segunda-feira, maio 02, 2011

Tempo de Papoilas



Sempre que vejo papoilas, embora este ano ainda tenha visto poucas, me lembro deste poema de Cesário Verde...

De Tarde

Naquele "pic.nic" de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoilas.

Pouco depois, em cima de uns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro de papoilas.

Cesário Verde

28 comentários:

  1. Adoro papoilas e sempre gostei muito deste poema de Cesário.

    Uma semana boa.

    ResponderEliminar
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  3. e eu lembro josé gomes ferreira:

    olha, ainda há flores!
    mas quem se atreve a cantar a flor do verde pinho
    no madrigal desta manhã de pesadelos?
    e tu, papoila, minha bandeira breve
    quando voltarás ao teu destino
    de enfeitar cabelos?


    embora aprecie - e muito - o cesário verde.

    grande abraço, rosa dos ventos

    ResponderEliminar
  4. Lindas as papoilas e o poema que não conhecia.
    Beijo

    ResponderEliminar
  5. Gostava de ser um pássaro para voar sobre todos os campos floridos que apenas vislumbramos nesta altura do ano em cada Primavera que eu tanto amo e tanto mexe comigo.

    Beijossssss

    ResponderEliminar
  6. Entre o supremo encanto da merenda e o destino de enfeitar cabelos, liberdades poéticas desiguais, digo-lhe, das papoilas, o que lhes gosto mais... comparo-as a pássaros. Papoilas e pássaros, não se dão com outro destino que não a lberdade dos campos. Experimente colher tal flor e logo se vão seus encantos. Não se dá seja qual for a clausura. Uma vez colhida, pouco dura...

    ResponderEliminar
  7. Encarnadas são também as rosas.
    Esvoaçantes, ao sabor do vento
    Prefumadas, bravas, doces, belas
    Oferecem ao mundo o seu encanto.
    ;)

    ResponderEliminar
  8. A mim e à minha mulher faz-nos lembrar a viagem de núpcias, (claro, casamos em Maio).
    Em determinada altura passamos por um campo delas, tantas, tantas e ficamos a apreciá-las. Pena morrerem ao fim de muito pouco tempo de ser colhidas.
    .

    ResponderEliminar
  9. Querida Rosa, gosto muito deste poema do Cesário Verde, tal como de papoilas :)

    ResponderEliminar
  10. Não há dúvida que são graciosas, belas, frágeis e... espertas... nada de durar muito, para não criar maus hábitos ;)

    Bjos

    ResponderEliminar
  11. Rosa,
    Muito bem visto o poema, ele é maravilhoso.
    Sempre achei as papoilas encantadoras e sensuais...

    Beijo :)

    ResponderEliminar
  12. Tão belo, Rosa! O poema, este tempo de recomeço, a tua associação de ideias!

    ResponderEliminar
  13. RV, antes de vir para estas terras pertencia (e hei-de voltar a pertencer) a um club de leitura em que um dos autores estudados foi Cesário Verde. Esse poema foi especialmente explicado por duas colegas que sabem do assunto…gostei imenso.
    Quanto às papoilas, sempre que me debruço sobre elas, lembro-me da minha infância e de como, com elas, eu e a minha irmã estragamos uns lindos vestidos que então levávamos! O nosso pai, sempre pronto a deixar-nos conhecer a natureza, e sem ligar a essas coisas de vestidos novos deixou-nos entrar por um campo de papoilas parecido ao da sua fotografia… e o resultado como se imagina foi desastroso!

    ResponderEliminar
  14. Sabes onde foi tirada a foto, Justine?
    No caminho de Santo Amaro para o Alveijar!

    ResponderEliminar
  15. Muito lindas, as papoilas! Adoro vê-las nos campos. Têm um encarnado único! O poema também é muito bonito; bem ao jeito de Cesário. Só não gosto de pic-nics... Sou muito citadina, como sabes!

    Beijos vermelhos, de Maio!

    ResponderEliminar
  16. Eu gosto de piqueniques mas familiares, nada de arraiais minhotos Fazia muitos quando os miúdos eram pequenos!
    Eles adoravam!

    Abraço, citadina

    ResponderEliminar
  17. A mim também me encantam!
    Sou incapaz de não as fotografar...mesmo que pareçam repetidas das fotos.

    Gosto deste poema...e gosto de o analisar.:)
    um gde beijinho

    ResponderEliminar
  18. É uma delícia este poema de Cesário Verde! Até parece que saboreamos os frutos e o pão-de-ló molhado em malvasia! Lembro-me dele declamado por João Villaret mas no youtube só aparece noutras interpretações.
    Obrigada pela lembrança.

    ResponderEliminar
  19. Gosto de papoilas.
    Não conhecia o poema e vou copiá-lo para arquivar e poder relê-lo. Abraço.

    ResponderEliminar
  20. Rosinha,

    Vai lá ao blogue ver se recordas aquele rosto.
    bji

    ResponderEliminar
  21. Confesso que tenho assim como que uma alergia a arte parnasiana e a sugestões pictóricas.

    Fiquei corado...

    ;)

    ResponderEliminar
  22. Também adoro papoilas e este ano por acaso tenho visto algumas!
    Bjs

    ResponderEliminar
  23. Adoro este poema de Cesário Verde. Estive quase a publicá-lo no outro dia. Depois a net foi a baixo...

    ResponderEliminar
  24. É raro ver papoilas por aqui. São lindas e alegres.

    beijos Rosa...com Sol!

    ResponderEliminar
  25. Elas, as papoilas, são belas, alegres e frágeis!
    Só um poeta se lembraria de as colocar tão sensualmente no decote de uma jovem... :-))
    É que, além de se desfazerem rapidamente, deixam manchas na roupa como alguém aqui disse!

    Abraço

    ResponderEliminar
  26. Amei, desde sempre, a poesia de Cesário Verde.

    Somos um país de poetas à beira-mar.

    ResponderEliminar