terça-feira, julho 29, 2025

Homenagem

 O fisioterapeuta que me acompanha já nasceu no séc. XXI.

É um jovem simpático, exigente, mas vai elogiando os meus avanços.

Às vezes falamos de música e ele conhece as grandes bandas e os seus vocalistas dos anos 60, 70, 80 do séc. passado, enquanto eu sou quase ignorante em relação aos músicos e bandas da atualidade.

A minha admiração por estes jovens, que ele representa, é enorme pois, "lá fora", ganhariam muito mais, mas mantêm-se firmes no seu posto de trabalho, procurando minimizar a falta de bons técnicos nesta área e noutras relacionadas com a saúde e o bem-estar dos mais velhos e não só.

Ele está consciente das dificuldades em ter casa própria entre outras dificuldades, mas continua a sorrir e a dizer que o dinheiro não é tudo.

domingo, julho 27, 2025

Poesia ao domingo

 Onda que, enrolada, tornas

Pequena, ao mar que te trouxe

e ao recuar te transtornas

Como se o mar nada fosse.


Porque é que levas contigo

Só a tua cessação,

E, ao voltar ao mar antigo,

Não levas o meu coração?


Há tanto tempo que o tenho

Que me pesa de o sentir.

Leva-o no som sem tamanho

Com que te oiço fugir!


Fernando Pessoa

sexta-feira, julho 25, 2025

Música à sexta

Estive para colocar uma música dos Coldplay que tanto incendiaram as redes sociais, devido ao par que se colocou a jeito.
Confesso que conhecia as suas músicas, mas desconhecia o nome do grupo.
Como o Pedro Coimbra parodiou hoje o tal par apanhado em flagrante delito no telão como dizem os nossos irmãos brasileiros, decidi-me pelo Sérgio Godinho.
Talvez já o tenha colocado por aqui, mas adoro esta versão do poema de Pedro Homem de Mello.





quarta-feira, julho 23, 2025

Citação

 Não é bem uma citação, é mais uma transcrição.


" E foi a notar as mãos cheias de vermelhidão que deu pela aliança. Durante este transe todo, nem se lembrara de que tinha ali aquela argola absurda no anelar, só porque os gregos acreditavam que por aquele dedo passava uma veia que ia direita ao coração e o catolicismo tinha este hábito milenário de vampirizar tudo o que era costume pagão."


In, Que Importa a Fúria do Mar


PS - Por acaso já tinham ouvido falar desta crença dos gregos?

Que há algumas festividades no catolicismo que imbricam em costumes pagãos , é do conhecimento de todos, mas disto nunca tinha ouvido falar.


PS. 

terça-feira, julho 22, 2025

Leituras


 

Há dias declarei que estava com dificuldades em ler mais do que um livro ao mesmo tempo.

Afinal essa dificuldade ou falta de vontade durou pouco, porque retomei a leitura deste romance que repousava na minha mesa de cabeceira.

É um romance de estreia desta autora.

A ação começa com uma viagem de comboio dos revoltosos da Marinha Grande, a 18 de janeiro de 1934, a caminho do degredo em Cabo Verde onde irão "inaugurar" o campo do Tarrafal.

Desenrola-se nesse longínquo passado e chega ao presente pelas mãos de uma jornalista que vai entrevistar o único sobrevivente dessa infernal prisão.

E mais não digo!


domingo, julho 20, 2025

Poesia ao domingo


Escrito no Muro

 

Procura a maravilha.


Onde a luz coalha

e cessa o exílio.


Nos ombros, no dorso,

nos flancos suados.


Onde a boca sabe

a barcos e bruma.


Ou a sombra espessa.


Na laranja aberta

à língua do vento.


No brilho redondo

e jovem dos joelhos.


Na noite inclinada 

de melancolia.


Procura.


Procura a maravilha.



Eugénio de Andrade


Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas, nasceu na Póvoa da Atalaia, Fundão a 19 de janeiro de 1923 e morreu no Porto a 13 de junho de 2005.


A escolha do poema tem a ver com o tema "Procura a maravilha".

Onde é que eu procuro a maravilha?

Na música no sossego das tardes, na rosa que floresce no canteiro que vejo logo de manhã, nos dois pêssegos que pendem quase maduros, nos comentários dos meus amigos!

sexta-feira, julho 18, 2025

Música à sexta

Os The Doors eram a banda preferida dos meus filhos, embora ainda não fossem nascidos no auge desta banda rock.
Jim Morrison, vocalista e autor da maior parte das suas letras, morreu aos 27 anos em Paris, em 1971 e foi sepultado no cemitério do Père Lachaise.
Nunca se chegou a saber bem a causa da sua morte por não ter havido autópsia, mas constava que tinha sido provocada por overdose de álcool e drogas.
Quando fui a Paris com o meu filho mais novo, que tinha terminado o 12º ano com excelente média, ele convenceu-me a visitar a sua sepultura. Eu apanhei uma estafa porque me fartei de andar a pé e ele apanhou uma enorme desilusão ao ver o estado de abandono em que se encontrava o túmulo do seu cantor preferido.
Esta escolha é uma espécie de memória familiar! 





quinta-feira, julho 17, 2025

Leituras



Estou a perder a capacidade ou talvez a vontade de ler mais do que um livro de cada vez.
Assim, e embora tenha outros na mesa de cabeceira, embrenhei-me na leitura deste que será a obra a analisar no Clube de Leitura de Setembro.
A autora criou a história a partir de um cartão de visita, com mais de cem anos, que encontrou numa gaveta na casa de família. No cartão estava escrito o nome de Anna Allavena - Carteira que era a sua bisavó.
Por vir do norte de Itália para o sul, Anna era considerada forasteira e vista com bastantes preconceitos pelos habitantes da aldeia, devido ao seu comportamento desassombrado.
A narrativa é fluida, lê-se bem, contudo ainda não lhe encontrei qualidade literária ou então estou a ser demasiado exigente.
Para tempo de verão até não está mal!



 

quarta-feira, julho 16, 2025

Reflexão

 Não sou pessoa de me queixar por aqui, mas faz hoje um ano que fui parar ao hospital com uma grave hemorragia gástrica.

Depois de estabilizada e de algumas doses de sangue, regressei a casa passados oito dias, só que daí a três dias caí e parti uma perna.

Não houve férias na praia e tudo se complicou para o meu filho e a minha irmã que me visitava,  diariamente, na residência sénior onde estive seis meses em recuperação que não foi total.

Até hoje ainda não me livrei da canadiana na rua, embora esteja a fazer fisioterapia com exercícios bem duros. 

Interrogo-me como teria evoluído a minha vida se estes percalços não tivessem acontecido.

domingo, julho 13, 2025

Poesia ao domingo

 Ser Poeta



Ser poeta é ser mais alto, é ser maior

Do que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Aquém e de Além-Dor!


É ter de mil desejos o esplendor

E não saber sequer que se deseja!

É ter cá dentro um astro que flameja,

É ter garras e asas de condor!


É ter fome, é ter sede de Infinito!

Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...

É condensar o mundo num só grito!


E é amar-te,  assim, perdidamente...

É seres alma, e sangue, e vida em mim

E dizê-lo cantando a toda a gente!


Florbela Espanca


Nasceu mulher num tempo e num espaço pequenos de mais para a conter

É uma mulher para além do seu tempo.


P. S. Podem aproveitar para ouvir Luís Represas e os Trovante na magnífica interpretação deste soneto.

quarta-feira, julho 09, 2025

Romaria


 

Penso que quem me comenta sabe que vivo em Fátima, terra de igrejas, capelas e capelinhas.

No 1º domingo de julho iniciam-se as festas de Nossa Senhora da Ortiga que duram três dias, culminando na terça feira.

Se a Senhora de Fátima é de culto internacional, a Senhora da Ortiga é de culto local. Para esta capela, localizada num monte, convergem todas as dores e alegrias dos fatimenses, durante todo o ano.

Na terça feira, depois da missa, as pessoas dirigem-se para locais previamente estabelecidos há décadas em redor da capela, onde estão instaladas as tendas familiares, ao abrigo das azinheiras.

E aí cumpre-se o ritual que vem de geração em geração, há comes e bebes para os familiares e para os amigos que aparecem.

Como não sou autóctone, não tenho tenda, mas não deixo de ser convidada a associar-me.

E foi o que aconteceu ontem e é muito bonita esta tradição onde a amizade supera os laços familiares.

Antigamente namorava-se à volta da capela, agora já não é preciso fazê-lo, namora-se em qualquer lado.

A terça feira da Ortiga é a grande festa desta comunidade!

É uma autentica romaria!

segunda-feira, julho 07, 2025

Citação

 " Afoguei as minhas mágoas, mas elas aprenderam a nadar. "


Frida Kahlo


Frida Kahlo foi uma pintora mexicana conhecida pelos seus muitos retratos , autorretratos e obras inspiradas na natureza e artefactos do México.

Nasceu a 6 de julho de 1907 e morreu a 13 de julho de 1954.

domingo, julho 06, 2025

Poesia ao domingo

 Os piqueniques da Catarina lembraram-me este, que faz jus ao "Déjeuner sur l´herbe" de Manet, porque bem mais colorido e a sensualidade menos explícita, se fosse transformado em pintura, pois dava uma aguarela.



De Tarde


Naquele "pic-nic" de burguesas

Houve uma coisa simplesmente bela, 

E que, sem ter história nem grandezas,

Em todo o caso dava uma aguarela.


Foi quando tu, descendo do burrico,

Foste colher sem imposturas tolas,

A um granzoal azul de grão de bico

Um ramalhete rubro de papoulas.


Pouco depois, em cima duns penhascos,

Nós acampámos, inda o sol se via,

E houve talhadas de melão, damascos

E pão de ló molhado em malvasia.


Mas todo púrpuro, a sair da renda

Dos teus dois seios como duas rolas,

Era o supremo encanto da merenda

O ramalhete rubro de papoulas.


 In Livro de Cesário Verde

sexta-feira, julho 04, 2025

quarta-feira, julho 02, 2025

Um pouco de humor


 Agora que as aulas acabaram, os miúdos que detestam a escola, podem finalmente divertir-se!
Tenho dezenas de recortes destas tiras, retiradas do Público, nos anos 90.
Devem clicar na imagem para lerem melhor, por favor!

terça-feira, julho 01, 2025

Verão

 " O sol é grande, caem co´a calma as aves"


Com o calor que está, lembrei-me deste primeiro verso de  um soneto de Sá de Miranda, porque vejo os pardalitos a esvoaçarem, num enorme desassossego, cheios de sede.

Vêm bebericar nos pratos dos vasos que conservam alguma água, depois da rega, por isso decidi encher um pote de água e colocá-lo bem à vista, para beberem à vontade.


Os restantes versos nada têm a ver com o calor, mas com as alterações na natureza e no próprio sujeito poético.

segunda-feira, junho 30, 2025

A minha rua

 Estive quase um ano sem viver na minha casa e encontrei algumas mudanças na rua.

Na vivenda, em frente, que é uma espécie de AL, a que eu chamo "albergue espanhol", desculpai uma pontinha de preconceito, mas realmente aparecem lá muitas e "desvairadas gentes", como diria Fernão Lopes, vive agora uma casal com um cão que ladra de noite e de dia. Provavelmente sente-se pouco confortável num quarto, apenas com uma varanda que ele não consegue saltar, se fosse gato sei bem onde ele iria pedir asilo.

Com este ladrar contínuo até o Kiss, o cão residente na vivenda logo a seguir, que ladrava alto e bom som a toda a gente que passava, apenas durante o dia,  fechou-se em copas e mal se ouve.

Deve pensar que, para incomodar, basta um!

domingo, junho 29, 2025

Poesia ao domingo

 Noite de Verão


Quando é no Verão das noites claras

e faz calor dentro da gente,

... aquela menina casadoira, que mora junto ao largo, 

vem à varanda ver a Lua.


Roçando o corpo, devagar,

descem por ela as mãos da noite:

sente-se nua.

Sente-se nua, na varanda,

já tão senhora do seu destino,

sem medo às estrelas nem às mãos da noite

- mas baixa os olhos se algum homem passa...


Manuel da Fonseca, in Obra Poética

sábado, junho 28, 2025

Reflexão

 Como só duas pessoas gostaram das minhas andorinhas, amanhã mudo de cabeçalho!

sexta-feira, junho 27, 2025

Música à sexta



Abençoados anos 80!

quinta-feira, junho 26, 2025

Leituras


 

Às vezes tenho vontade de ler em francês e ao encontrar este livro no caos que é a minha biblioteca pus mãos à obra.

Tentei saber se tinha tradução para português, mas fiquei sem resposta.

Dois turistas franceses, uma mulher e um homem encontram-se num hotel em Lisboa.

Da curiosidade do homem, em relação à imobilidade da mulher no jardim do hotel, acaba por surgir uma aproximação que os leva a contar a razão da sua estadia ali.

Ela procura, em vão, esquecer o marido tragicamente desaparecido num terramoto em S. Francisco e ele procura esquecer o amante português que o abandonou, deixando apenas uma carta de despedida.

Ainda não cheguei ao fim, mas dá para perceber que ele continua na procura do outro, nos seus passeios noturnos onde encontra sempre alguém para umas fugazes horas de prazer, enquanto ela continua quase inerte sem conseguir desligar-se da vontade de morrer.

Acabam por deambular juntos pelas ruelas da cidade, pintada como melancólica, e assim vão amortecendo a sua dor.

É uma narrativa simples, apesar de abordar a terrível dor da ausência do ser amado.

Será que voltarão a interessar-se pelo mundo dos vivos?

On verra!


segunda-feira, junho 23, 2025

S. João Batista

 O meu bairro está em festa desde sábado e hoje o arraial terminará com um belo fogo de artifício que não me agrada muito pelo barulho, mas os foguetes luminosos arrancam um AH de admiração a todos, embasbacados que ficamos com a beleza das cores e a chuva de estrelas.

São mesmo as melhores festas desta santa terra cheia de santos, anjos e arcanjos.

Há almoços, jantares, bebidas para todos os gostos e hoje haverá sardinhas, quermesse, pipocas algodão doce e música, até às tantas, que leva a grandes rodopios na pista de dança.

Estou na cama e ouço a música!

Deixo-vos com três quadras que encontrei nos vasos de manjericos que comprei ontem.


Ó meu rico S. João

És um santo popular

Na tua festa não falta

Sardinha para assar.


Manjericos nas janelas

Alegria pois então!

Sardinha broa com elas

É festa de S. João.


A fogueira eu saltei

Na noite de S. João

E toda a noite marchei

Com meu arquinho e balão.


domingo, junho 22, 2025

Poesia ao domingo

         

Mal nos conhecemos

Inaugurámos a palavra amigo!

Amigo é um sorriso

De boca em boca.

Um olhar bem limpo

Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.

Um coração pronto a pulsar

Na nossa mão!

Amigo (recordam-se, vocês aí, 

escrupulosos detritos?)

Amigo é o contrário de inimigo!

Amigo é o erro corrigido,

Não o erro perseguido, explorado.

É a verdade partilhada, praticada.

Amigo é a solidão derrotada!

Amigo é uma grande tarefa,

Um trabalho sem fim,

Um espaço útil, um tempo fértil, 

Amigo vai ser, é já uma grande festa!


Alexandre O´Neill



 Para os amigos e amigas que me têm ajudado a sorrir, a saber mais e a derrotar a solidão.


sexta-feira, junho 20, 2025

Música à sexta


Ontem "seu" Chico Buarque fez 81 anos, mas para mim continua um jovem da minha geração.


quinta-feira, junho 19, 2025

Paisagens


 Foto da Net

A Ponte  Sardão-Meirinhos faz a ligação entre os concelhos de Mogadouro e Alfândega da Fé, distrito de Bragança, região de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Foi construída numa das zonas mais acidentadas do rio Sabor e desempenha um papel importante na movimentação das gentes do interior nordestino.

É de uma enorme espetacularidade, beleza e elegância.

terça-feira, junho 17, 2025

Reflexões

 Na Biblioteca Palácio Galveias, António Araújo fez a apresentação da biografia de Herberto Helder "Se Eu Quisesse Enlouquecia", da autoria de João Pedro George.

É uma longa, interessante e inusitada apresentação onde se refere que o autor pesquisou, durante 8 anos, tudo e mais alguma coisa sobre o homem e o poeta, para publicar esta obra que atinge quase 900 páginas.

Mas a minha reflexão só tem a ver com o título, aliás enlouquecer é um verbo recorrente em Herberto Helder.

Penso eu que querer enlouquecer não é assim tão difícil, difícil será poder enlouquecer.

Se eu pudesse enlouquecia não tem nada de poético, prende-se apenas e só com a nossa capacidade de resistência a esta vertigem que é a vida.

domingo, junho 15, 2025

Poesia ao domingo

 Vidro Côncavo


Tenho sofrido poesia

como quem anda no mar.

Um enjoo.

Uma agonia.

Sabor a sal.

Maresia.

Vidro côncavo a boiar.


Dói esta corda vibrante.

A corda que o barco prende 

à fria argola do cais.

Se vem onda que a levante

vem logo outra que a distende.

Não tem descanso jamais.


António Gedeão, in Poesias Completas

sexta-feira, junho 13, 2025

quinta-feira, junho 12, 2025

Leituras

 A leitura da biografia de Maria Teresa Horta levou-me a reler algumas das Novas Cartas Portuguesas.

Deixo-vos com um extrato que reflete bem a violência doméstica, cada vez mais visível na comunicação social, sobretudo com assassinatos de mulheres e também violações.

" Maria corre por entre as pessoas que àquela hora se aglomeram nos passeios, corre sem ver para onde, sem saber se ele a persegue a fim de a tentar levar para casa. A fim de lhe pedir que regresse como em outras alturas. Desta vez Maria sente que não cederá mais.

Nunca mais lhe cederá:

Quer às súplicas, quer às ameaças; quer à ternura ou tortura física. Está disposta a lutar e corre: foge levando o vazio que tem sido a sua vida, como bagagem de regresso."


Em 1971 era impensável uma mulher fugir de casa por mais queixas que tivesse.

Claro que este extrato, apesar de tudo, não é o mais realista do quotidiano opressivo em que viviam muitas mulheres.

Por tudo isso as três Marias foram perseguidas pela Pide e julgadas num processo que só terminou já depois do 25 de Abril, com a sua absolvição.

quarta-feira, junho 11, 2025

Sem título


 


À procura de uma legenda!

terça-feira, junho 10, 2025

Dia de Camões


Adaptação de um poema de Luís de Camões na voz de José Mário Branco.
Este poema é uma reflexão profunda sobre a natureza transitória do mundo e o impacto que a mudança tem na vida e nos sentimentos humanos.



segunda-feira, junho 09, 2025

Regresso a casa


 

Finalmente, regressei a casa e,  pela 1ª vez em 11 meses,  dormi de novo sozinha, quer dizer sem filho e sem netos.

Apesar da ausência, o jardinzito lá se foi aguentando e até me presenteou com algumas flores.

Não é fácil este recomeço, mas espero conseguir adaptar-me a este espaço um pouco complicado para mim por causa das escadas.

Quanto a encontros com amigas, ainda não foi possível , porque havia assuntos a tratar.

A primeira coisa foi mergulhar nalguns livros que já trazia agendados.

domingo, junho 08, 2025

Poesia ao domingo

 Não assinalei os 500 anos do seu nascimento, mas ainda vou a tempo.

Deixo-vos com três das oitavas que Luís de Camões dedicou a D. António de Noronha sobre o desconcerto do mundo.


  Quem pode ser no mundo tão quieto,

ou quem terá tão livre o pensamento,

quem tão exprimentado e tão discreto,

tão fora, enfim, de humano entendimento

que, ou com público efeito, ou com secreto,

não lhe revolva o espanto e sentimento,

deixando-lhe o juízo quási incerto,

ver e notar do mundo o desconcerto?


  Quem há que veja aquele que vivia

de latrocínios, mortes e adultérios,

que aos juízos das gentes merecia

perpétua pena, imensos vitupérios,

se a Fortuna em contrário o leva e guia,

mostrando, enfim, que tudo são mistérios,

em alteza d´estados triunfante,

que, por livre que seja, não se espante?


  Quem há que veja aquele que tão clara 

 teve a vida que em tudo por perfeito

o próprio Momo às gentes o julgara,

ainda que lhe vira aberto o peito,

se a má Fortuna, ao bem sòmente avara,

o reprime e lhe nega seu direito,

que lhe não fique o peito congelado, 

por mais e mais que seja exprimentado?




Retirei estas oitavas de "Luís de Camões, Rimas" com texto estabelecido e prefaciado por Álvaro Júlio da Costa Pimpão.

Foi por esta obra que estudei Camões na faculdade e daí encontrar-se cheia de anotações.


Se  o Poeta já sentia o mundo em desacordo com a justiça, 500 anos depois estamos de mal a pior.

É um desconcerto total!

sexta-feira, junho 06, 2025

Música à sexta

Jorge Palma fez esta semana 75 anos.
Esta canção está para lá do amor, é sobretudo um hino à amizade, à partilha!












quarta-feira, junho 04, 2025

Enigma decifrado

 Na minha ingenuidade, pensava que uma foto minha não seria fácil de detetar pelo Dr. Google "espertinho". Afinal enganei-me.

Em todo o caso, a valiosa dica do António foi mais do que meio caminho andado para a Janita lá chegar.

Tive a simpática participação de:

António, Janita, Catarina, Joaquim Rosário, Teresa, Sandra Martins e São.

O email do António ainda não chegou, deve haver engarrafamento na ponte, mas pelas dicas ele acertou, assim como o Joaquim Rosário.

A Janita, a Catarina, a Teresa e a Sandra Martins mandaram a resposta por mail.

A São ficou à espera da solução.

Graças à Catarina fui investigar o nome de Celorico e fiquei a saber que é um nome considerado como sendo derivado de um topónimo pré-romano, possivelmente ligado ao étimo céltico "cel" que significa oculto ou escondido.

Temos assim Celorico da Beira para se diferenciar de Celorico de Basto. Basto significa coberto de vegetação densa.

O Joaquim Rosário referiu esta pista.

Conclusão - não foi um enigma difícil, mas não deixou de ser animado.


terça-feira, junho 03, 2025

Enigma

O que é e onde fica?
Já conhecem as regras do jogo!
É para animar a malta!




 

segunda-feira, junho 02, 2025

Presidenciais

Ontem, comentadores encartados na TV discorreram sobre o perfil dos atuais candidatos na "grelha de partida".

Isso levou-me a recordar as primeiras eleições presidenciais, após o 25 de abril e cujo vencedor foi o General Ramalho Eanes, a 27 de junho de 1976.

As terceiras eleições presidenciais em janeiro de 1986 foram as mais disputadas de sempre, obrigando à realização de uma 2a. volta, caso único na nossa democracia.

Estavam em confronto Mário Soares e Freitas do Amaral, levando alguma esquerda a "engolir sapos vivos" e a dar a vitória a Mário Soares.

Espera-se ainda que se perfilem novos candidatos e, talvez isso, nos leve a uma 2ª volta.

Neste caso, veremos quem tem de "engolir sapos vivos". 

domingo, junho 01, 2025

Poesia ao domingo

 Lida a biografia de Maria Teresa Horta decidi embrenhar-me um pouco na sua poesia, marcadamente feminista.

Escolhi aquela cujo título dá nome ao livro de poemas publicado em 1971, mas depressa proibido pela Censura.


Minha senhora de mim


Comigo me desavim

minha senhora

de mim


sem ser dor ou ser cansaço

nem o corpo que disfarço


Comigo me desavim

minha senhora 

de mim


nunca dizendo comigo

o amigo nos meus braços


Comigo me desavim

minha senhora

de mim


recusando o que é desfeito

no interior do meu peito


Maria Teresa Horta, in Minha Senhora de Mim

quinta-feira, maio 29, 2025

Reflexão

 Que estranho país é este onde 50% dos seus emigrantes votaram num partido que questiona a presença e os direitos dos imigrantes em território nacional, entre outras propostas atentatórias da dignidade humana!

terça-feira, maio 27, 2025

À toa

Como a mancha de cereja

Na alvura de um vestido,

A tristeza alastrou

Sem sentido

À toa.

Abriu sulcos na alma 

Mas não chorou.

Bloqueadas as lágrimas

Apenas ficou uma dor no peito

A pedir calma.

domingo, maio 25, 2025

Poesia ao domingo

Nunca  se sabe aquilo que

basta. Talvez baste um

poema, uma coisa

mínima, viva, nossa,

uma coisa sub-reptícia

para empunhar diante

do implacável acordo das

forma exteriores.

Também pode ser que nada baste. E nesse caso

tanto faz escrever um romance ou cem poemas

ou apenas um poema, ou 

ler ou emendar o céu

astronómico ou manter-

se parado no meio de um 

jardim húmido e

silencioso, à noite. Até

pode suceder que a morte

não seja bastante.


Herberto Helder


Jornal Público, 4 de Dezembro de 1990


Herberto Helder um poeta a conhecer melhor, um transgressor na mancha gráfica do poema.

terça-feira, maio 20, 2025

Biografias





Uma jovem, chegada recentemente à família, soube da minha militância como leitora e escolheu a biografia de Maria Teresa Horta, para me oferecer.
Só que não sabia que não gosto de biografias e ainda menos com os visados entre nós.
Claro que lhe agradeci a gentileza e disse que conhecia as boas críticas sobre a obra.
De Teresa Horta só conhecia a sua participação em Novas Cartas Portuguesas e ainda A Paixão Segundo Constança H. e ainda aquilo que fui lendo e ouvindo na comunicação social, a sua luta como feminista, a sua obra muito badalada, sobretudo depois do 25 de Abril.
Não gosto de biografias, porque as considero sempre bastante laudatórias e não tenho grande interesse pelas vidas contadas.
Neste caso, a própria Teresa Horta participa em grande parte da biografia, dando relevo à sua personalidade fora dos parâmetros da época, antes da Revolução.
Vou bastante adiantada na leitura e não mudo de opinião, além dos elogios, também peca um pouco pela repetição que decorre das várias perspetivas dos muitos pareceres sobre a biografada.


 

 

segunda-feira, maio 19, 2025

Eleições

 E os resultados estão à vista!

O que me preocupa não é a descida do PS, mas sim a subida de um Chega que tem como programa encapotado  acabar com o Estado Social e tudo o que daí decorre - perda de direitos das  minorias, das mulheres, dos trabalhadores, com a privatização da Saúde, da Educação, entre outras anomalias democráticas.

Não foram só os ignorantes que votaram na extrema-direita, foram também aqueles que querem recuperar os privilégios perdidos com o 25 de Abril.

Veremos que governabilidade decorre deste novo cenário no Parlamento.

domingo, maio 18, 2025

Gaza

 Netanyahu ainda não entendeu que não será capaz de derrotar o Hamas.

Em cada palestiniano que sobreviver a este genocídio, encontrará um inimigo!

sexta-feira, maio 16, 2025

quinta-feira, maio 15, 2025

Solução do desafio



Não é um novo desafio, é apenas um anjo caído em desgraça, que se encontrava em frente do anjo com asas.
Mas vamos ao que importa.
Comentadores(as) foram poucos (as), mas persistentes:
A Teresa
A Catarina
o António
O Kok
A Janita

  Sempre pensei que o anjo vos levasse logo a Belém, com a catequese pelo meio e com algumas pistas que fui dando, a Teresa lá chegou ao CCB, Centro Cultural de Belém, a Catarina  chegou apenas a Belém, o Kok referiu um Festival de Arte Moderna, por mail.
Ora este anjo , quando o fotografei, estava à entrada do espaço do CCB que dá para a zona das exposições, para a biblioteca e para o Museu de Arte Moderna.
O anjo e o diabo fazem parte da coleção do Museu de Arte Moderna.
Se forem clicando nas obras do Museu encontram lá estas figuras entre outras, mas para mim chegava dizerem Centro Cultural de Belém.
Parabéns à persistente Teresa que não desarmou, com a Catarina formaram uma bela equipa, o Kok também deu uma mãozinha.
Desta vez a Janita ficou no Alto de Santa Catarina.
Peço desculpa pelo cansaço que vos provoquei.


 

quarta-feira, maio 14, 2025

Desafio

Mais um desafio para animar as hostes.
Onde se encontra este "anjo"?
Já conhecem as regras do jogo.
Aceitam-se pistas/dicas pouco explícitas.



 

 

terça-feira, maio 13, 2025

Amola-tesouras


Na manhã azul, ouvi o assobio característico de um realejo.
Fui à janela e não me enganei, era mesmo um amola-tesouros.
Se a minha memória não me engana, nunca tinha visto este tipo de trabalhador ambulante aqui pelo bairro.
O homem vestia um casaco aos quadrados e empurrava a bicicleta à mão.
Pensei quem o ouviria e desceria no elevador para mandar amolar facas e tesouras.
Quando era miúda, estes trabalhadores tinham trabalho garantido, além de amolarem facas e tesouras, eram uns artistas a arranjar as varetas dos chapéus de chuva e a gatearem pratos e alguidares.
Era um tempo em que tudo tinha conserto.
Agora é um tempo de reciclar, deitar para o lixo, substituir por novo.
Não lhe auguro grande negócio.




 

segunda-feira, maio 12, 2025

Fui a casa




Os 25 anos da minha primeira sobrinha neta levaram-me à santa terrinha e a casa.
A festa foi, como todas as festas onde predomina a juventude, cheia de alegria, de comes, bebes, conversas, dança e cantorias.
E, pela primeira vez, desde o dia 26 de Julho, dormi na minha cama e acordei com o ladrar do Kiss, o cão dos vizinhos, que se julga o guarda-mor da rua.
O jardim não estava famoso , mas o noveleiro deu-me as boas-vindas logo à entrada. Os lírios amarelos e a gerbera davam alguma cor ao espaço.
Não fotografei, mas o meu carro já ganhou musgo nas janelas.





 

sexta-feira, maio 09, 2025

Música à Sexta


No Dia Da Europa, deixo-vos com uma música dos Açores, o território mais ocidental da Europa.

quinta-feira, maio 08, 2025

Porta da Vila










Os "concorrentes" foram por ordem de entrada:
Janita
Catarina
São
Teresa 
Joaquim Rosário
António
Kok


O 1º comentário da Janita tinha uma boa pista logo no 1º verso, com as palavras Ouro e al(ém).
No 2º comentário foi totalmente explícita , ao localizar nas imediações de Fátima esta porta.
A Catarina falou de princesas, de Velho e de Novo, numa clara referência ao passado histórico de Vila Nova/Vila Velha.
Depois o António acrescentou que o seu nome lembrava ouro (Ourém).
O Joaquim Rosário afirmou que a Janita já tinha desvendado o enigma.
Houve uma enorme confusão com o meu endereço eletrónico e a Teresa, mas acabou por funcionar.
A São desistiu de ler as pistas.
A Teresa deslocou-se para a Batalha e o Kok para Mogadouro
Posto isto, vamos ao que interessa.
Na foto temos a Porta da Vila que dá acesso à Vila Medieval de Ourém, também conhecida por Vila Velha.
Atualmente a cidade é só referida com o nome de Ourém, mas já foi Vila Nova de Ourém.
É neste monte que se localiza o Castelo, o Paço dos Condes de Ourém e a Sé Colegiada.
Bastava referirem ou darem a entender que se localizava em Ourém.



 

quarta-feira, maio 07, 2025

Desafio

Para aliviar um pouco o ambiente de eleições no Vaticano e entre nós, segue um desafio.
Já conhecem as regras - pistas, dicas são aceitáveis, nada de muito explícito. Penso que alguns têm o meu endereço eletrónico, mas aqui segue: leomad@sapo.pt

Divirtam-se!



 

terça-feira, maio 06, 2025

Voto Antecipado

 No próximo fim de semana irei à santa terrinha, para participar numa festa de família.

Abençoada família festeira.

Assim, fiz o "Requerimento para Voto Antecipado em Mobilidade" e já estou habilitada a votar no domingo dia 11, na sede da Junta da minha freguesia.

Votar é um direito e um dever, ficar em casa é atentar contra todos os que lutaram pela Liberdade, pela Democracia.

É preocupante a subida da extrema-direita na Europa. O mundo está em mudança e há quem não consiga entender isso. 

O Canadá e a Austrália deram um enorme exemplo de viragem, graças ao efeito Trump.

Por cá precisamos de quê?

segunda-feira, maio 05, 2025

Dia da Língua Portuguesa

" A minha pátria é a língua portuguesa"


Bernardo Soares, in "Livro do Desassossego"


Para ele/Fernando Pessoa e para mais de 200 milhões de falantes espalhados pelo mundo essa pátria chama-se Língua Portuguesa. 

sábado, maio 03, 2025

Memória do Facebook

 Um bater negro de asas

Sobressalta o céu azul,

Um risco branco no alto

Traça a rota 

Rumo ao Sul.




Nota: Hoje a Facebook trouxe-me esta memória.

quinta-feira, maio 01, 2025

Primeiro de Maio

Esperemos que já não haja patrões destes!
Um poema de Vinícius de Moraes, com algo de bíblico!





quarta-feira, abril 30, 2025

Conclave

 As ondas de choque devido ao apagão e pós-apagão ainda irão demorar a desaparecer, porque foi gravíssimo o que se passou com consequências nefastas em vários setores.

Mas já sabemos a data do início do Conclave que será a 7 de Maio.

Nessa data a Capela Sistina será encerrada com os 130 cardeais que, a partir daí, iniciarão as conversações, discussões e votações, para a escolha do sucessor de Francisco.

Neste cenário, confrontam-se duas correntes - uma maioria reformista, seguindo o ideário de Francisco e uma minoria, muito ruidosa, conservadora numa tentativa de recuo em relação às inovações já introduzidas.

Já vi o filme Conclave, que tem um Óscar para o seu argumento. Gostei bastante, não só do seu argumento mas também de excelentes interpretações.

A ficção mostrou o que, provavelmente, será a realidade, com jogos de poder, contrapoder, intrigas e algum mistério.

No final, o fumo branco anuncia um Papa jovem, vindo de terras longínquas.

Veremos o que irá acontecer na realidade.

Eu aposto num europeu, talvez espanhol.

terça-feira, abril 29, 2025

O Apagão

 Quando a luz falhou, esperei uns minutos, depois telefonei ao meu filho que me disse que estava na mesma situação e que constava que o apagão era nacional e estendia-se a Espanha.

A partir daí, não consegui estabelecer qualquer comunicação com mais ninguém.

O dia foi passado com a normalidade possível, com um almoço bem frugal, seguido de leitura e de uma boa sesta.

Quando os miúdos chegaram a casa disseram que as aulas decorreram sem problemas e o meu filho chegou sem qualquer incidente no trânsito, salientou mesmo a calma e o civismo nos cruzamentos com os semáforos desligados. Acrescentou que muita gente já tinha ido para casa, daí não haver caos.

Mas o caos estendeu-se aos aeroportos, aos terminais rodoviários,  à CP em greve, nos centros comerciais, no metro.

Onde havia geradores tudo se recompôs com a rapidez possível.

Fomos apanhados com poucos enlatados e duas ou três velas. Depois de casa roubada, trancas na porta e assim se concluiu que o tal kit de sobrevivência  tem que ser organizado e até com mais alguns acessórios.

Pelas 21h,  fez-se luz, houve gente às janelas a bater palmas e a dar vivas, claro que também aderimos a estas manifestações de alegria e de alívio. Parecia que estávamos a sair de um confinamento.

No meio deste acontecimento grave e inédito, pasmei com a minha ingenuidade - pensava que éramos independentes no que diz respeito à REN, com tantas eólicas, painéis solares e barragens.

Agora é hora dos governantes repensarem esta dependência.

domingo, abril 27, 2025

I Encontro da Canção Portuguesa



Caí por acaso em cima desta preciosidade!

Estávamos a 29 de Março de 1974 e realizava-se o I Encontro da Canção Portuguesa, no Coliseu dos Recreios que encheu com cinco mil pessoas e preço dos bilhetes a 20 escudos. Consta que se venderam alguns, no mercado negro, a 50 escudos.

Todos os cantores de vanguarda e que não se encontravam no exílio estiveram presentes:

José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Fernando Tordo, José Barata Moura, Manuel Freire, o guitarrista  Carlos Paredes, o poeta Ary dos Santos, entre muitos outros.

No que se cantou, no que se disse e na efervescência do público adivinhava-se uma raiva a subir de tom contra o regime.

Até se cantou Grândola, Vila Morena com autorização da Censura.

O Encontro terminou com o público a cantar o Hino Nacional.

Fiquei absolutamente espantada com este espetáculo, não soube de nada, não dei por nada, embora o 16 de Março já tivesse acontecido e o tivesse seguido com preocupação, por nele estar envolvido um tenente nosso amigo, que acabou por ser preso assim como todos os que saíram das Caldas.

Daí a menos de um mês a Liberdade chegou pela mão dos Rapazes dos Tanques!


sábado, abril 26, 2025

Os Vizinhos do Lado

 Já tinha perguntado ao meu filho se conhecia os vizinhos do lado e ele, com aquele ar citadino, respondeu que já os tinha visto, eram um casal na casa dos trinta e tinham um cão.

Um cão já eu sabia que tinham, porque o ouço ladrar de vez em quando, sempre a horas decentes.

Ontem, quando saímos do elevador, ia um casal a entrar no outro e com eles um cão.

Saudei-os com o meu melhor sorriso, recebi dele uma espécie de grunhido e dela, nada.

O cão ainda deu umas voltas, a fazer-se rogado para entrar no elevador.

Virei-me para ele e disse:

- Com que então tu és o meu vizinho do lado!

O cão continuava a resistir e o dono a puxá-lo com toda a força, até que entrou.

Era um cão preto, tão grande que mais parecia um pónei pequeno!

Realmente o som do seu ladrar é imponente.

Dos vizinhos humanos só ouço a porta a abrir e a fechar.

Os meus rapazes mantiveram-se em silêncio atrás de mim e ninguém abriu a boca até ao restaurante onde almoçámos e onde recebi um lindo cravo vermelho.

Claro que não me atrevi a perguntar o nome do vizinho cão, perante um encontro tão cordial!

sexta-feira, abril 25, 2025

quinta-feira, abril 24, 2025

Primeira senha, ainda a 24 de Abril de 1974







Estávamos em Março de 1974 e Paulo de Carvalho ganhou o Festival da Canção com E Depois do Adeus.  Foi esta a primeira senha para o avanço da Revolução.
Não levantou qualquer suspeita.
Sempre que a ouço, lembro-me da emoção desses primeiros tempos!

quarta-feira, abril 23, 2025

Dia Mundial do Livro


Penso que Trump e os seus seguidores nunca leram As Vinhas da Ira.
Se conhecessem as consequências dramáticas da Grande Depressão iniciada em 1929 e concluída em 1939, durando uma década, talvez agissem de forma diferente.
É este o livro que tenho entre mãos há uns tempos, porque leio sempre dois ou três ao mesmo tempo.