domingo, julho 27, 2025

Poesia ao domingo

 Onda que, enrolada, tornas

Pequena, ao mar que te trouxe

e ao recuar te transtornas

Como se o mar nada fosse.


Porque é que levas contigo

Só a tua cessação,

E, ao voltar ao mar antigo,

Não levas o meu coração?


Há tanto tempo que o tenho

Que me pesa de o sentir.

Leva-o no som sem tamanho

Com que te oiço fugir!


Fernando Pessoa

14 comentários:

  1. Um poema com a marca de um dos maiores.
    Abraço, bom domingo.

    ResponderEliminar
  2. Boa escolha!
    Beijos e um bom domingo

    ResponderEliminar
  3. Um dos maiores, dizes bem, António!

    Abraço

    ResponderEliminar
  4. Três belíssimas quadras em redondilha maior, assinadas por Pessoa.

    Bela escolha, Leo!

    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Fernando Pessoa , ortónimo, é de muito fácil leitura, talvez pela métrica e pela rima.

      Abraço

      Eliminar
  5. Tu a pensares no mar... eu, na areia molhada... :)
    Sempre angustiado, este nosso poeta, que, com a sua instabilidade emocional, nāo teve uma existência feliz.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O sofrimeto psicológico é quase uma constante nos grandes poetas!

      Abraço

      Eliminar
  6. Fernando Pessoa transmite uma sensação de amor, saudade e a dor de uma separação, usando a metáfora da onda e do mar para expressar esses sentimentos. A imagem da onda que se enrola, se encolhe e volta ao mar, levando consigo o coração do poeta, é brilhante. O cabeçalho sintoniza com o tema do poema.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O poeta sofre por ter um coração que lhe pesa e gostaria que a onda lho levasse e o aliviasse da dor.
      Só um eu poético pode desejar o impossível.

      Abraço

      Eliminar
    2. Se o „eu poético“ não desejasse o impossível, era um „eu realista“.

      Eliminar
  7. Um belo poema do Fernando Pessoa.
    Boa semana.
    Um abraço.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É fácil encontrar belos poemas de Fernando Pessoa.

      Abraço

      Eliminar