quarta-feira, janeiro 31, 2007
Descalça vai para a fonte...
terça-feira, janeiro 30, 2007
domingo, janeiro 28, 2007
Noite
Perdidos na noite!
As velas rasgadas de todos os ventos
os lemes sem tino
vogando ao acaso
roçando no fundo
subindo na vaga
tocando nas rochas!
E quantos e quantos naufragando...
Quem vem acender faróis na costa do mar bravo?!
Quem?!
Manuel da Fonseca, in Obra Poética
sábado, janeiro 27, 2007
Poço sem fundo
quinta-feira, janeiro 25, 2007
Tachos e Gatos!
Ontem tive o privilégio de assistir ao lançamento de um novo livro de João Carlos Silva, o cozinhador de S. Tomé e Príncipe, no Som da Tinta , em Ourém, intitulado "Façam o Favor de Ser Felizes".
Além de ser um óptimo cozinhador, é um excelente comunicador. Falou com entusiasmo de ingredientes, combinação dos mesmos, de locais onde já podemos encontrar produtos de S. Tomé e sobretudo da cozinha como espaço de afectos.
As suas receitas estão retratadas de forma artística porAdriana Freire.
Já que estava numa livraria não pude resistir à tentação de comprar "Chamam-me Gato!?".
É um livro com poemas, histórias e curiosidades sobre os ditos bichanos que agrada a todos os seus fãs.
quarta-feira, janeiro 24, 2007
A Casa
as mesas largas as cadeiras quase toscas
despojamento de convento e de deserto
a planície prolonga-se na casa
com seu rigor e sua estética
do necessário
do liso
do elementar.
.
Aristocracia do pobre
com sua manta e com seu cobre.
.
Há um cheiro a pão recém-cortado.
.
A casa alentejana está escrita na planície
como o poema no branco descampado.
Manuel Alegre, in Alentejo e Ninguém
terça-feira, janeiro 23, 2007
sábado, janeiro 20, 2007
Em Galafura
Os povoadores da beira do Douro
conhecem o pó e as pedras.
E sabem que o Universo
concebe cerejais e parras.
Vivem como vermes magníficos,
iluminados por dias soalheiros,
Obscurecidos pelas ventanias.
.
Fiama Hasse Pais Brandão
.
As Fábulas
.
Calou-se a voz de uma Grande Portuguesa!
Mas continuaremos a escutá-la...
sexta-feira, janeiro 19, 2007
À Água
Miguel Torga, in Odes
No início das comemorações do seu nascimento, uma pequena homenagem.
quarta-feira, janeiro 17, 2007
terça-feira, janeiro 16, 2007
Retrato ao fundo do quintal
O mais velho olha em frente, com postura de patriarca. A sua companheira de tantos anos, a seu lado, repousa uma das mãos sobre o ventre, no jeito de quem protegeu muitas maternidades.
Os mais novos rodeiam o casal e encaram a objectiva com sorrisos fraternos e olhares confiantes num futuro que não adivinham.
São onze e serão sempre onze, aconteça o que acontecer!
Moram ao fundo do quintal e assim ficarão para sempre eternizados dentro de uma moldura!
domingo, janeiro 14, 2007
Então imagine!
sexta-feira, janeiro 12, 2007
Bruma
Não é tristeza
Nem melancolia
É uma agonia
Esta quase certeza
Que me não resta
Nem mais um dia
De plena alegria
De festa.
Como travar isto,
Esta sensação,
Suspensa na bruma
Entre o nada e coisa nenhuma?
quinta-feira, janeiro 11, 2007
Paisagem com rio ao fundo...
No alpendre vasos com sardinheiras vermelhas e duas cadeiras.
Nas cadeiras ninguém sentado a olhar o rio que serpenteia, ao fundo, na planície de veludo verde.
terça-feira, janeiro 09, 2007
A Avó
cansadamente passando
a sua branca mão pelo
pêlo dele preto e brando
Sentada ao pé da janela
olhando a rua ou sonhando-a
todo o passado passando
a passos lentos por ela
Dormiam ambos enquanto
a tarde se ia acabando
o gato dormindo por fora
a avó dormindo por dentro
Manuel António Pina, in " Os Livros "
domingo, janeiro 07, 2007
Pelo Natal, salto de pardal!
sábado, janeiro 06, 2007
Talvez ao cair da tarde em Monte do Trigo
sexta-feira, janeiro 05, 2007
Ainda bem que não sou espanhola...
Se fosse espanhola corria ainda pelas "calles", feita tolinha, à procura dos últimos presentes, para oferecer amanhã, dia de Reis ( os tais magos que trouxeram ouro, incenso e mirra ao Menino).
quarta-feira, janeiro 03, 2007
Fui às pinhas!
segunda-feira, janeiro 01, 2007
Começa hoje o ano
Nada começa: tudo continua.
Onde 'stamos, que vemos só passar?
O dia muda, lento, no amplo ar;
Múrmura, em sombras, lui a água nua.
Vêm de longe,
Só nosso vê-las teve começar.
Em cadeias do tempo e do lugar,
É abismo o começo e a ausência.
Nenhum ano começa. É Eternidade!
Agora, sempre, a mesma eterna Idade,
Precipício de Deus sobre o momento,
Na curva do amplo céu o dia esfria,
A água corre mais múrmura e sombria
E é tudo o mesmo: e verbo o pensamento.
Fernando Pessoa
Nada começa - tudo continua! Não uso agendas nem calendários em casa. Uso poemários e a única alteração está no Poemário. O do ano passado foi para o arquivo do sótão e o deste ano foi aberto no dia 1 - é precisamente este o 1º poema de 2007.