Antes da partida de Lisboa ainda consegui ver o filme que João Botelho realizou a partir da obra de Eça de Queiroz "Os Maias".
Reduzir a duas horas uma narrativa de tamanha envergadura foi tarefa árdua mas o resultado está excelente.
Pensava eu que as cenas do exterior, tendo como pano de fundo telas enormes pintadas pelo artista plástico João Queiroz, iriam empobrecer o filme mas afinal enganei-me porque esteticamente foi muito bem concebido.
Contudo não estou aqui para fazer uma crítica ao filme mas para vos dizer que me veio, a partir da visualização do mesmo, uma forte vontade de reler a obra e é o que ando a fazer...eu que até não sou dada a reler obras completas.
Às tantas, quando Carlos da Maia anda entusiasmadíssimo na construção do laboratório fundamental para a sua actividade de médico, surge este saboroso diálogo:
"- O quê, sangue? - dizia Carlos, olhando a fresca, honrada e roliça face do demagogo.
- Não senhor, um navio, um simples navio...
- Um navio?
- Sim, senhor, um navio fretado à custa da nação, em que se mandasse pela barra fora o rei, a família real, a "cambada" dos ministros, dos políticos, dos deputados, dos intrigantes, etc, e etc.
Carlos sorria, às vezes argumentava com ele.
- Mas está o sr. Vicente bem certo, que apenas a "cambada", como tão exactamente diz, desaparecesse pela barra fora, ficavam resolvidas todas as coisas e tudo atolado em felicidade?
Não, o sr. Vicente não era tão "burro" que assim pensasse. Mas, suprimida a cambada, não via Sua Excelência? Ficava o país desatravancado, e podiam então começar a governar os homens de saber e de progresso...
- Sabe Vossa Excelência qual é o nosso mal? Não é má vontade dessa gente; é muita soma de ignorância. Não sabem. Não sabem nada. Eles não são maus, mas são umas cavalgaduras!"
Nota: as fotos tirei-as no Chiado onde estes cartazes publicitam o filme.
Estes, além de cavalgaduras, são maus...
ResponderEliminar(as fotos estão estupendas... e ando a ver se há cinemas onde não se comam pipocas)
também quero ver.
ResponderEliminarabraço Rosa
ResponderEliminarQuero ver. Espero ter oportunidade para o fazer em breve.
O obra justifica-o em pleno.Ainda que, obviamente, o livro muito dificilmente possa ser ultrapassado.
Obrigada!
Beijo
Eu vi-o no City Alvalade sem pipocas, Rogério!
ResponderEliminarE estavam apenas seis pessoas na sala...
De facto, estabelecendo o paralelismo, estes são mesmo maus!
Imperdível
ResponderEliminarUm dos que mais gosto de ler e, reler,
ResponderEliminara espaços, na Literatura Portuguesa, o mestre Eça. Saborosíssimo pequeno excerto !
Li o livro, mas o filme não sei só se vier a Leiria, pois na marinha Grande já não há cinema.
ResponderEliminarLindas as fotos.
Beijinho e uma flor
Transpondo o texto para a atualidade, não seria mau um navio desses para ficar com o país desatravancado... :)
ResponderEliminarEste e o do Pedro Vasconcelos estão na minha lista para a rentrée cinéfila.
ResponderEliminarO problema é ser cada vez mais difícil encontrar salas de cinema sem pipocas.
Oi Rosa
ResponderEliminarAinda não está nas salas do Brasil , tenho que esperar chegar aqui... rs
Parece que temos uma brasileira( Maria Flor), no elenco.
E aqui já foi feito uma série sobre 'Os Mais' na Tv que gostei muito!o livro confesso não li.
Talvez ,não leia! rs o tempo é implacável, tenho 'alguns' acumulados à espera ...beijinhos
Um romance absolutamente fora de série, com uma linguagem perfeita.
ResponderEliminarTenho de ir ver o filme.
Será que tenho a sorte de passar aqui em Macau?
ResponderEliminarNa Casa de Portugal em Macau, talvez....
BFDS
Não vi o filme mas reli o livro já no inicio do ano.
ResponderEliminarDifícil virar cada folha.
As figuras literárias, os diálogos, as personagens entram-nos dentro de casa.
Boa tarde,
ResponderEliminarParabéns pelo seu gosto em assistir ao belo filme, as fotos são perfeitas.
AG
http://momentosagomes-ag.blogspot.pt/
Já há muitas décadas "Os Maias" me deram muitas dores de cabeça ! rsrs Agora, parece-me muito mais interessante do que quando fui obrigado a L~-lo ! rsrs
ResponderEliminarAbraço, Rosa !
.
Tal como tu, gosto de reler os grandes clássicos após uns anos e quando apenas recordamos as partes principais. Andei a ver se encontrava o livro, para rever essa passagem que descreves, mas as estantes já são pequenas e poucas para tanto livro. Às tantas já foi para o sótão onde guardo as relíquias literárias e não só. Pena não ter o hábito de colocar os livros por autores, já que do Eça me vieram ter à mão "O Crime do Padre Amaro" e "O Primo Basílio", de edições tão antigas que já se encontram amarelados.
ResponderEliminarGostaria muito de ver o filme, mas desde que surgiu a possibilidade de assistir a um bom filme comodamente instalada no meu sofá e sem o desagradável ruído da mastigação de pipocas e sorvos de Coca-Cola, raramente vou ao cinema.
Ainda bem que achaste que o romance não perdeu qualidade, reduzido a duas horas de filmagem.
O tempo, agora é de leitura, Rosa! Aproveita!:)
Desculpa, mas isto deve ir para aqui um testamento....
Abraço grande.
Ao tempo que não releio Os Maias!
ResponderEliminarTenho a impressão que já não tenho perseverança para voltar a apreciar todos os meticulosos pormenores das descrições dos ambientes.
Mas as histórias de vida e diálogos são soberbos e de uma actualidade que despertam sempre prazer e interesse.
Verei o filme.
Agradável e sereno fim de semana.
Abraço.
M.
Tb já reli Os Maias e não foi assim há tantos anos.
ResponderEliminarNão posso deixar de sorrir. O Rogério, o Carlos, as pipocas e as suas obsessões contra as mesmas! :)) Em Toronto, nunca iriam ao cinema. Nem nas salas de cinema da área da Yorkville! : )))
Gostei muito do filme, e também andei pela Baixa a semana passada a revisitar os locais de filmagem :-))))
ResponderEliminarÉ pouco provável que vá ver o filme, mas a citação é muito atual... :)
ResponderEliminarAbraço
Também não sou dada a reler obras completas.
ResponderEliminarAinda bem que te pronunciaste sobre o filme, porque assim , quando estiver recuperada, irei vê-lo.
Beijinhos, Rosinha
Olá, Rosa!:)
ResponderEliminarEspero que a ida para a santa terrinha não te tenha tirado o gosto de escrever ou fotografar.
Estamos à espera de novidades ou trivialidades, tanto faz... Aquilo que te apetecer!
Um abraço de saudade!
Janita
Então as mudanças ainda não. se acabaram?
ResponderEliminarAs vantagens de viver numa grande cidade. Lá há de tudo. Nas aldeias há igrejas, tabernas e velhotes (os jovens foram andando).
ResponderEliminarFelicidades
MANUEL