Onda que, enrolada, tornas
Pequena, ao mar que te trouxe
e ao recuar te transtornas
Como se o mar nada fosse.
Porque é que levas contigo
Só a tua cessação,
E, ao voltar ao mar antigo,
Não levas o meu coração?
Há tanto tempo que o tenho
Que me pesa de o sentir.
Leva-o no som sem tamanho
Com que te oiço fugir!
Fernando Pessoa
Um poema com a marca de um dos maiores.
ResponderEliminarAbraço, bom domingo.
Boa escolha!
ResponderEliminarBeijos e um bom domingo
Um dos maiores, dizes bem, António!
ResponderEliminarAbraço
Três belíssimas quadras em redondilha maior, assinadas por Pessoa.
ResponderEliminarBela escolha, Leo!
Abraço
Tu a pensares no mar... eu, na areia molhada... :)
ResponderEliminarSempre angustiado, este nosso poeta, que, com a sua instabilidade emocional, nāo teve uma existência feliz.
Fernando Pessoa transmite uma sensação de amor, saudade e a dor de uma separação, usando a metáfora da onda e do mar para expressar esses sentimentos. A imagem da onda que se enrola, se encolhe e volta ao mar, levando consigo o coração do poeta, é brilhante. O cabeçalho sintoniza com o tema do poema.
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