setembro 16, 2020

Amigas

 E as gargalhadas soaram na vasta e bela sala da M. onde três amigas se juntaram depois de meses sem se verem.

Amigas desde a primeira infância quando se encontram é como se estivessem estado juntas na véspera, a conversa é inesgotável, emaranhada, cheia de encaixes que ainda dão origem a outros e quem está de fora perde-se neste labirinto.

Quem estava de fora era o marido da M. que desistiu de nos acompanhar e mudou de sítio.

Foi uma tarde bem agradável!

sábado, setembro 12, 2020

Moinho sem velas


 A casa adormeceu e acordou estranhamente silenciosa.

Ontem fui levá-los a Lisboa para iniciarem o novo ano lectivo e espero que tudo corra pelo melhor, depois destes seis meses de anormalidade.

Durante todo este tempo, eles foram para mim fonte de energia,  trouxeram alegria e uma animada agitação ao meu viver tão dorido dos últimos anos.

Agora também eu vou tentar iniciar um novo ciclo!

quarta-feira, setembro 09, 2020

Construção


 

Por aqui vão-se queimando os últimos cartuchos!

domingo, setembro 06, 2020

Bola de Sabão



E foi a partir do sopro de um dos meus netos que eu a captei assim, esférica, colorida e breve!
 

quarta-feira, setembro 02, 2020

Atravessar o Tejo


 Quem vem do sul pela A2 e depois apanha a A13 tem que necessariamente atravessar o Tejo aqui.

Quem vem e atravessa o rio não pode deixar de contemplar a bela Ponte Salgueiro Maia, às portas de Santarém!

segunda-feira, agosto 31, 2020

Agosto




 

Agosto chegou ao fim e para trás ficou o mar, os banhos na piscina, o belo alaranjado do entardecer.

Não sei como é que consigo viver tanto tempo longe destas cores!

sábado, agosto 29, 2020

Luzes


 

Pontos de luz no mar e em terra!

segunda-feira, agosto 17, 2020

Rota dos Moinhos

 


Temos Portugal cheio de rotas, as rotas dos vinhos, as rotas do românico, a rota da Nacional nº 2, entre outras.

Hoje apresento-vos a Rota dos Moinhos que se faz no Planalto de S. Mamede.

Há vários tipos de percursos. No sábado, consegui, com o incentivo dos meus netos, fazer um dos percursos de dificuldade média.

Este é o mais original dos moinhos que fotografei!

quarta-feira, agosto 12, 2020

Cinco meses

 Faz hoje cinco meses que fui para Lisboa por razões de logística familiar. O meu filho mudava de casa a treze de Março.

A dezasseis fecharam as escolas e, salvo um fim-de-semana, nunca mais estive afastada dos meus netos.

Devo pertencer a uma minoria de avós que a pandemia beneficiou com esta doce mas também turbulenta companhia que se prolongará até ao início das aulas.

É  uma incógnita este início, veremos como o Ministério o irá planear e como cada agrupamento o irá implementar.

Não será fácil para ninguém!

quarta-feira, agosto 05, 2020

Casas de vestir

 Há casas onde nos apetece entrar como se vestíssemos um pijama de flanela numa noite de inverno!

sábado, agosto 01, 2020

A Caverna

Não lia nada de José Saramago há muito, daí que tivesse decidido fazer

deste livro o 7º lido desde o início da pandemia e, como sempre, não me arrependi.
Ler o nosso Nobel é um excelente exercício para o ritmo da mente, sim a mente também tem ritmo.
Desta vez, o autor/narrador apresentou-nos um autêntico tratado de olaria desde o amassar do barro até à pintura final do artesanato concluído e ainda um outro tratado de psicologia das relações humanas dentro das famílias e da "psicologia" canina.
Teve ainda a arte de introduzir o nascimento de um amor tardio.
Tudo isto bem amassado deu como resultado um romance-metáfora que nos faz pensar no que vale a pena na vida ou não.

" Marta e Isaura escolheram o que acharam necessário para uma viagem que não tem destino conhecido e que não se sabe como nem onde terminará."

" A furgoneta fez a manobra e desceu a ladeira. Marta chorava com os olhos secos, Isaura abraçava-a, enquanto Achado se enroscava a um canto do assento sem saber a quem acudir."

E assim, sem destino, mas prontos a não se vergarem às contingências da vida e do mercado que encerrou a olaria e tirou as ilusões a um jovem casal que não quer viver numa gaiola dourada, partem Cipriano Algor, o oleiro sem olaria, o seu novo amor, Isaura Madruga, a sua filha Marta, o marido Marçal e ainda o cão Achado.

terça-feira, julho 28, 2020

Mini-piscina


Com o calor que tem estado, com as limitações de movimentação devido à pandemia e por estar sozinha com eles, não tem sido fácil afastar os netos dos vídeos e afins.
De manhã têm actividades escolares de pequena monta, de tarde levo-os de vez em quando até este antigo tanque de lavadeiras que, em boa hora, a junta de freguesia mandou limpar e encher de água tratada e renovada com assiduidade.
Numa cidade como esta onde não há piscina pública, jardim, parque resta-nos este recurso.
A maior parte das vezes estamos sozinhos, eu gosto, eles não!
Adoram socializar!

sexta-feira, julho 24, 2020

Muros de pedra seca



As minhas origens do lado materno encontram-se no Planalto de Santo António que faz parte do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros.
Aí, tirando algumas leiras mais férteis, as terras são secas, de olivais, milho e trigo de sequeiro e de pastoreio, ovelhas, cabras e vacas sobretudo, que trouxeram alguma riqueza a quem tinha o seu pedaço de terra. 
Os terrenos são divididos por muros de pedra seca, solta que alguns dos mais experientes construtores de muros transformaram em obras de arte.
Foi assim que há dias, o concelho de Porto de Mós ganhou o 1º prémio com a candidatura "Muros que unem" no âmbito do concurso das 7 Maravilhas do Património Natural. (Não tenho bem a certeza do nome do concurso).
As terras dos meus avós maternos estavam divididas assim, mesmo o pátio de entrada e o enorme quintal das traseiras onde havia três eiras e uma pia bem funda, cavada na rocha, coberta por lajes onde se acumulava a água da chuva.
Estes muros fazem parte da minha infância, umas vezes saltava-os, outras passava pelas guaritas abertas para a entrada e saída dos animais mais pequenos.
Um reino feito de rendilhado de pedra!

segunda-feira, julho 20, 2020

Voar


O sonho de Ícaro!
Ou "pelo sonho é que vamos"!

sexta-feira, julho 17, 2020

Papoilas resistentes


Há sempre quem resista mesmo por detrás do gradeamento!

quarta-feira, julho 15, 2020

Aos poucos...


Aos poucos vou dando conta do recado na limpeza dos terrenos, só tenho que pedir ajuda quanto a extremas.
Há dias, perante as dúvidas ao fundo de uma das propriedades, disse ao senhor que me anda a fazer estes serviços, para avançar até aparecer alguém a dizer que ele estava a entrar em espaço alheio.
Ele riu-se e concordou comigo.
Só dão despesa mas mesmo assim há sempre gente com vontade de comprar uma boa briga por causa de um metro de terreno.

sexta-feira, julho 10, 2020

Dependência

Não sou dada a estas considerações mas os tempos que se estão a viver obrigam-me a isso.
Num país extremamente dependente do exterior, com os ovos todos postos no cesto do turismo e numa terra totalmente dependente do turismo religioso de grupos estrangeiros temos tudo parado.
Fizeram-se dezenas de hotéis, abriram-se dezenas de cafés e restaurantes e agora, tirando os muito bons que tinham como clientes gente endinheirada da terra e dos arredores, tudo está às moscas.
Sempre batalhei, nos meus tempos de autarca na oposição, pela procura de outras âncoras de desenvolvimento mas a galinha dos ovos de ouro estava mesmo ali à mão e além das pedreiras muito contestadas, das serrações de mármores e madeira também com a maioria dos clientes no exterior esta santa terrinha está em depressão profunda.
Quando, depois do desconfinamento, começaram a surgir os nacionais, apareceu um foco infeccioso, a partir do coro do santuário,que ainda não está controlado. E tudo recuou de novo.
Se o foco tivesse tido origem numa festa talvez até houvesse multas!

segunda-feira, julho 06, 2020

As casas

Com o passar do tempo, as casas são como as pessoas precisam de cuidados adicionais.
É uma torneira que pinga, uma fechadura que emperra, uma ficha que dá faísca, um vidro duplo que ganha humidade, a pintura interior e exterior que descasca, para não falar de situações mais graves como o telhado a dar problemas.
Connosco basta irmos ao médico de família e com umas análises e uns exames tudo volta à normalidade se não houver complicações de maior.
Mas com as casas não é assim tão simples - é o canalizador, o carpinteiro, o electricista,, o vidraceiro, o pintor.
E arranjá-los? Telefonemas, empenhos, conversas ao vivo e nem sempre somos bem sucedidos. Os biscates dão imenso dinheiro e os biscateiros têm sempre clientes.
Há casas de tal forma possessivas e hipocondríacas que não somos nós que as habitamos, são elas que nos habitam!

domingo, junho 28, 2020

Ranking das Escolas

Pensei que num ano lectivo virado do avesso esta história dos rankings fosse esquecida.
Mas qual quê?!
Não há jornal nacional, regional, local, mural de facebook que não traga as tais listas das tais escolas.
Atrevo-me a citar uma ex-aluna, já com muitos anos de experiência como professora, que escreveu isto no seu mural:
"As melhores escolas do país - não hesito em afirmá-lo - foram aquelas que, em bairros problemáticos, mantiveram todos os alunos ligados, foram aquelas em que a protecção contra a violência e negligência nunca falhou, foram aquelas em que a proximidade potenciou aprendizagem, foram aquelas em que a comunidade no seu todo colaborou para o sucesso. E são-no todos os anos."

domingo, junho 21, 2020

Sol e sombra


O Verão chegou e eu iniciei a contagem decrescente de regresso a casa!
Ainda encontrarei as resistentes sardinheiras em flor?

quarta-feira, junho 17, 2020

As minhas janelas

Da janela da minha cozinha não vejo o pôr-do-sol nem  jacarandás em flor mas vejo gatos sorrateiros, passeando-se no muro em frente, na esperança de avistarem os meus confinados e a roseira que se enleia nos ramos da nespereira (que foi cortada mas teimou em rebentar de novo).
Da janela do meu escritório não vejo a tipuana tupi, de florinhas amarelas nem o movimento contínuo de carros e autocarros mas vejo os vizinhos que passam e que me levantam a mão numa simpática saudação.
Estou em contagem decrescente para voltar à normalidade possível!

sábado, junho 13, 2020

Café e confinamento

Faz hoje três meses que bebi o meu último café.
Aqui em casa não há máquina e prefiro não o beber do que beber qualquer mistela solúvel como faz o meu filho.
Ele já começou a descer ao rés-do-chão onde há um café mas eu continuo a resguardar-me.
Bebo-o sem açúcar há cerca de 30 anos, só assim fico com o seu verdadeiro sabor na boca!
Quando alguém por gentileza me oferece café e me diz com o melhor dos sorrisos que já tem açúcar, engulo em seco e lá faço um esforço.

quinta-feira, junho 11, 2020

Visita a casa

Ontem fui a casa, precisava de entregar um último documento para o IRS.
O jardim está cheio de vistosas sardinheiras, uma das ameixieiras já tem ameixas comestíveis, a outra ainda não. Os dois pessegueiros estão doentes, já me disseram que são árvores de curta vida produtiva.
Lá dentro as orquídeas internas fenecem com falta de luz e os gatos agradeceram a visita, janelas e varandas abertas para eles poderem tomar ar fresco.
Dei-lhes um pouco de colo, falei com eles, tratei da comida e do caixote e escrevi uma longa mensagem para a sua cuidadora e da casa.
Embora fosse preparada para ficar para hoje, às tantas vi-me sem nada para fazer numa casa silenciosa.
Depois de regar canteiros e vasos meti-me no carro e vim direitinha até Lisboa.
Será que vou ter dificuldades de adaptação quando voltar a ficar sozinha?

domingo, junho 07, 2020

Caixa Negra

Quando trabalhava li bastantes artigos pedagógicos sobre o conceito fechado da sala de aula, uma espécie de caixa negra que só era aberta quando algo corria mal.
No actual contexto todos os professores, quer do Estudo em Casa quer das sessões síncronas da responsabilidade dos agrupamentos escolares, estão expostos aos olhares e ouvidos de milhares de assistentes e não apenas dos seus alunos.
Pais, avós e outros acompanhantes sentam-se ao lado das crianças mais novas, sobretudo do 1º ciclo, por falta de autonomia e desembaraço para certos registos.
Assim vamos formando uma opinião sobre os professores que os acompanham desde o início do ciclo. Com uma linguagem  de uma enorme afectividade, notam-se as regras que foram implementadas na sala. Ninguém interrompe ninguém, cada um espera pela sua vez, dirigem-se ao professor com à vontade mas com respeito.
Já no Estudo em Casa a linguagem não tem marcas carinhosas mas usam bastantes expressões de incentivo à aprendizagem.Uns mais sorridentes, outros mais sérios, uns mais seguros, outros mais agarrados aos apontamentos, cada um faz o possível para atingir os objectivos propostos - transmitir conhecimentos e diminuir as desigualdades em relação à falta de rede, de computadores, de tablets, de telemóveis, partindo do princípio que toda a gente tem televisão.
Mas as desigualdades persistem porque nem todos têm o mesmo tipo de acompanhamento.
Nada pode substituir as aulas presenciais na escola com as crianças em interacção entre si e com os seus professores.
Mesmo que a sala de aula continue a ser uma caixa negra!

sexta-feira, maio 29, 2020

Jacarandás



Confinei a 13 de Março e ao mesmo tempo o meu filho mudou de casa. Foi essa a razão que me trouxe até Lisboa.
Era Inverno, as árvores de folha caduca estavam despidas e, aos poucos, começaram a verdejar.
Nas traseiras há uma simpática praceta com vários tipos de árvores e de arbustos que fui observando, atentamente, nos intervalos das minhas tarefas.
Qual não é o meu espanto quando descubro, mesmo em frente do meu quarto, dois jacarandás a florir.
Mais um privilégio para mim!
Claro que não estão assim, a foto é da Net porque não sou capaz de as transferir do smartphone para o computador.