Quando a luz falhou, esperei uns minutos, depois telefonei ao meu filho que me disse que estava na mesma situação e que constava que o apagão era nacional e estendia-se a Espanha.
A partir daí, não consegui estabelecer qualquer comunicação com mais ninguém.
O dia foi passado com a normalidade possível, com um almoço bem frugal, seguido de leitura e de uma boa sesta.
Quando os miúdos chegaram a casa disseram que as aulas decorreram sem problemas e o meu filho chegou sem qualquer incidente no trânsito, salientou mesmo a calma e o civismo nos cruzamentos com os semáforos desligados. Acrescentou que muita gente já tinha ido para casa, daí não haver caos.
Mas o caos estendeu-se aos aeroportos, aos terminais rodoviários, à CP em greve, nos centros comerciais, no metro.
Onde havia geradores tudo se recompôs com a rapidez possível.
Fomos apanhados com poucos enlatados e duas ou três velas. Depois de casa roubada, trancas na porta e assim se concluiu que o tal kit de sobrevivência tem que ser organizado e até com mais alguns acessórios.
Pelas 21h, fez-se luz, houve gente às janelas a bater palmas e a dar vivas, claro que também aderimos a estas manifestações de alegria e de alívio. Parecia que estávamos a sair de um confinamento.
No meio deste acontecimento grave e inédito, pasmei com a minha ingenuidade - pensava que éramos independentes no que diz respeito à REN, com tantas eólicas, painéis solares e barragens.
Agora é hora dos governantes repensarem esta dependência.