(imagem da net)
Na manhã azul o som ouviu-se inconfundível.
Apurei o ouvido, não tinha dúvidas.
Fui à varanda, o som ouvia-se mais nítido e depois o homem surgiu com a bicicleta à mão, com aquele ar de senhor do mundo, assobiando no seu realejo.
Era um amolador de facas e tesouras, daqueles que também consertam chapéus e alguidares...
E logo a minha memória evocou a minha mãe e avó paterna a procurarem as facas que já não cortavam bem, assim como as tesouras.
E assistia com espanto à obra de arte que era gatear um prato de estimação ou um alguidar enorme onde a carne para as chouriças ficava em vinha de alho até ficar no ponto...
Agora tudo tem um curto prazo de validade, a minha mãe e a minha avó já não procuram nada e eu nem sei fazer chouriças...
E logo ontem que deitei para o lixo uns pratos rachados...
E pensei que este amolador na manhã azul era um poema!
Ouvem-no?
Nota: Este foi um texto que publiquei no dia 7 de Setembro de 2008 e como de há uns dias para cá ouço de novo o realejo do amolador decidi recuperá-lo...
Verifiquei os vários comentários e pude constatar que perdi alguns dos comentadores, em contrapartida adquiri outros.
Aos que se mantiveram fiéis peço desculpa pela repetição.
Nessa altura não coloquei qualquer imagem...sempre introduzi uma novidade!
Que é feito da sua máquina fotográfica?
ResponderEliminarUm texto tão bonito merecia uma imagem muito melhor que essa.
Aceita o desafio?
:)
hoje ainda não o ouvi. :)
ResponderEliminarabraço Rosa
Rosa,
ResponderEliminarTudo se modifica, vão ficando as memórias. Mas, no fundo, o amolador é uma memória viva, um resistente de outras formas de vida...
Beijo :)
Ainda existem?? Essas e tantas outras profissões e formas de vida que desaparecem a olhos vistos... mas a hora do consumismo também tem os dias contados...
ResponderEliminarMas uma coisa é certa... no último mês, também já ouvi um amolador... suponho que vamos voltar ao tempo de afiar as facas, arranjar o chapéu de chuva... em vez de comprar uns novos, porque deitar fora vai deixar de ser permitido. A vida vai mudar, até a loja chinesa da minha rua está a pensar em fechar, como outras lojas de comércio tradicional que ainda têm tentado resistir...
ResponderEliminarSe calhar... por motivos económicos até vou aprender a fazer chouriços ;)... e tudo o mais que for preciso... já ando a relembrar receitas do tempo da minha avó... pequenos milagres de transformar o pouco... em muito ;)
Bjos
Saudades de ouvir a gaita do "amola tesouras e navalhas", como saudades da carroça do distribuidor de azeite,... dos pregões matinais das vendedoras de cadeiras e bancos, das hortaliceiras e peixeiras e tantos outros !
ResponderEliminarBjs
.
Que lindo, Rosinha.
ResponderEliminarComoveu-me.
(há uma missiva também para ti no cantinho do Mestre.:)
Abraço.
Nina
Um belo texto, Rosa. Nostálgico e comovente: tanta coisa perdida, tanta memória do que não volta...
ResponderEliminarEra um poema, sim!
Beijo
Ainda não o ouvi, este ano.
ResponderEliminarMas está na altura, pois está.
Gatear um prato ou um alguidar! Era isso mesmo! Lembro-me bem de se falar num púcaro ou num alguidar com gatos.
Por acaso até cá temos uma peça de louça, antiga, de família, com dois ou três gatos.
Que belo poema que nos está a ser proporcionado com este post, sem dúvida!
Como sempre, delicia-nos com um belo e significativo texto, Rosa. Talvez, num futuro mais ou menos breve voltemos a gatear os pratos!...Obrigada pelos parabéns que teve a amabilidade de me enviar. Saudades ao Dinis. Um abraço. UM
ResponderEliminarpois eu sugeria, amiga rosa dos ventos, que retirasses a foto.
ResponderEliminaré que, ao ler o teu texto, nós conseguimos "ver" e "ouvir" o amolador...
fizeste bem em republicá-lo!
marradinhas da bicharada do "pequeno jardim", um abraço da Humana.
Como me lembro bem deles.
ResponderEliminarAlguns,além de amoladores,eram também capadores.
Não sou saudosistas,mas gosto de matar saudades.
Ainda faço,alguns anos,das tais chouriças com carne de vinha-de-alhos.Posso disponibilizar a receita.
Um abraço,
mário
Lindo texto! E inédito para mim porque em 2008 ainda não tinha tempo para te visitar assiduamente.
ResponderEliminarPor mim, podes (re)por outros...
... também era frequente ver por terras de Pedras Rubras os amoladores.
ResponderEliminarMuitas daquelas profissões, tão tradicionais, voltarão a existir pois vamos ter que aumentar a vida dos utensílios de corte e necessitaremos destes profissionais, algo esquecidos no tempo...
Neste recordar é viver, uma ideia de ocupação profissional...
Abraços
Já este ano vi 2 amoladores: um aqui na cidade, com a sua música inconfundível, outro em Peniche, com lugar cativo junto ao arco de entrada na cidade!
ResponderEliminarAgora voltei a "vê-los e a ouvi-los".
E a crendice: Ouves o amolador? Vai chover!
Tenho uma terrina mto. antiga com gatos e lembro-me de observar tão bem esse trabalho que me acho capaz de o fazer! Presunções!
Obrigada pelo post que não conhecia!
Um abraço
Rosa
ResponderEliminarRecordo muito bem o amolador que ia à minha Aldeia afiar as tesouras, consertar os pratos com agrafos, as facas meu pai afiava-as no acimentado da eira, mas não era rialejo que o amolador usava era uma outra coisa que não recordo o nome.
Beijinho
O amolador também passa por aqui pelo menos uma vez por ano... que eu saiba... só que este vem de carrinha. O som não deve ser tão poético. O de bicicleta é mais castiço.
ResponderEliminarAinda existem?!
ResponderEliminarHá tantos anos que não vejo nem ouço nenhum...
Bom dia
Ó Rosa a nossa sintonia é fantástica! Acabei de postar um texto em que falo do teu, quando dizias dos teus sapatos, lembras? Vim aqui te avisar e vejo isto! Também eu tinha amoladores de faca na rua onde nasci, mas isso no tempo do "guarana´de rolha". Hoje vamos á Lider Magazin e compramos logo outra.
ResponderEliminarNo momento o que ouço é o barulho irritante de uma furadeira (que vocês chamam de berbuquim) numa obra aqui em frente. Nada que se compare com o assovio do amolador, nem há crianças correndo atrás, como em tempos idos. Nem o céu está azul,ó Rosa!
Cara Rosa, ... Sorte a dos privilegiados que conseguem apreciar as coisas belas!!!!
ResponderEliminarUm abraço
A.D.
Querida Rosa, eu não conhecia o teu texto e gostei muito de o ler. também a mim me traz memórias de infância, o amola-tesouras.
ResponderEliminarTu já és muito experiente nestas lides blogosféricas! Desde 2008? Boa! :)
Ainda bem que republicou, porque nessa altura eu ainda não andava por aqui.
ResponderEliminarAo fim de semana, é frequente ouvir um amolador perto de minha casa. Lembro-me de imediato de uma história que ouvia da minha Mãe, quando era miúdo: " Vem aí o amolador,amanhã vai chover"
Invariavelmente havia peças para lhe entregar e um dia, disse-lhe:
Podia ter vindo só amanhã! É que amanhã tenho uma festa ao ar livre e não convinha nada que chovesse.
Não me respondeu, mas percebi-lhe o olhar triste e compreendi que tinha feito disparate.
Nunca mais esqueci aquele momento...
Estou a ouvi-lo, sim! Aconteceu comigo também, há pouco. Sons que nos acarinham.
ResponderEliminarL.B.
Por aqui, quando se ouve o amolador fica-se com a certeza que vamos ter chuva nas horas mais próximas.
ResponderEliminarO amolador na manhã azul era um poema mas o teu texto também não lhe fica atrás.
Obrigada por teres repetido a postagem
Chuac!
Há muito não vinha
ResponderEliminarCulpa minha que aceito mais amigos do que aqueles que posso acarinhar. Talvez tivesse vindo ao som do "seu" amolador. Como esquecer uma coisa que soa, anunciando o outono? Minha mãe dizia, quando o ouvia: vem lá chuva. E vinha...
Caros amigos
ResponderEliminarTodos nós que crescemos ouvindo o som do assobio, eu prefiro chamar-lhe realejo, do amolador, nos habituámos à sentença de chuva dada por mães ou avós quando eles se faziam anunciar.
Acontece que ainda não choveu desde que reescrevi este texto! :-))
Mas a chuva aconteceu na nossa memória!
Abraço
Essas e outras fazem, parte das profissões em extinção! ficam as recordações.
ResponderEliminarBjs
Por ti até abri uma janela! :)
ResponderEliminarBeijinho*
E não viste o amolador?!
ResponderEliminarAbraço Maria P.
Gostei do texto e não o tinha lido - sou dos "adquiridos" ...
ResponderEliminarPor estranho que pareça havia por aqui( entre a Praça de Espanha e o Hospital de Sta Maria) um amolador que também arranjava chapéus de chuva. Já há tempo que o não ouço ou vejo.
Abraço ( andei ausente, vazia de vontades ... mas "regressei")
Boa tarde
ResponderEliminarAgora deliciei-me com este texto; também oiço o amolador muito raramente, aí uma vez por ano...
O Rui pergunta:
o que é feito da máquina fotográfica?
Pois minha amiga, daqui a nada não tenho mais lugar para os milhares de fotos que tenho...
ainda ontem fiz 300 em 3 horinhas de passeio, dá a média de 100 fotos por hora...
Obrigada pela partilha.
Ontem foi dia de raid.
Partida:
Posto de Turismo Municipal – Moita
Está sempre de máquina em punho a registar tudo o que o rodeia? Aproveite agora para participar no 6º Raid Fotográfico da Moita e mostre-nos o que a sua objectiva vê sobre o concelho da Moita.
TEMA 1 - “Zona Ribeirinha”
TEMA 2 - “Festas em Honra de Nª Sr.ª da Boa Viagem”
TEMA 3 - “Um Olhar sobre o Quotidiano”
são os três temas que lhe propomos.
A si cabe-lhe apenas captar o que de melhor existe no concelho nestas áreas.
Participe.
Mais informações em
www.cm-moita.pt.
Foi assim que apresentaram o convite para participar no raid.
Beijinhos.