Ser Poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além-Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca
Nasceu mulher num tempo e num espaço pequenos de mais para a conter
É uma mulher para além do seu tempo.
P. S. Podem aproveitar para ouvir Luís Represas e os Trovante na magnífica interpretação deste soneto.
Florbela Espanca captura de forma a essência do ser poeta — alguém que procura algo maior, que vive com desejos profundos e uma paixão ardente pela vida e pela arte. A combinação de imagens fortes, como "garras e asas de condor" e "fome, sede de Infinito", transmite a intensidade e a complexidade desse sentimento.
ResponderEliminarUma definição de poeta absolutamenye genial!
EliminarAbraço
Antes de ler o poema quis saber primeiro quem era o autor. E quando li Florbela Espanca veio-me à mente o “efeito Sylvia Plath”. Não me lembro quem (nem vou pesquisar agora) “criou” esta expressão, mas sei que se refere à tendência de os poetas (mais mulheres do que homens) serem pessoas que sofrem de depressão, com vidas muito atribuladas e que acabam por pôr fim à sua vida.
ResponderEliminarNa minha fase “leitura de poemas” – adolescência e jovem adulta – foi essa a impressão que me ficou: a tristeza e o sofrimento das/os poetisas e poetas.
A vida da grande Florbela Espanca foi isso mesmo e o fim é aquele que sabemos.
Todavia, o poema que escolheste não é triste, nem deprimente. Aqui ela valoriza a arte de ser poeta, de ser superior aos demais... que eu até admiro. Tenho muito respeito e admiração pelos que conseguem expressar-se por meio de versos – incluo os amigos e amigas virtuais que leio. Um “dom” que não tenho por mais que me esforce !!!
Florbela teve uma vida atribulada, até no nascimeto.
EliminarDecidiu suicidar-se no dia em que fez 36 anos!
Escolhi este soneto por não estar marcado pela dor, mas aproveitei para reler outros.
Também não tenho esse dom e para mim ser poeta vai para além da rima.
Rimar até eu sou capaz, com algum esforço e a martelo. 😀
Abraço
Eu, nem a martelo!
Eliminar:))
Tanto o poema de Florbela, quanto a sua adaptação pelos 'Trovante' na voz de Represas, então vocalista da Banda, é de uma beleza ímpar.
ResponderEliminarUm abraço.
Concordo contigo, Janita!
EliminarAbraço
Gostei muito deste teu post que que foi dois em um!
ResponderEliminarBeijos e um bom dia
Obrigada, Fatyly!
ResponderEliminarAbraço
Grande soneto!!!
ResponderEliminarAbraço
É mesmo!
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Muito bom : juntaste duas publicações numa.
ResponderEliminarAbraço, boa semana :)
Gosto dele das duas maneiras!
EliminarAbraço
Belo soneto e musicado, na voz de Luís Represas, ainda melhor.
ResponderEliminarConcordo com o que diz de Florbela Espanca.
Abraço
Olinda
Florbela tem sonetos maravilhosos!
EliminarAbraço