"Imagens que passais pela retina
Dos meus olhos, porque não vos fixais? "
Camilo Pessanha nasceu em Coimbra em 1867, faleceu em Macau em 1926 e é o principal representante do Simbolismo português, é marcadamente pessimista.
Vezes sem conta lembro-me destes dois versos, porque sou assaltada constantemente por imagens que relembro como se visse um filme com cores e sons.
Felizmente predominam as boas lembranças.
Como te entendo... mas sou tão pessimista que, apesar das boas lembranças, fica um amargo de boca, na boca do coração. Abç Bettips
ResponderEliminarSou otimista, apesar de todos os pesares!
EliminarAbraço
Imagens que passais pela retina
ResponderEliminarDos meus olhos, porque não vos fixais?
Que passais como a água cristalina
Por uma fonte para nunca mais!...
Ou para o lago escuro onde termina
Vosso curso, silente de juncais,
E o vago medo angustioso domina,
Porque ides sem mim, não me levais?
Sem vós o que são os meus olhos abertos?
O espelho inútil, meus olhos pagãos!
Aridez de sucessivos desertos...
Fica sequer, sombra das minhas mãos,
Flexão casual de meus dedos incertos,
Estranha sombra em movimentos vãos.
Camilo Pessanha
In “Clepsidra”
Abraço da amiga sempre com um sorriso nos lábios.
Agradeço a transcrição de todo o soneto, porque assim já é visível o seu pessimismo.
EliminarPor alguma razão me cingi só a estes versos.
Abraço agradecido e sorridente também
E a Teresa
ResponderEliminaroportuna
veio dar eco às tuas boas lembranças
Abraço
A Teresa é sempre muito completa nos seus comentários.
EliminarAbraço
A tendência é de recordar as situações menos boas. É o que vários estudos indicam.
ResponderEliminarTeremos de nos esforçar para recordar os bons momentos. : )
Já a minha tendência é a de recordar os momentos felizes!
EliminarAbraço
A minha tb!
EliminarNão conheço muito de Camilo Pessanha, assim sendo, e avaliando o seu pessimismo pelos dois versos que dizes te acudirem à memória com frequência, se ele diz que deseja que se fixem as imagens que lhe passam pela mente e logo fogem, fico sem perceber bem se serão assim tão más. Se forem boas, teria bom remédio, era deixar que viessem mais vezes... 😊
ResponderEliminarUm abraço e um sorriso.
A Teresa transcreveu todo o poema e nele é nítido o seu pessimismo, mas eu escolhi apenas os dois primeiros versos porque neles, como dizes, não se sabe ainda como são essas lembranças.
EliminarAliás a primeira quadra nada tem de pessimismo.
A partir da segunda quadra começam a surgir vocábulos conotados com dor, sofrimento que se vai acentuando até ao final.
Abraço
Ainda bem que , embora tivesses escolhido Pessanha, não aderes ao seu pessimismo.
ResponderEliminarLi Clepsidra na juventude.
Abraço, bom final de semana :)
De facto, não sou pessimista!
EliminarAbraço
em: Rosas de Inverno
ResponderEliminar"Corollas, que floristes
ao sol do inverno, avaro,
tão glácido e tão claro
por estas manhãs tristes.
Gloriosa floração,
surdida por engano,
no agonisar do anno,
tão fora da estação!
Sorrindo-vos amigas,
nos asperos caminhos,
aos olhos dos velhinhos,
à almas das mendigas!
D'esse Natal de inválidos
transmito-vos a benção,
com que vos recompensam
os seus sorrisos pallidos.
poema incluído em Clepsidra. Embora não partilhe da sua poética "tristonha" hà momentos em que a sua leitura se acalma e contrabalança o meu optimismo.
Beijinho com sorrisos