mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Carlos Drummond de Andrade
Uma maneira poética de "sentir" as várias verdades que nos cercam!
Nota: Sem nada ter a ver com este belo e interessante poema, informo, quem ainda não deu por isso, que o enigma já está esclarecido.
Reeditei-o mas a data não ficou actualizada, por falha minha, obviamente!
Bela escolha , a tua.
ResponderEliminarConvido-te a ires ao "são": tens lá um enigma, rrss
Abraços
Como tenho andado parva, não tenho vindo cá, perdi o enigma...
ResponderEliminarO poema é lindo, e veio a calhar, Beijinho
ResponderEliminarHá enigma? Não tenho jeito. :(
Beijinho
E será que de facto existe isso a que chamamos verdade? Inteira ou mesmo em metades...
ResponderEliminarde facto, a verdade tem muitas caras :)
ResponderEliminarDrummond de Andrade é meu irmão
ResponderEliminarE há tantas verdades...
ResponderEliminarMuito bom este poema :)
Abracinho :)
Gosto de Drummond de Andrade e deste poema. Afinal verdade não há só uma...
ResponderEliminarAbraço
E existem tantas verdades Rosa, mas por vezes não são aceites.
ResponderEliminarGosto de ler Drummond.
Para os enigmas não dou uma para a caixa.
beijinho e uma flor
Poema muito interessante a lembrar-nos que, de fato, a verdade pode ser subjetiva.
ResponderEliminarRevela-nos, mais uma vez, uma grande inteligência, a poesia como meditação filosófica e a simpatia do poeta pelo subjetivismo.
Ótima postagem.
Abraço.
Adoro o poema!
ResponderEliminarBFDS!!
ResponderEliminarA VERDADE é que... sabe sempre bem revisitar este poema. :))
E porque preferes abraços a beijos, deixo-te um bem forte e verdadeiro
(^^)
Que postagem sensacional! Tinha que ser Drummond. A verdade e suas discussões e prismas diversos.. sendo que ela é uma só. O problema é que cada um quer ver conforme seu bel prazer. beijos, Rosa.
ResponderEliminarCOM VERDADE TE DESEJO UM FELIZ FIM-DE-SEMANA, ROSA DOS VENTOS!!!
ResponderEliminarUm poema que merece uma reflexão especial e mais extensa !
ResponderEliminarTal como ver a "verdade", também não vês o “mundo e as coisas” como os outros !
Para ti, o "mundo" é um reflexo de, “como tu e só tu, o vês”, mas ninguém vê o "mundo e as coisas" da mesma maneira e no entanto ele é só um, em cada momento !
Para além disso, visto por 2 vezes por cada um de nós (as "metades" do Poema), cada uma das visões é diferente !
Há várias formas de "olhar e ver". Cada um desses "olhares" cria "o mundo que observa"!
E que diferentes se tornam assim "os mundos" em que vivemos: para alguns parecem o Inferno, para outros, o Paraíso.
Daí não haver duas opiniões rigorosamente iguais, porque essa visão é sempre, sempre diferente !
Daí também, a necessária aceitação de opiniões diferentes ! Elas, simplesmente, traduzem o "olhar o mundo" e a "verdade" de cada um !
Abraço, do meu mundo para o teu e com a minha verdade ! :))
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ResponderEliminarOnde está o botão do like para pôr um like no comentário do Rui?
:D
Ó Rui, pouco faltou para explicar toda a teoria do subjetivismo!
ResponderEliminarCom a maior simpatia...
Obrigado, Afrodite ! rsrs
ResponderEliminarObrigado, Majo ! ... só tenho pena que "as pessoas" não sejam tão tolerantes como entendo que deveriam ser !...
Basta ver as "zangas" e por vezes até, insultos, quando (por ex. na política), alguém vê as coisas de forma diferente !...
O nosso "olhar as coisas" não pode ser mais subjectivo !!!
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Um poema que vem mesmo a calhar!
ResponderEliminarBjs
Sou por natureza tolerante e aceito todas as verdades, não aceito é "poliédrica verdade" da política que esconde a corrupção e nos faz ver o futuro com muitas interrogações e preocupações!
ResponderEliminarAbraço
Querida Rosa, só um esclarecimento. Não quero que me interpretes mal . Esse meu “tu”, é absolutamente impessoal é o “tu-para quem lê” . Claro que já te conheço suficientemente bem e já constatei a tua perfeita tolerância pessoal ! Só usei a política como mero exemplo. Portanto, esclarecido, nada, nada de pessoal ! rsrs
ResponderEliminarO que eu quero dizer é que :
Há “coisas” que se ouvem, vêem e sentem, que ressoam dentro de nós como “verdadeiras”, assim como há outras que ressoam como “falsas” (a outra face da tal “verdade”). Acho que, não devemos (impessoal) reagir às “pessoas” nem às “coisas”, mas sim a “esse ressoar”, que fica dentro de nós, a que eu chamo “tolerância” ! :))
Abraço, tolerante ! rsrsrs
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Afinal o que é a verdade?
ResponderEliminarTudo é verdade desde que acreditemos!
Quantas verdades antes eram mentiras e só passaram a ser verdades só porque acreditamos nelas. Agora até foi inventada uma palavra que agrada a "gregos e a troianos", que se situa entre a verdade e a mentira - "inverdade". Não sei bem o que é. mas a certos mentirosos já se passou a chamar "inverdadeiros"...
Um abraço
Jardineiro do Rei
Claro que esse "tu" não era explicitamente para ninguém, entendi perfeitamente, Rui!
ResponderEliminarQuis apenas dizer que a minha tolerância tem limites, como a de toda a gente!
Abraço igualmente tolerante
Mesmo derrubando a porta e a “verdade” ter a possibilidade de entrar inteira, continuará a haver sempre várias verdades.
ResponderEliminarAbraço : )
Infelizmente, por vezes, sou pateticamente crédula e acontece-me crer por verdade o que não tem nada de verdadeiro...
ResponderEliminarMas o tema é apenas e só, sobre a verdade.
Continuação de bom fim de semana para todos.
belíssimo poema de um Poeta enorme...
ResponderEliminarbeijo
Um belíssimo poema e a forma poética mas crua e realista de ver a verdade!
ResponderEliminarEu bem pesquisei mas não cheguei ao mosteiro do enigma:(. Espero pelo próximo, mesmo que não descubra gosto de andar "às voltas"!
Bom Domingo.
Um abraço.
http://orientevsocidente.blogspot.pt/
ResponderEliminarvim espreitar
e gostei
de ler algumas verdades
que muitos tentam
fingir que não vêem
mesmo debaixo do seu nariz
a música é deliciosa
sinto-me a levitar!
Obrigada pela partilha
...
sobre o meu "Oriente"
li aqui e transcrevo:
- Bangladesh?! - questionei com admiração.
- Sim!- disseram eles com um largo sorriso.
é isso!!!
um povo humilde e sorridente
tomara outros povos do mundo
serem como eles...
meu ORIENTE
acredite que o faço
sempre com o pensamento
em si e todos aqueles
que não poderão visitar
o Oriente,
para mostrar o que existe
noutros locais do Mundo.
infelizmente
sou e serei
sempre
incompreendida
porque a sensação que tenho
é que as pessoas
NÃO ESTÃO NEM AÍ...
borrifam-se para o que
existe no mundo
apenas vegetam
não sabem VIVER.
um beijo meu .
ADORO
Carlos Drummond de Andrade
toda a sua escrita é preciosa!
Também gosto muito de
enigmas
mas já cheguei atrasada
Vim aqui desejar-te as melhoras, mas vou sair a correr, não vás tu largar os teus átomos em cima de mim ehehe
ResponderEliminarAbracinho e as melhoras :))
Rosinhamiga
ResponderEliminarTive o privilégio e a honra de conhecer Carlos Drummond de Andrade e de com ele conversar duas tardes mais uma manhã.
Aproveitei bem (julgo) a vida de jornalista para ter emoções diversas (e bastantes) como essa.
E digo isto porque, a dado momento e porque já era tarde, o "Monstro" convidou-me para jantar em sua casa, onde conversávamos.
E já não me lembro muito bem, mas, entre uma moqueca e virado, fomos dar com o Pirandello e o seu A cada um a sua verdade e depois ao Ionescu e a sua Lição em busca da verdade.
Foi então que Drummond me mostrou um "papel" (palavra dele) onde escrevera este poema.
Regressei ao Hotel Batalha virado a Copacabana sem o tal "papel" que tanto desejava. No dia seguinte, a última tarde de conversa, tive vergonha de lho pedir. Mas, como recordação, ofereceu-me uma cópia para revisão de um poema de deixar-me qual boi perante um palácio.
Chama-se Em Louvor da Miniblusa e dele extraio o seu final:
Ai, blublu de semiblusa,
de Ipanema ou Siracusa,
que me perco na fiúza
de capturar o mistério
— Quid mulieris... ? — do corpóreo.
Mas chega de latinório,
vaníloquo verbolório
e versiconversa obtusa
de tudo que a musa canta,
pois mais alto se alevanta
o sem-véu da miniblusa
Autografado, é um dos meus tesouros. Não tenho oiro nem prata nem propriedades - nada disso; mas tenho coisas como esta...
Perdoa-me o comentário tsunâmico, mas... foste tu quem começou... a festa.
Qjs
PS - Se quiseres mais alguma informação sobre "coisas" que eu tenha, pergunta na Travessa. Obrigado.
Precioso o seu tesourinho, Henrique!
ResponderEliminarPercebece-se que teve uma vida bem vivida.
Preocupado com a verdade o grande Drummond!
Obrigada por partilhar conosco.
Com simpatia...
Sem dúvida Rosinha, poemas são
ResponderEliminarretratos da vida ditos e escritos
com doçura, beijo
Gosto muito de CDdA, e este poema é uma lição!
ResponderEliminarSaudades :-)
não conhecia e gostei
ResponderEliminarou seja: cada um escolheu a meia verdade que mais se lhe adequava...
ResponderEliminarum abraço, amiga Rosa dos Ventos.
Bom poema. Gostei muito de o
ResponderEliminarler. Desejo que esteja bem.
Bj.
Irene Alves
ResponderEliminar"(...) as verdades únicas não existem: as verdades são múltiplas, só a mentira é global"
José Saramago
Bjs
Poema que só poderia ser de Drummond de Andrade!
ResponderEliminarMeias verdades são meias mentiras? A minha verdade representa aquilo em que acredito, se houver quem veja os mesmos factos com um olhar diferente, dirá que a verdade é sua.
Verdade, verdadinha é que eu gosto de poesia e o Drummond era um poeta de mil facetas, e todas elas muito sui generis.
Rosa, as letras do poema, pintaste-as de verde, por amor clubístico?:-)
Abraço.
RV, que se passa? Tem passado no Areeiro.... mas o Rosa do Ventos anda há muito sem novidades!
ResponderEliminarEra dividida em metades
ResponderEliminar------
E qual das metades a mais verdadeira?!...
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Tudo de bom por aí.
Manuel
Verdade? Dizem que cada um tem a sua, mas parece-me que há alguns que lhe desconhecem o significado.
ResponderEliminarVotos de boas e rápidas melhoras
Ler aos grandes pensadores enriquece ao ser. Obrigado.
ResponderEliminarProcurei um email para contactar contigo e não encontrei. Falei com a Mari Carmen e disse-me que me proporcioneis os dados da vossa Coral, assim como a pessoa de contacto, e ela falará com o Presidente da Coral Gregorio Gea, à que pertence: é uma das que actuou na Capela Alfonso El Magnánimo, e que viste no meu blog.
Abraços
A verdade nunca é fácil, mas alguma vez temos que a aceitar.
ResponderEliminarAbrs
Verdades às metades sem nunca sabermos ao certo qual metade é mais verdadeira. :)
ResponderEliminar♡°º•.¸ Olá!
ResponderEliminarMeia verdade, meia vida, meia mentira que é pior que uma mentira inteira!...
Bom domingo!
☾♫º°•.¸ Boa semana!
♪♪♬♫º°•.¸Beijinhos
Brasil °º✿♫
Li no blogue da Janita que estás ausente por doença.
ResponderEliminarAs melhoras para quem estiver doente – tu ou algum membro da tua família.
Bjos
Doente?
ResponderEliminarEspero que melhores rápido!!!
Beijinho docinho!!!
Muito lindo e encantador este teu poema,gostei bastante. Beijinhos e até breve!!
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