domingo, setembro 21, 2025

Poesia ao domingo

 Canção de Outono


No entardecer da terra

O sopro do longo outono

Amareleceu o chão.

Um vago vento erra

Como um sonho mau num sono

Na lívida solidão.


Soergue as folhas e pousa

As folhas volve e revolve

Esvai-se ainda outra vez.

Mas a folha não repousa

E o vento lívido volve

E expira na lividez.


Eu já não sou quem era;

O que eu sonhei, morri-o;

E mesmo o que hoje sou

Amanhã direi: quem dera

Volver a sê-lo! mais frio

O vento vago voltou.



Fernando Pessoa

2 comentários:

  1. Outono, já?
    Pessoa, sempre!
    Abraço

    ResponderEliminar
  2. O OUTONO 🍂 é exposto na música, na arte, na literatura, mas tem o seu papel principal na POESIA.

    Abraço-te, Leo, neste domingo frio e cinzento claro e canto 🎶

    “Eu gosto é do verão
    ……………………………………
    No outono a escola ameaça abrir
    No outono passo a noite a tossir
    No outono há folhas sempre a cair
    E a chuva faz os prédios ruir”

    ResponderEliminar