Renúncia
Como nunca vieste, já não venhas.
O mais rico tesouro é o que se nega.
Ágil veleiro doutros mares, navega
Com as asas que tenhas!
Foge de ti, porque de mim fugiste.
Alarga a solidão que me consome.
E apaga na memória a praia triste
Onde eu pergunto às ondas o teu nome
Miguel Torga
Miguel Torga fala sobre a renúncia, a ausência e o desejo de libertar-se de algo que não veio ou que se foi. A ideia de que „o mais rico tesouro é o que se nega“ sugere que às vezes o que mais valorizamos é aquilo que deixamos ir, talvez por amor ou por dor. A imagem do veleiro que navega “com as asas que tenhas" é muito poética, transmitindo a ideia de liberdade e de seguir em frente, mesmo sem a presença de quem se deseja. A referência à praia triste e às ondas perguntando pelo nome reforça a sensação de saudade e de uma busca por respostas na memória.
ResponderEliminarAs minhas raízes transmontanas aplaudem a tua escolha.
Este poema, como tantos outros reflete o tema da busca de algo que lhe dê conforto.
EliminarPode ser o amor, o divino, ou mesmo algo que nem ele consegue definir.
É maravilhoso como o poeta, em duas quadras, consegue dizer tanto.
Abraço
Muito verdadeiro e gostei da tua escolha!
ResponderEliminarBeijos e um bom domingo!
Gosto de escolher poemas que digam muito em poucas palavras.
EliminarAbraço
Uma vez mais, Torga!
ResponderEliminarMuito bom.
Abraço
Torga nunca desilude, seja em poesia, seja em prosa.
EliminarAbraço
Este poema pode ser interpretado de tantas maneiras. É como interpretar uma determinada pintura. E o que eu quero realmente saber é o que o autor ou pintor queria transmitir e nem sempre isso acontece. Não quero ficar apenas com o meu parecer, por isso, gosto de ouvir, simultaneamente, a interpretação do objeto da minha admiração – relativamente a quadros, por exemplo, quando estou numa exibição.
ResponderEliminarSabendo que Miguel Torga (tenho apenas um livro dele embora tivesse lido mais que um! 😉) se debruçava sobre o tema solidão, natureza, relacionamento entre humanidade-terra, talvez a renúncia seja uma forma de se libertar das expetativas para o futuro.
Curiosamente, quando penso em Miguel Torga, penso numa pessoa de espírito forte, sólida, confiante. No entanto, foi um homem que também procurava a sua identidade, o seu objetivo na vida. Vulnerabilidade e Miguel Torga nunca “combinaram” na minha mente. Desde sempre.
Como interpretas este poema?
Dizes bem, um poema tem as interpretações de cada leitor.
EliminarMiguel Torga é um ser angustiado na procura do divino.
Aqui neste poema parece-me que desistiu de encontrar ou ser encontrado por uma revelação que lhe dê serenidade.
Mas nem sabe bem como chamar a esse sentimento.
Também é um poeta telúrico, aqui é o mar que o liga à terra.
.Abraço
Gosto da tua interpretacao!
EliminarSó dei a minha interpretação porque pediste.
EliminarDeixo às e aos leitores a sua interpretação. 😀
Abraço
Eu sei. :)
EliminarUm magnífico poema de um grande poeta português.
ResponderEliminarUm poema de renúncia, quando já não há nada que se possa fazer...
Obrigado pela partilha.
Boa semana.
Um abraço.
Miguel Torga é um dos meus poetas favoritos.
EliminarBoa semana também para o Jaime!
Abraço
Torga, um dos nossos maiores em todos os aspectos.
ResponderEliminarAbraço, boa semana.
Sem dúvida, São!
EliminarAbraço