segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Workshop de Fotografia

Iniciei, no dia 5 de Fevereiro, um "workshop"  (como agora se intitulam os mini-cursos)  de fotografia, dividido em 12 sessões. 
Nesse primeiro dia, limitámo-nos às apresentações do monitor e dos alunos, a alguns conceitos básicos, a umas fotos na rua para exemplificação daquilo que considerávamos ser o Presente, o Passado e o Futuro e pude constatar que dos 40 inscritos era a mais velha, a mais ignorante e aquela que tinha a máquina com menos funções.
Para começar, fiquei contente! Piorar não podia!
No dia 12 de Fevereiro, a 2ª aula, realizou-se numa praia fluvial que fica no limite do concelho de Ourém com o concelho de Tomar, à beira do rio Nabão, afluente do Zêzere, e que, vindo do lado de Ansião, recebe ali a nascente do Agroal.
Foi neste local, muito agradável e concorrido no Verão, que iniciei a minha aprendizagem e verifiquei que a minha máquina tinha muitas mais opções do que  aquilo que eu pensava. Além de saber onde se clicava para obter a imagem, não ia muito mais além do zoom...
Depois das explicações do monitor e de termos estudado as tais funções, começámos a treinar macros, velocidade e entrada de luz.




Esta é uma das minhas tentativas mal sucedidas de conseguir regular a correcta entrada de luz.
Talvez por ter uma formação académica na área das Letras, considero um acto de magia a captação e a respectiva visualização de uma imagem!
Transformar uma cascata de água numa cascata de prata é ou não algo de mágico?

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Primavera

Se tu soubesses
como é urgente chegar a primavera
Como é imensa a raiva que se sente
- muda de desesperada e impotente -
Por a saber à espera
Como nós dependente de uma burocracia
Aguardando o despacho modelo número tantos
Dum qualquer requerimento
escrito sem erros, emendas ou rasuras
Data do próprio dia
Segundo as normas, rígido, legal
E na linha final a assinatura do senhor ministro supervisor do tempo.

Maria Eugénia Cunhal, in "As Mãos E O Gesto"

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Nos 24 anos da morte de Zeca Afonso

No dia 19 de Dezembro coloquei aqui a sua "Canção de Embalar" para assinalar a partida de alguém muito querido, hoje opto por "Senhora do Almortão" para mostrar como gosto de Zeca e para afirmar que ele pertence à galeria daqueles que "se vão da lei da morte libertando".
Ele também esteve na génese da nossa democracia!
Obrigada, Zeca!

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Dificuldades de leitura...

Em toda a minha vida de leitora, já bem longa, abandonei apenas um livro.
O marcador que repousa na página 119 de "Samarcanda" de Amin Maalouf lembra-me esse insucesso - não consegui desenvolver qualquer tipo de empatia por esta obra.
Nos finais de Novembro, no Clube do Livro que frequento há uns anos, foi seleccionado "Conversa n´A Catedral" de Mario Vargas Llosa, para ser debatido nos finais de Janeiro.
Durante parte do mês de Dezembro deixei repousar as 630 páginas deste romance. Quando finalmente iniciei a sua leitura deparei-me com algo de muito complexo.


Neste romance coexistem quatro narrativas que vão surgindo, com avanços e recuos no tempo e no espaço, com novas personagens que se cruzam com dois homens, digamos amigos, um de raça negra, antigo motorista do pai do outro, filho de uma família abastada, homens estes que conversam sentados a uma mesa de uma taberna chamada "A Catedral", na cidade de Lima, capital do Peru, na época conturbada da ditadura do general Manuel A. Odría. Ambos, cada um à sua maneira "em fim de linha".
São histórias de amor, amizade, cumplicidade, solidariedade, de resistência mas também de corrupção de toda a ordem, de preconceito racial e social, de violência, de crime, de miséria, de medo, de desencanto, de prostituição, de homossexualidade....
Uma visão "caleidoscópica" de uma época, de um povo.
Comecei por iniciar a leitura normalmente, mas perante tanta complexidade, optei por colocar setas para assinalar a saída de uma narrativa e entrada noutra, seguidamente, para melhor me situar, desenhei chavetas, delimitando assim os vários contextos que se iam sucedendo, voltando várias vezes atrás para ler de seguida cada núcleo, até que voltei à fórmula normal, inicial e lá entrei no ritmo aparentemente desconexo de todo o enunciado. Isto só lá para meio da obra...
O livro vai ser analisado dia 24 de Fevereiro, depois de um adiamento e eu terminei-o ontem.
Sinto-me satisfeita por ter conseguido ultrapassar as dificuldades surgidas e concordo com o que está registado na contracapa.
"Um romance que, mais do que um marco na carreira literária do autor, é uma referência inevitável na história da literatura universal".

Nota: Gostaria de saber a vossa opinião sobre este livro, se por acaso já o leram, se já sentiram dificuldades de leitura deste tipo ou se já abandonaram alguns livros...

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Brincadeira literária

Passei a intitular um livro que ando a ler de "Amena Cavaqueira no Estádio da Luz".
Qual  o seu verdadeiro nome e quem é o seu autor?


domingo, fevereiro 13, 2011

Obviamente, demito-o!



Foi numa conferência de imprensa da campanha eleitoral para as Presidenciais de 1958 que Humberto Delgado proferiu a célebre frase referente à postura que tomaria em relação a Salazar se ganhasse esta eleição.
- Obviamente, demito-o!
E foi esta frase (entre outras coisas) que ditou a sua sentença de morte.
Depois da derrota eleitoral decorrente da enorme fraude montada pelo regime do Estado Novo, vítima de represálias e alvo de ameaças por parte da PIDE, pede asilo político na Embaixada do Brasil e continua a  tentar por todos os processos colocar fim à Ditadura.
Ainda se envolveu na preparação do gorado assalto ao Quartel de Beja em 1962 mas, a 13 de Fevereiro de 1965, é atraído a uma armadilha em Vilanueva del Fresno, na raia espanhola, a poucos kms de Mourão, onde acaba por ser assassinado por agentes da Polícia Política, liderados por Rosa Casaco.
Com ele  também é abatida a sua secretária, a brasileira Arajary Campos.



E assim aconteceu!
O seu corpo e o da sua secretária foram descobertos por um pastor num eucaliptal, à beira de um caminho de terra batida.

As duas fotos foram captadas por mim em Junho de 2009 e mostram dois aspectos do Memorial erguido no local onde os corpos apareceram, precisamente na pequena depressão de um riacho bem visível aqui.
Há teses segundo as quais o General Sem Medo teria sido morto noutro local mas não se têm certezas, uma vez que  este crime nunca ficou totalmente esclarecido. 
De referir que este espaço se encontra quase ao abandono.

Nota:
Se hoje falo aqui de Humberto Delgado, o General Sem Medo, é porque, além da data de 13 de Fevereiro de 1965, quero recordar que, antes do 25 de Abril, quem se opunha ao regime podia ser assassinado, preso, exilado ou exilar-se voluntariamente.
Hoje vivemos em Democracia graças ao sacrifício deste Homem e de muitos outros.
Não o devemos esquecer!
Creio que anda por aí muita gente esquecida!

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Pintura



Tal como o pintor traça, com primor, arcos de verdura na tela escura, assim o agricultor semeia, com ternura, favas na terra escura!

terça-feira, fevereiro 08, 2011

O gato à sua janela



Um gato, em casa sozinho, sobe
à janela para que, da rua, o
vejam.

O sol bate nos vidros e
aquece o gato que, imóvel
parece um objecto.

Fica assim para que o 
invejem - indiferente
mesmo que o chamem.

Por não sei que privilégio,
os gatos conhecem
a eternidade.

Nuno Júdice

Nota: a minha Nina à janela

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Experiência em jeito de enigma




Nos meus enigmas tenho sempre usado fotos da minha autoria.
Para pôr em prática as instruções que o Rui da Fonte me enviou por mail aqui fica este bem fácil.
Como se chama e onde fica este espaço?

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Estrelas Cadentes



Sabem a sal as estrelas cadentes
Que sulcam o meu céu
Mas, por instantes, deixam um traço de luz
Na escuridão da memória!

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Senhora das Candeias


Hoje, dia 2 de Fevereiro, é dia de Nossa Senhora das Candeias, da Luz ou da Purificação.
Enraíza esta festividade do calendário religioso católico na lei de Moisés que obrigava as mães a apresentarem-se no Templo para a cerimónia da purificação, 40 dias depois do nascimento de um filho e 80 depois do nascimento de uma filha. As mulheres sempre ligadas à impureza!
Cruza-se ainda com o culto à Deusa Ceres, a mãe das colheitas, para os Romanos, com o Imbolc ou Oilmec, um dos quatro festivais Celtas e é também um dos oito sabbats da religião Wicca.
No Brasil é a festa da Senhora da Candelária também associada a Iamanjá, protectora dos pescadores e marinheiros.
Em França é "La Chandeleur" que se festeja com "crêpes"...
É assim uma festa multi-religiosa!
Para mim, desde miúda, é o dia de comer filhoses fritas em azeite novo...
Quando o tempo o permitia, nessa época, íamos comê-las debaixo de uma oliveira para que a azeitona e o azeite a partir dela não nos faltasse à mesa, assim como a luz que iluminou durante séculos os nossos antepassados.
Pelo casamento, entrei numa família onde esta tradição se mantinha, exceptuando o local onde se comiam, e voltei a festejar a Senhora das Candeias.
Chegávamos os quatro a casa dos meus sogros e encontrávamos a minha sogra de volta de uma enorme frigideira onde as  filhoses já dançavam no azeite a ferver, um alguidar de massa de um lado e outro de filhoses douradas, polvilhadas de açúcar escuro, do outro.
Começávamos logo a comê-las, os miúdos ficavam completamente lambuzados.
Havia sempre uma panela de sopa de feijão encarnado e o jantar desse dia ficava completo com filhoses antes, sopa e filhoses com café de cevada depois e ainda trazíamos algumas para casa para o pequeno-almoço do dia seguinte.
Se as filhoses da minha infância feitas pela minha avó paterna eram uma delícia, as da minha sogra não lhe ficavam atrás.
Nunca experimente fazê-las mas costumo comprá-las no supermercado ao fundo da rua e para que a tradição não fique totalmente desvirtuada vou comê-las debaixo de uma oliveira.  




(Imagem da net com um dos símbolos do Imbolc)


Muito mais haveria a dizer sobre esta festa mas já me excedi, para o meu habitual!