quarta-feira, novembro 15, 2006

Regresso ao sótão

O sótão já era, nessa época, um armazém de memórias, mas a noite de 2 de Dezembro de 2003 veio aumentar-lhe a capacidade de armazenagem.
Nessa noite a casa ficou parcialmente destruída e totalmente danificada por um incêndio. Salvou-se o sótão e foi para aí que foram levados alguns despojos.
Ontem voltei lá, para mais uma sessão de" exorcismo".
Era preciso separar por nomes, rasgar, limpar, encaixotar, arrumar em estantes livros escolares, álbuns de B.D., cadernos de apontamentos, testes, legos, jogos, índios e cow-boys, cartas, bilhetinhos..enfim um mundo de recordações.
Quilos e quilos de papel foram para a reciclagem...mas com tanta hesitação!...
É apenas papel - pensava eu.
Só que tomar esta decisão, quando a cada passo ia lendo um nome escrito com letra infantil, de adolescente e de jovem universitário foi uma agonia.
Esta manhã voltei ao sótão e o pior já está!
Tinha de ser!
E no jardim ainda há rosas!...

6 comentários:

  1. Quem vive do passado são os historiadores...

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  2. No sotão da casa dos meus pais, também tenho caixas, que se calhar vão ser abertas pelos meus filhos...
    Claro que as recordações não são apenas para os historiadores, são para todos nós. E quando são boas, são um conforto.

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  3. Somos, muitos de nós, ilhas rodeadas de papel por todos os lados - até por cima da cabeça e por baixo dos pés... E então os sotãos!
    Mas, ao ler-te, senti a diferença e uma enorme (e inútil). solidariedade. É que há papeis que são muito mais que a matéria, o que está escrito. São o retrato de uma vida que nada fará esquecer e que os papeis lembram, testemunhando.
    Que fazer? Sofrer o acerbo espinho da recordação, o acre pungir (tão diferente do outro, do delicioso pungir)... e levantar a cabeça e caminhar. Nos jardins onde ainda há rosas!

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  4. Custa tanto, tanto, tanto quando temos de revisionar as memórias que se vão amontoando no sotão... as nossas sebentas amarelinhas de velhas...os papelinhos com desenhos... ai ai o que custa!
    Mas no jardim ainda existem as rosas... e como são belas!
    Gostei do desabafo do sotão.
    Voltarei.

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  5. E esse jardim tem rosas... dos ventos?

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  6. Espero que não tenham ido para o lixo calendários de bolso...
    É que além de contarem o tempo vivido, são a prova da partilha dos dias, neste mundo de sociedades...

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