terça-feira, junho 17, 2025

Reflexões

 Na Biblioteca Palácio Galveias, António Araújo fez a apresentação da biografia de Herberto Helder "Se Eu Quisesse Enlouquecia", da autoria de João Pedro George.

É uma longa, interessante e inusitada apresentação onde se refere que o autor pesquisou, durante 8 anos, tudo e mais alguma coisa sobre o homem e o poeta, para publicar esta obra que atinge quase 900 páginas.

Mas a minha reflexão só tem a ver com o título, aliás enlouquecer é um verbo recorrente em Herberto Helder.

Penso eu que querer enlouquecer não é assim tão difícil, difícil será poder enlouquecer.

Se eu pudesse enlouquecia não tem nada de poético, prende-se apenas e só com a nossa capacidade de resistência a esta vertigem que é a vida.

domingo, junho 15, 2025

Poesia ao domingo

 Vidro Côncavo


Tenho sofrido poesia

como quem anda no mar.

Um enjoo.

Uma agonia.

Sabor a sal.

Maresia.

Vidro côncavo a boiar.


Dói esta corda vibrante.

A corda que o barco prende 

à fria argola do cais.

Se vem onda que a levante

vem logo outra que a distende.

Não tem descanso jamais.


António Gedeão, in Poesias Completas

sexta-feira, junho 13, 2025

quinta-feira, junho 12, 2025

Leituras

 A leitura da biografia de Maria Teresa Horta levou-me a reler algumas das Novas Cartas Portuguesas.

Deixo-vos com um extrato que reflete bem a violência doméstica, cada vez mais visível na comunicação social, sobretudo com assassinatos de mulheres e também violações.

" Maria corre por entre as pessoas que àquela hora se aglomeram nos passeios, corre sem ver para onde, sem saber se ele a persegue a fim de a tentar levar para casa. A fim de lhe pedir que regresse como em outras alturas. Desta vez Maria sente que não cederá mais.

Nunca mais lhe cederá:

Quer às súplicas, quer às ameaças; quer à ternura ou tortura física. Está disposta a lutar e corre: foge levando o vazio que tem sido a sua vida, como bagagem de regresso."


Em 1971 era impensável uma mulher fugir de casa por mais queixas que tivesse.

Claro que este extrato, apesar de tudo, não é o mais realista do quotidiano opressivo em que viviam muitas mulheres.

Por tudo isso as três Marias foram perseguidas pela Pide e julgadas num processo que só terminou já depois do 25 de Abril, com a sua absolvição.

quarta-feira, junho 11, 2025

Sem título


 


À procura de uma legenda!

terça-feira, junho 10, 2025

Dia de Camões


Adaptação de um poema de Luís de Camões na voz de José Mário Branco.
Este poema é uma reflexão profunda sobre a natureza transitória do mundo e o impacto que a mudança tem na vida e nos sentimentos humanos.



segunda-feira, junho 09, 2025

Regresso a casa


 

Finalmente, regressei a casa e,  pela 1ª vez em 11 meses,  dormi de novo sozinha, quer dizer sem filho e sem netos.

Apesar da ausência, o jardinzito lá se foi aguentando e até me presenteou com algumas flores.

Não é fácil este recomeço, mas espero conseguir adaptar-me a este espaço um pouco complicado para mim por causa das escadas.

Quanto a encontros com amigas, ainda não foi possível , porque havia assuntos a tratar.

A primeira coisa foi mergulhar nalguns livros que já trazia agendados.

domingo, junho 08, 2025

Poesia ao domingo

 Não assinalei os 500 anos do seu nascimento, mas ainda vou a tempo.

Deixo-vos com três das oitavas que Luís de Camões dedicou a D. António de Noronha sobre o desconcerto do mundo.


  Quem pode ser no mundo tão quieto,

ou quem terá tão livre o pensamento,

quem tão exprimentado e tão discreto,

tão fora, enfim, de humano entendimento

que, ou com público efeito, ou com secreto,

não lhe revolva o espanto e sentimento,

deixando-lhe o juízo quási incerto,

ver e notar do mundo o desconcerto?


  Quem há que veja aquele que vivia

de latrocínios, mortes e adultérios,

que aos juízos das gentes merecia

perpétua pena, imensos vitupérios,

se a Fortuna em contrário o leva e guia,

mostrando, enfim, que tudo são mistérios,

em alteza d´estados triunfante,

que, por livre que seja, não se espante?


  Quem há que veja aquele que tão clara 

 teve a vida que em tudo por perfeito

o próprio Momo às gentes o julgara,

ainda que lhe vira aberto o peito,

se a má Fortuna, ao bem sòmente avara,

o reprime e lhe nega seu direito,

que lhe não fique o peito congelado, 

por mais e mais que seja exprimentado?




Retirei estas oitavas de "Luís de Camões, Rimas" com texto estabelecido e prefaciado por Álvaro Júlio da Costa Pimpão.

Foi por esta obra que estudei Camões na faculdade e daí encontrar-se cheia de anotações.


Se  o Poeta já sentia o mundo em desacordo com a justiça, 500 anos depois estamos de mal a pior.

É um desconcerto total!

sexta-feira, junho 06, 2025

Música à sexta

Jorge Palma fez esta semana 75 anos.
Esta canção está para lá do amor, é sobretudo um hino à amizade, à partilha!












quarta-feira, junho 04, 2025

Enigma decifrado

 Na minha ingenuidade, pensava que uma foto minha não seria fácil de detetar pelo Dr. Google "espertinho". Afinal enganei-me.

Em todo o caso, a valiosa dica do António foi mais do que meio caminho andado para a Janita lá chegar.

Tive a simpática participação de:

António, Janita, Catarina, Joaquim Rosário, Teresa, Sandra Martins e São.

O email do António ainda não chegou, deve haver engarrafamento na ponte, mas pelas dicas ele acertou, assim como o Joaquim Rosário.

A Janita, a Catarina, a Teresa e a Sandra Martins mandaram a resposta por mail.

A São ficou à espera da solução.

Graças à Catarina fui investigar o nome de Celorico e fiquei a saber que é um nome considerado como sendo derivado de um topónimo pré-romano, possivelmente ligado ao étimo céltico "cel" que significa oculto ou escondido.

Temos assim Celorico da Beira para se diferenciar de Celorico de Basto. Basto significa coberto de vegetação densa.

O Joaquim Rosário referiu esta pista.

Conclusão - não foi um enigma difícil, mas não deixou de ser animado.


terça-feira, junho 03, 2025

Enigma

O que é e onde fica?
Já conhecem as regras do jogo!
É para animar a malta!




 

segunda-feira, junho 02, 2025

Presidenciais

Ontem, comentadores encartados na TV discorreram sobre o perfil dos atuais candidatos na "grelha de partida".

Isso levou-me a recordar as primeiras eleições presidenciais, após o 25 de abril e cujo vencedor foi o General Ramalho Eanes, a 27 de junho de 1976.

As terceiras eleições presidenciais em janeiro de 1986 foram as mais disputadas de sempre, obrigando à realização de uma 2a. volta, caso único na nossa democracia.

Estavam em confronto Mário Soares e Freitas do Amaral, levando alguma esquerda a "engolir sapos vivos" e a dar a vitória a Mário Soares.

Espera-se ainda que se perfilem novos candidatos e, talvez isso, nos leve a uma 2ª volta.

Neste caso, veremos quem tem de "engolir sapos vivos". 

domingo, junho 01, 2025

Poesia ao domingo

 Lida a biografia de Maria Teresa Horta decidi embrenhar-me um pouco na sua poesia, marcadamente feminista.

Escolhi aquela cujo título dá nome ao livro de poemas publicado em 1971, mas depressa proibido pela Censura.


Minha senhora de mim


Comigo me desavim

minha senhora

de mim


sem ser dor ou ser cansaço

nem o corpo que disfarço


Comigo me desavim

minha senhora 

de mim


nunca dizendo comigo

o amigo nos meus braços


Comigo me desavim

minha senhora

de mim


recusando o que é desfeito

no interior do meu peito


Maria Teresa Horta, in Minha Senhora de Mim