Canção de Outono
No entardecer da terra
O sopro do longo outono
Amareleceu o chão.
Um vago vento erra
Como um sonho mau num sono
Na lívida solidão.
Soergue as folhas e pousa
As folhas volve e revolve
Esvai-se ainda outra vez.
Mas a folha não repousa
E o vento lívido volve
E expira na lividez.
Eu já não sou quem era;
O que eu sonhei, morri-o;
E mesmo o que hoje sou
Amanhã direi: quem dera
Volver a sê-lo! mais frio
O vento vago voltou.
Fernando Pessoa
Outono, já?
ResponderEliminarPessoa, sempre!
Abraço
O OUTONO 🍂 é exposto na música, na arte, na literatura, mas tem o seu papel principal na POESIA.
ResponderEliminarAbraço-te, Leo, neste domingo frio e cinzento claro e canto 🎶
“Eu gosto é do verão
……………………………………
No outono a escola ameaça abrir
No outono passo a noite a tossir
No outono há folhas sempre a cair
E a chuva faz os prédios ruir”
Que beleza de poema!... Se o lermos atentas e despertas, ao significado de cada estrofe.
ResponderEliminar"Eu já não sou quem era;
O que eu sonhei, morri-o;
E mesmo o que hoje sou
Amanhã direi: quem dera
Volver a sê-lo!"...
Acho que, pela primeira vez, entendi a dor que a alma de Pessoa sentiu!
Grande abraço, Leo.
Talvez tivesse sido a sua instabilidade emocional que o inspirou a escrever poesia tão triste, tão melancólica.
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