quarta-feira, outubro 18, 2006

Sem Título

Às vezes julgo ver nos meus olhos
A promessa de outros seres
Que eu podia ter sido,
Se a vida tivesse sido outra.

Mas dessa fabulosa descoberta
Só me vem o terror e a mágoa
De me sentir sem forma, vaga e incerta
Como a água.

Sophia de Mello, in Poesia

5 comentários:

  1. Esta poesia não foi (claro!)escolhida por acaso.É sempre um prazer muito grande reler a Sophia.Alguém à procura de rumo fez uma escolha muito acertada.


    Maria M.

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  2. Um dia

    Um dia, gastos, voltaremos
    A viver livres como os animais
    E mesmo tão cansados floriremos
    Irmãos vivos do mar e dos pinhais.

    O vento levará os mil cansaços
    Dos gestos agitados irreais
    E há-de voltar aos nosso membros lassos
    A leve rapidez dos animais.

    Só então poderemos caminhar
    Através do mistério que se embala
    No verde dos pinhais na voz do mar
    E em nós germinará a sua fala.

    Sophia de Mello Breyner

    Parabéns Rosa, isto está a levar forma.
    PM

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  3. Este Se também foi a pensar em ti, Su, e na tua postagem de há dias.
    Para ti, PM, obrigada por me relembrares outro belo poema da eterna Sophia!

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  4. Obrigado minha querida Rosa dos Ventos, por me dar a ler este belo poema da sempre bela Sophia ,,,

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