domingo, setembro 14, 2025

Poesia ao domingo

Natália Correia nasceu, nos Açores,  a 13 de setembro de 1923 e é um vulto assinalável e desassombrado da nossa literatura.

Hoje recordo-a.


Há noites...


Há noites que são feitas dos meus braços

e um silêncio comum às violetas

e há sete luas que são sete traços

de sete noites que nunca foram feitas.


Há noites que levamos à cintura

como um cinto de grandes borboletas.

E um risco de sangue na nossa carne escura

de uma espada à bainha de um cometa.


Há noites que nos deixam para trás

enrolados no nosso desencanto

e cisnes brancos que só são iguais

à mais longínqua onda de seu canto.


Há noites que nos levam para onde

o fantasma de nós fica mais perto:

e é sempre a nossa voz que nos responde

e só o nosso nome estava certo. 

4 comentários:

  1. Desconhecia este poema de Natália que tinha uma garra tremenda!
    Beijos e um bom domingo!

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  2. Desassombrada, dizes bem. O que a fez ser amada por uns e odiada por outros. Eu, fui sempre sua fã!
    O seu poema 'Truca-Truca' ou 'O Coito do Morgado', não sei bem como ficou a chamar-se, foi das 'cenas' mais incríveis de aquando foi Deputada na AR e se debatia a despenalização do aborto, perante a afirmação do deputado do CDS de que o acto sexual servia para a procriação. Ora como o dito cujo só tinha um filho...

    Considero este poema muito nostálgico, talvez tenha sido escrito numa época menos boa da Poetisa/Escritora, mais rebelde e controversa da sua época.
    Escolheste bem a autora.
    Abraço

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  3. Bom domingo de Paz, querida Rosa!
    Tem noites e noites...
    Temos que adentrar em cada uma e vivê-la o melhor possível.
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Beijinhos fraternos

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  4. Natália? Está tudo dito!
    Abraço

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