deste livro o 7º lido desde o início da pandemia e, como sempre, não me arrependi.
Ler o nosso Nobel é um excelente exercício para o ritmo da mente, sim a mente também tem ritmo.
Desta vez, o autor/narrador apresentou-nos um autêntico tratado de olaria desde o amassar do barro até à pintura final do artesanato concluído e ainda um outro tratado de psicologia das relações humanas dentro das famílias e da "psicologia" canina.
Teve ainda a arte de introduzir o nascimento de um amor tardio.
Tudo isto bem amassado deu como resultado um romance-metáfora que nos faz pensar no que vale a pena na vida ou não.
" Marta e Isaura escolheram o que acharam necessário para uma viagem que não tem destino conhecido e que não se sabe como nem onde terminará."
" A furgoneta fez a manobra e desceu a ladeira. Marta chorava com os olhos secos, Isaura abraçava-a, enquanto Achado se enroscava a um canto do assento sem saber a quem acudir."
E assim, sem destino, mas prontos a não se vergarem às contingências da vida e do mercado que encerrou a olaria e tirou as ilusões a um jovem casal que não quer viver numa gaiola dourada, partem Cipriano Algor, o oleiro sem olaria, o seu novo amor, Isaura Madruga, a sua filha Marta, o marido Marçal e ainda o cão Achado.
«Cipriano Algor tinha as mãos a tremer, olhava em redor, perplexo, a pedir ajuda, mas só leu desinteresse nas caras dos três condutores que haviam chegado depois dele. Apesar disso, tentou apelar à solidariedade de classe. Vejam esta situação, um homem traz aqui o produto do seu trabalho, cavou o barro, amassou-o, modelou a louça que o encomendaram, cozeu-a no forno, e agora dizem-lhe que só ficam com a metade do que fez e que lhe vão devolver o que está no armazém, quero saber se há justiça neste procedimento.»
ResponderEliminarJosé Saramago, in "A Caverna", pág. 22-23
https://youtu.be/3A_xm6upZ1c
Bom dia:- Acredito que seja um livro muito bom de ler
ResponderEliminar.
Bom fim-de-semana
Abraço
Folgo em saber que a leitura desse livro de Saramago que, - pela descrição feita, - para mim seria maçudo, te amenizou os dias de pandemia.
ResponderEliminarUm abraço e boa leituras.
A leitura desse livro apaziguou alguns momentos mais preocupantes. Só por isso valeu a pena, para além, evidentemente, de gostares desse autor.
ResponderEliminarFiquei com vontade de reler A Caverna, o livro a cuja génese assisti...
ResponderEliminarGosto de ler Saramago e gostei ainda mais de o conhecer pessoalmente
ResponderEliminarBeijinho, bom Agosto
Li há tempos e, como sempre, com paixão.
ResponderEliminarNão o li, mas gostaria de ler. Está na minha lista
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