domingo, setembro 07, 2025

Poesia ao domingo

 Vento no Rosto


À hora em que as tardes descem, 

noite aspergindo nos ares,

as coisas familiares

noutras formas acontecem.


As arestas emudecem.

Abrem-se flores nos olhares.

Em perspetivas lunares

lixo e pedras resplandecem.


Silêncios, perfis de lagos,

escorrem cortinas de afagos,

malhas tecidas de engodos.


Apetece acreditar,

ter esperanças, confiar,

amar a tudo e a todos.


António Gedeão, in Poesias Completas

5 comentários:

  1. Um soneto interessante, bem ao jeito de Gedeão.
    Abraço

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  2. Sentir flores nos olhares e amar a tudo e a todos, é uma perspectiva de vida que me encanta. :) Excelente escolha para este domingo de fim de Verão com o Outono a sorrir-nos, sem frio e uma chuva miudinha e refrescante.
    Adoro os poemas e sonetos de Gedeão. São tão humanos...tão belos!
    Grande abraço, querida Leo

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    1. Gostei muito da imagem do cabeçalho. Dá mais alegria ao teu cantinho. :)

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