Hoje, dia 2 de Fevereiro, é dia de Nossa Senhora das Candeias, da Luz ou da Purificação.
Enraíza esta festividade do calendário religioso católico na lei de Moisés que obrigava as mães a apresentarem-se no Templo para a cerimónia da purificação, 40 dias depois do nascimento de um filho e 80 depois do nascimento de uma filha. As mulheres sempre ligadas à impureza!
Cruza-se ainda com o culto à Deusa Ceres, a mãe das colheitas, para os Romanos, com o Imbolc ou Oilmec, um dos quatro festivais Celtas e é também um dos oito sabbats da religião Wicca.
No Brasil é a festa da Senhora da Candelária também associada a Iamanjá, protectora dos pescadores e marinheiros.
Em França é "La Chandeleur" que se festeja com "crêpes"...
É assim uma festa multi-religiosa!
Para mim, desde miúda, é o dia de comer filhoses fritas em azeite novo...
Quando o tempo o permitia, nessa época, íamos comê-las debaixo de uma oliveira para que a azeitona e o azeite a partir dela não nos faltasse à mesa, assim como a luz que iluminou durante séculos os nossos antepassados.
Pelo casamento, entrei numa família onde esta tradição se mantinha, exceptuando o local onde se comiam, e voltei a festejar a Senhora das Candeias.
Chegávamos os quatro a casa dos meus sogros e encontrávamos a minha sogra de volta de uma enorme frigideira onde as filhoses já dançavam no azeite a ferver, um alguidar de massa de um lado e outro de filhoses douradas, polvilhadas de açúcar escuro, do outro.
Começávamos logo a comê-las, os miúdos ficavam completamente lambuzados.
Havia sempre uma panela de sopa de feijão encarnado e o jantar desse dia ficava completo com filhoses antes, sopa e filhoses com café de cevada depois e ainda trazíamos algumas para casa para o pequeno-almoço do dia seguinte.
Se as filhoses da minha infância feitas pela minha avó paterna eram uma delícia, as da minha sogra não lhe ficavam atrás.
Nunca experimente fazê-las mas costumo comprá-las no supermercado ao fundo da rua e para que a tradição não fique totalmente desvirtuada vou comê-las debaixo de uma oliveira.
(Imagem da net com um dos símbolos do Imbolc)
Muito mais haveria a dizer sobre esta festa mas já me excedi, para o meu habitual!
Rosa dos Ventos, minha amiga!
ResponderEliminarEnquanto lia – sempre com prazer, quer seja um ou uma dúzia de parágrafos – ia pensando: a Rosinha hoje está muito “escrevidora”! E eis que faz um comentário lá abaixo (ou lá acima) a propósito da tua inspiração!
Não conhecia a tradição ou se a conheci algum dia, tinha esquecido. Hoje, como vês, estou em cima do acontecimento! Temos que tirar proveito do dia de nevão! Abraço.
Foi com muito agrado que li o teu texto sobre a Senhora das Candeias. Essa tradição das filhoses desconhecia completamente. Aqui pelo norte creio que nunca se usou. Já tive hoje a oportunidade de dizer à Catarina que a Senhora das Candeias por aqui está associada ao tempo. Se no seu dia a Senhora rir está o inverno para vir. Se chora está o inverno fora.
ResponderEliminarBeijo
Rosa dos Ventos
ResponderEliminarComo é saudavél as recordações de quando meninas como as já adultas. Recordar é viver minha amiga, eu tenho muitas boas recordações da minha infãncia com o meu pai que me criou, porque minha mãe abandonou-me era eu muito pequena, hoje em casa existe sempre algo que me faz recordar minha infãncia e falar no meu pai que já partiu, assim como recordo os miminhos da minha sogra que eu adoro e que ainda vive o filho é que já partiu. Amiga bom proveito para essas felhoses que eu tanto gosto. E que mantenhas essa tradição durante muitos anos.
Beijo
São sempre oportunas e desejadas as "notícias" dos tempos em que fomos felizes. Às vezes recordar faz bem!
ResponderEliminarQuando se apróxima o poente - o que não é o teu caso! - esses tempos e essas memórias têm a patine das fotografias antigas: não são a preto e branco e muito menos coloridas; são, normalmente, sépias. Uma cor de que eu muito gosto.
Mas isso são outras histórias...
Beijocas
js
As coisas que eu aprendo contigo! É que eu não sou muito dada a tradições... Mas gostei de ler.
ResponderEliminarSó um comentário muito pessoal: a minha sogra também era/é assim....
Beijinhos e bons frito!
Assim como?
ResponderEliminarAmiga de tradições ou amiga de fazer filhoses? :-))
Parece-me que, além de não seres dada a tradições, também não gostas de filhoses... :-))
Eu não as frito, compro-as prontas a comer.
Não gosto do cheiro a fritos... :-((
Acreditas que tenho no frigorífico massa de crêpes, que é a minha especialidade, e os amigos que cá vêm jantar vão obrigar-me a mandá-la para o lixo, porque têm o colesterol descontrolado?
ResponderEliminarÉ...
Parece que Deus dá as nozes a quem não tem dentes.
Joyeuse Chandeleur.:)
bji
Que legal isso. Não conhecia essa tradição religiosa tão bonita e você nos trouxe. Obrigado por isso. Beijos
ResponderEliminarMinha querida
ResponderEliminarNão resisti sem voltar aqui depois do comentario que a minha amiga deixou no meu cantinho. Minha querida entendi que partiu um filhote seu será? A mim partiu o meu pai minha irma meu marido e o meu netinho com apenas seis mesinhos. Quero lhe dar um grande abraço solidário desta amiga virtual mas que sentiu sua dôr.
Beijo
Desde que me conheço como gente que em nossa casa se faziam fritos
ResponderEliminar(não se chegava ao apuro das filhós)cumprindo a tradição da região para que não faltasse nunca a produção de azeite,embora de oliveiras eu só tivesse as que via no quintal do vizinho e as do avô que vivia em S.Pedro da Beberriqueira-Tomar e nos mandava umas boas bilhas em lata pela camioneta das 5h,com alguma gorgetazita para o cobrador que,naquele tempo, cobrava,carregava as bagagens e ainda dizia "obrigado" com a mão na pala do boné (safa!).Pois, por aqui,quem não tivesse posses para fazer as filhós ou filhoses estrelava um ovo porque o importante era não esquecer o dia fritando algo.
Pelo que li nos comentários,esta tradição seria das regiões de cultivo de oliveiras.Vou investigar e, quem sabe, fazer doutoramento...Abraço Kinkas
Querida Kinkas
ResponderEliminarOs teus comentários vêm sempre acrescentar algo mais...
De facto só se pode festejar aquilo que se tem ou aquilo que os nossos avós nos deixaram.
Onde não há olivais não há esta tradição.
Do meu lado paterno e materno havia bastantes olivais, além de muitos filhos... :-))
O meu avô materno tinha um enorme lagar de azeite, ainda sinto o cheiro daquele espaço que agora está ao abandono e recordo a azáfama da apanha da azeitona!
Por acaso herdei do lado do meu pai um bom olival que este ano deu apenas azeitona para a mesa, acho que foi devido à limpeza que as oliveiras sofreram no ano passado.
Pois faz lá as tuas investigações e o respectivo doutoramento e depois convida-me para a defesa da tese! :-))
Nina
ResponderEliminarDeitar fora massa de "crêpes" é pecado!
Mais vale mandar o colesterol dos amigos às urtigas! :-))
Bela resenha da história de Nossa senhora das Candeias, que também recordei lá no CR.
ResponderEliminarEntretanto, fiquie a saber que nos estados Unidos é o dia da...Maromota!
Gostei de te ler hoje. Gosto da tradição mas estou como tu, não gosto do cheiro dos fritos. Comi uma filhós...cumpri a tradição.
ResponderEliminarBeijinho
Nunca tinha ouvido nada sobre esta tradição. Os filhoses comiam-se (em casa dos meus pais) pelo Natal e na verdade já há umas dezenas de anos que os não como !
ResponderEliminarQuanto ao "dia" apenas ouvi falar em Senhora das Candeias, mas nunca o soube relacionar.
Aprendi ! :))
bj
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Não conhecia este Dia. Gostei muito do texto e da ideia de nos próximos anos poder começar a comemorar o dia com filhoses :)
ResponderEliminarum beijinho
Ainda bem que ainda cheguei a tempo de aprender algo que desconhecia como ligado aos olivais, à azeitona e aos fritos.
ResponderEliminarNa família havia terras e cultivos mas nada relacionado com oliveiras, por isso... desconhecia, com grande pena minha, esta bela e útil tradição.
Para o ano vou aproveitar para estrelar uns ovos pois adoro-os mas fritos em azeite. Ficam mais saborosos e menos nocivos ao colesterol.
Obrigada por mais uma lição de tradição lusa e não só.
Uma ternura este post.
ResponderEliminarBeijo
Lindíssimo. Não sei se aqui no Norte se usa,
ResponderEliminarsei que as filhoses da minha avó eram as melhores do mundo...mas foi há tanto tempo, tudo era parco, o azeite era "um quartilho" e, se vinha alguma garrafa da aldeia, era uma festa. Só se usava para ocasiões especiais, um bom bacalhau. Verde escuro e espesso, lembrava o sacrifício de varejar com tempo frio (Carrazeda de Ansiães). E por lembranças me vou, obrigada!
Bjs