Folheando este livro de poemas de 1968, com o preço de 100$00, cerca de 50 cêntimos agora, deparei-me com um poema cujo humor subtil me cativou.
Cortesia
Mil novecentos e pouco.
Se passava alguém na rua
sem lhe tirar o chapéu
Seu Inacinho lá do alto
de suas cãs e fenestra
murmurava desolado
- Este mundo está perdido!
Agora que ninguém porta
nem lembrança de chapéu
e nada mais tem sentido,
que sorte Seu Inacinho
já ter ido para o céu.
Carlos Drummond de Andrade in "Boitempo"
Lembrei-me de meu pai que usava chapéu quando era jovem e só deixou de o usar quando começou a perder cabelo.
Em 2021 como é a nossa cortesia quando às vezes nem nos respondem ao" Bom Dia"?!