Já sabem que tenho por hábito andar a ler vários livros ao mesmo tempo daí que, às vezes, demore a terminá-los!
Há alguns dias conclui a leitura de "Mazagran" de J. Rentes de Carvalho do qual já tinha aqui falado.
É um livro de crónicas e escolhi um extracto da última para reflectir convosco sobre a tolerância. No fundo para saber até que ponto se sentem próximos ou afastados do que aqui é escrito.
"Aliás o que vos quero pedir não é caso de vida ou de morte e nem sequer tem urgência, pois de há muito conheço afeições sólidas, de saúde vou bem e o que ganho cobre o que gasto. Sonhos de poder ou de glória não tenho e o mundo ainda me maravilha, a ponto que com sincero encanto continuo a olhar por vezes uma flor, uma criança, ou paro a admirar a beleza duma paisagem. O meu medo é notar que com os anos me vou tornando razoável em excesso, quase doentiamente tolerante.
É disso que quero que me guardeis, Senhor. Dai-me raiva. Mantende viva em mim a capacidade de me enfurecer. Deixai que continue a chamar às coisas pelo nome, a criticar sem medo, a rir de mim próprio, e livrai-me até ao último momento das aceitações que crescem com a idade."
J. Rentes de Carvalho
Mas pra que foste me chamar? Logo eu que ando de paciência reduzida e as vezes até penso que é bom. O que me irrita ouvir citações do gênero "Deus sabe o que faz" até quando a operadora do celular manda uma conta cobrando por um serviço que a criatura nem contratou! Reclamar e estrebuchar, com razão (e às até sem ela) é salutar para nossas células. A extrema passividade gera uma inércia galopante. Então peço mesmo a Deus que me faça "rodar a baiana" em momentos oportunos. A oxigenação do cérebro agradece. hehehe
ResponderEliminarEu ambicionava o contrário, conseguir ter menos raiva quando ficasse mais velha.
ResponderEliminarE fiquei a meditar sobre as palavras escritas!
ResponderEliminar-----
Felicidades
Rosa, muito bom esse texto, é realmente isso que acontece, mas não
ResponderEliminarsei se será mau, a idade traz mais
paz, beijinho
ResponderEliminarLer e interpretar um pensamento por uma frase sem ler mais nada pode ser enviezador de julgamentos mas... acho que não podemos fazer confusão entre tolerância e acomodação/passividade!
Eu por norma sou tolerante (ou pelo menos tento ser), mais com os outros do que até comigo própria, mas não sou tolerante com a injustiça nem com a própria intolerância quando se transforma em fanatismo.
Beijinhos em reflexão
(^^)
Esse ponto de vista do autor é curioso. E, como ele, acho que todos devemos ter a capacidade de nos indignarmos.
ResponderEliminarMas também acontece muitas vezes o contrário: à medida que se envelhece, a intolerância torna-se cada vez maior e a frontalidade em mostrá-la idem. Mas quer dizer, será que essas são as pessoas que não estão bem com a vida? ;)
Abraço
Tenho praticamente tudo... não me posso queixar se a paciência me falta, pois não?
ResponderEliminar:)
Subscrevo a carta. Obrigada pela partilha.
ResponderEliminarO Rentes de Carvalho que também é blogger envolveu-se nos últimos dias num duelo com o autor do blog 'o pipoco mais salgado' de onde resultaram textos interessantes...vale a pena espreitar! :)
Também eu tenho os meus momentos de revolta, onde procuro respostas e não as encontro.
ResponderEliminarObrigada pelo texto, obrigada pela força que me tens transmitido desse lado nesta fase difícil.
Mil beijinhos amiga e um abraço apertadinho
Neste momento ainda estou na fase da raiva...não sei se chego à tolerância...meditarei sobre o assunto.
ResponderEliminarBeijoca
Já estou na fase da raiva e, de tanto a querer sublimar, corro o risco de cair na indiferença. Venha a raiva, então.
ResponderEliminarTambém li Mazagran a espaços, em viagens de metro. Por vezes também me irritei com algumas coisas que ele escreve como, por exemplo, quando critica quem gosta de viajar.
Indignação é algo que me acompanha no dia a dia com um conjunto de perguntas às quais não encontro resposta, talvez seja esse o meu lado negativo que contribui para não encontrar paz.
ResponderEliminarbeijinho e uma flor
Como comentar este texto sem deixar vir à superfície a experiência pessoal ou observada?Por mim, acho que me vai tomando a indiferença e a vontade de não me deter sequer para avaliar as situações.Ó Kinkas,deixa lá,não vale a pena perder o teu tempo para te incomodares...Tenho saudade da raiva,da intolerância ao que passava ,em minha opinião,das marcas.Era viver,era até intervir.Agora vou achando bom não fazer ondas.Isto é muito mau.É,é,É o principio da aceitação da anulação de mim e,o pior é, que o mais das vezes,desculpo-me com o "ser educada".Obrigada,Amiga por me teres obrigado a pensar,pensando.Kinkas
ResponderEliminarO trecho do texto me fala do medo do comodismo, da acomodação exagerada e da tolerância, principalmente para as coisas erradas, a falta de ética, e a falta de sensibilidade. Muito para refletirmos.
ResponderEliminarPode haver quem se torne mais tolerante com idade mas conheço gente a quem acontece precisamente o contrário. Eu sou tendencialmente tolerante. Se calhar deveria escrever a Deus com as palavras do Rentes de Carvalho. :)
ResponderEliminarsinceramente, acho mal envelhecer-se de uma forma azeda, como é o caso do autor em causa.
ResponderEliminare não precisamos de fazer fretes, basta viver e deixar viver.
abraço Rosa
Já fui espreitar Tétisq, aliás também o leio de vez em quando mas tinha perdido esse despique!
ResponderEliminarAbraço
Penso que Deus leu a carta e aceitou o pedido do autor!
ResponderEliminarEm várias crónicas, mesmo neste livro como refere o Carlos Barbosa de Oliveira, ele manifesta certa raivazinha!
Aliás o Luís Eme também frisa esse seu azedume!
Abraço
O grau de tolerância, acomodação, raiva, paciência... pode modificar-se consoante a idade, o meio onde as pessoas vivem e as tribulações que lhe são destinadas ao longo da vida.
ResponderEliminarBasicamente o inconformismo. Belíssima citação e grato por a ter trazido.
ResponderEliminarbeijo amigo
Existem coisas com as quais nunca deixarei de me indignar , existem outras com que me indigno cada vez mais e ainda a que deixei de dar importância de maior.
ResponderEliminarCada qual terá que responder pela sua própria responsabilidade!
Bom final de semana
ERRATA:
ResponderEliminarAinda aquelas a que deixei de dar importância.
Um abraço
Muito bom! Que belo excerto! Por mim, parece-me que, felizmente, ainda estou longe desse estádio...
ResponderEliminarObrigada por dares a conhecer este texto. Beijinhos.
RV, comigo tudo depende um pouco da situação, porém raiva, raiva nunca sinto. O que sinto às vezes é indignação!
ResponderEliminarÉ só para dizer que subscrevo esta carta de J. Rentes de Carvalho.
ResponderEliminarDeus me livre de deixar de achar graça a pequenos pormenores que o próprio quotidiano nos está constantemente a mostrar.
E de ter medo de emitir publicamente a minha opinião!
Rosinhamiga
ResponderEliminarO Rentes de Carvalho diz uma coisa interessantíssima, quando se dirige a Deus (se é que ele existe, Deus, o Rente sim): Dai-me raiva. Será que se refere implicitamente aos gajos que nos (des)governam?
Qjs
Henrique
Como ele tem razão!
ResponderEliminarRC é um grande escritor e um homem recto!
Bela reflexão...quero ler o livro!!!
ResponderEliminarabraços carinhosos a ti