Ontem tive como convidados para o almoço a minha irmã e o único tio que me resta do lado paterno e que vivem a 15 kms de mim.
De uma irmandade de nove, este é o mais novo nos seus 92 anos muito lúcidos, muito comunicativo mas bastante surdo e a perder sempre os aparelhos.
Casado e sem filhos teve o azar de ver a sua companheira de 65 anos em comum a ter que ir para uma residência sénior por falta de logística espacial numa casa que tem todo o conforto mas onde uma cadeira de rodas não se movimenta.
Perante a situação atual só a pode ver à distância e através de um vidro. Como ela não consegue articular bem as palavras e ele não a ouve bem disse-me ontem que começou a escrever-lhe cartas.
Achei de uma enorme ternura tanto mais que a tia, nos seus 89 anos, perdeu a coordenação dos movimentos das mãos e não lhe pode responder.
Neste contexto de pandemia e com os lares com imensos focos, a vida dos que lá se encontram está a ser ainda mais dolorosa.
Espero que estas missivas conjugais sejam um lenitivo para a solidão da minha tia.
Nestes tempos conturbados, acontecem episódios tão emocionantes, que em anos não muito distantes pensariamos ser ficção.
ResponderEliminarTenho a certeza que essas cartas, não retribuidas, farão toda a diferença na qualidade de vida emocional e psíquica da esposa internada.
Até me arrepiei de emoção. Que atitude tão linda!
Um beijinho grande e uma boa semana.
Ainda há quem escreva cartas?!
ResponderEliminarEu só escrevo cartas de caráter profissional.
Tenho amigos que me escrevem pelo meu aniversário, Natal e Páscoa, que eu agradeço pelo telefone.
Abraço
Eu confesso que deixei de escrever cartas. Só escrevo emails....mas alguns são verdadeiras cartas LOL.
ResponderEliminarhá sempre plano B para o que queremos. Muito ternurento! :)
ResponderEliminarNão tenho palavras para a situação.
ResponderEliminarRecentemente também escrevi uma carta.
Abraço
Espero que o sejam, sim e que logo possam voltar a encontrar-se e a estar perto, sem máscaras
ResponderEliminarum abraço
Tão bonito, ler
ResponderEliminarestar isso a acontecer
O amor é, também
a permanente luta de chegar ao outro
no fundo, resta a certeza
dele e dela
de se quererem amar...
Realmente é uma tristeza os nossos velhos verem-se separado-se de quem lhes dava amor!
ResponderEliminarLindo, esse teu casal de tios, na cumplicidade da sua longa idade vivida em comum. Que triste deve ser terem de estar separados...
ResponderEliminarTempo cruel, este que vivemos.