Há dias recebi das mãos da minha irmã uma agenda, bem pequenina, do ano de 1965. Encontrou-a quando fazia umas arrumações na casa que herdou dos nossos pais.
Folheei-a com interesse e verifiquei que nessa altura tinha por hábito registar tudo o que de especial fazia ou me acontecia.
Nesse ano já estava em Lisboa, na Faculdade de Letras, e embora a mesada fosse curta, ia ao cinema com alguma regularidade, ficando no 2º balcão porque era mais barato!
Dos vários filmes que vi apresento-vos estes três.
"Picnic" datado de 1955, um drama de amor com uma bela cena de dança que pude recordar no Youtube...e cujos intérpretes estão bem visíveis na imagem.
"David e Lisa" de 1962 cujo enredo gira à volta da relação que se estabelece entre dois jovens com perturbações psicológicas e que se encontram numa clínica psiquiátrica.
Ele sofre de afefobia, medo de ser tocado, ela tem dupla personalidade, com uma exprime-se oralmente através de rimas, com outra apenas escreve e desenha.
Acompanhados por um médico dedicado, protagonizado por Sidney Poitier, acabam por conseguir ultrapassar as suas perturbações.
"O Obcecado",de 1965, baseado na obra " The Collector" do britânico John Fowles relata a história de um jovem muito tímido, coleccionador de borboletas, que fica milionário com a lotaria, compra uma enorme mansão isolada e decide raptar uma jovem estudante de artes, rodeando-a de tudo a que estava habituada.
Desenvolve-se um estranho relacionamento entre o sequestrador e a vítima mas ela acaba por adoecer e morrer.
O filme termina com ele a meter-se numa carrinha, em busca de nova vítima.
Este pormenor da carrinha veio-me subitamente à ideia e nem sei bem se estou certa.
Consta que o livro, que deu origem ao filme, foi encontrado em casa de vários indivíduos que, nos Estados Unidos, cometeram este tipo de crime.
Freddie Clegg, o obcecado, é interpretado por Terence Stamp e Miranda Grey, a jovem, é interpretada por Samantha Eggar.
Nota: É óbvio que só a "velha guarda" que anda por aqui se poderá lembrar destes filmes!
Gostaria ainda de saber, caso os tenham visto todos, qual dos três têm mais presente.
Nem sequer conhecia. :((
ResponderEliminarNão os vi.
ResponderEliminarMas aguardo, como sempre, para ler todas as opiniões. : )
Abraço
"Picnic" é um dos meus filmes preferidos. Um drama de amor com óptimos e bonitos actores, que
ResponderEliminarcostuma passar aqui na TV aos domingos à tarde, por isso, já o vi repetidas vezes e sempre com grande prazer.
Dos outros dois lembro-me vagamente.
Lamento, Rosa.
ResponderEliminarA minha jovem idade não me permite recuar tanto no tempo.
:)
Obcecado, sem dúvida! De Picnic tenho uma ideia vaga e de David and Lisa lembro-me de ter gostado, mas não retenho na memória o seu enredo.
ResponderEliminarAgora "Obcecado" tenho bem presente!!!
não me recordo de ver qualquer um deles, nem mesmo na televisão, Rosa. :)
ResponderEliminarabraço
Acho que vi os três, recordo com mais detalhes "O Obcecado", não por o ter achado bom (talvez até fosse) mas por ser doentiamente perturbador. Nesses anos, era um cineclubista devoto e os meus interesses cinematográficos concentravam-se nas boas coisas do cinema europeu (que entretanto hollywood "comeu")
ResponderEliminarSem dúvida o "Picnic" e os seus protagonistas. Dos outros 2 não me lembro se os vi.
ResponderEliminarLembro-me bem dos actores Sidney Poitier e da Samantha Eggar, dos outros actores não me lembro.
Entre 58 e 62 deve ter sido o período em que mais filmes vi. Via muito as sessões duplas do Carlos Alberto e anotava os filmes todos, mas perdi-lhe o rasto ! :))
.
Não vi nenhum. Sou muito novinha :) em 65 tinha 11 anos.
ResponderEliminarLembro-me apenas do Sidney Poitier...
ResponderEliminare não é falta de memória mas de idade.
:)
Rosa
ResponderEliminarEu nasci em 1956, só vi TV já tinha quase 10 anos e foi num café onde meu irmão com 13 me levou sem o meu pai saber.
Beijinho
É assim que se vê como sou TÃO mais nova do que tu!.... Não vi nenhum! Nessa altua ainda andava no liceu em Lisboa e tinha horas marcadas para regressar a Sintra! Só ia ao cinema com os meus pais e nunca fui ver nenhum destes.
ResponderEliminarBeijo
Querida Rosa, tu estás muito à frente!! Nessa altura eu era mais brincar às mercearias e às mães e às filhas! ;)
ResponderEliminar1965... tinha 8 anitos... ainda andava a aprender a fazer contas... e, nessa altura, picnic era mesmo...e só, dentro de uma cesta e quando o rei fazia anos ;)
ResponderEliminarBjos
Lembro-me muito bem do Picnic , um filme que fui ver com os meus pais. Dos s outros dois não me lembro , penso que os não fui ver.
ResponderEliminar1965 ! Há quantos anos!
Cara Rosa, não é uma resposta ao teu post, pois só me recordo vagamente do Picnic, como castigo aqui fica um poema, que vais gostar decerto.
ResponderEliminarPoema da MemóriaHavia no meu tempo um rio chamado Tejo
que se estendia ao Sol na linha do horizonte.
Ia de ponta a ponta, e aos seus olhos parecia
exactamente um espelho
porque, do que sabia,
só um espelho com isso se parecia.
De joelhos no banco, o busto inteiriçado,
só tinha olhos para o rio distante,
os olhos do animal embalsamado
mas vivo
na vítrea fixidez dos olhos penetrantes.
Diria o rio que havia no seu tempo
um recorte quadrado, ao longe, na linha do horizonte,
onde dois grandes olhos,
grandes e ávidos, fixos e pasmados,
o fitavam sem tréguas nem cansaço.
Eram dois olhos grandes,
olhos de bicho atento
que espera apenas por amor de esperar.
E por que não galgar sobre os telhados,
os telhados vermelhos
das casas baixas com varandas verdes
e nas varandas verdes, sardinheiras?
Ai se fosse o da história que voava
com asas grandes, grandes, flutuantes,
e poisava onde bem lhe apetecia,
e espreitava pelos vidros das janelas
das casas baixas com varandas verdes!
Ai que bom seria!
Espreitar não, que é feio,
mas ir até ao longe e tocar nele,
e nele ver os seus olhos repetidos,
grandes e húmidos, vorazes e inocentes.
Como seria bom!
Descaem-se-me as pálpebras e, com isso,
(tão simples isso)
não há olhos, nem rio, nem varandas, nem nada.
António Gedeão, in 'Poemas Póstumos'
Caros amigos
ResponderEliminarJá desconfiava ser uma peça de museu que por aqui navega, tipo "caravela quinhentista" e fiquei com a prova disso a partir dos vossos comentários! :-))
Se voltar a falar de filmes não irei recuar tanto, juro!
Abraço
Caro Alberto David
ResponderEliminarSempre simpático e generoso nos seus comentários!
Gosto muito de António Gedeão e do Tejo também! :-))
Obrigada!
Abraço
Não conheço nenhum o que até admira porque sou fã de filmes assim.
ResponderEliminarNão vi nenhum destes filmes. Nem ia muito ao cinema porque ainda andava por aldeias deste nosso concelho que nem transportes tinham e carro...ainda não "havia"!
ResponderEliminarUm abraço.
RV,
ResponderEliminarJá vi que nos tempos idos em que estes filmes passaram nos cinemas eras uma cinéfila completa. Eu... nem umzinho para amostra.
Acabei o comentário, por isso.
Jokas e bom FdS
Vi o 3º na televisão e impressionou-me muito, por a garota que era raptada lutar tanto e em vão para se libertar e pelo horror de tudo se ir repetir de novo.
ResponderEliminarPenso que também terei visto o 1º na televisão, mas não me lembro da história.
Que bom trazeres ao de cima estas recordações a uma cinéfila inveterada:)))) Adorei "O Obcecado", foi uma dos filmes que mais me impressionou na altura...
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