Estou quase a chegar ao fim.
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Ao sair do carro na Senhora do Almortão e antes de subir a larga escadaria que conduz ao adro, ouço no coração a voz saudosa e inconfundível do Zeca:
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Senhora do Almortão
Ó minha linda raiana,
voltai costas a Castela,
Não queirais ser castelhana.
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Senhora do Almortão
A vossa capela cheira,
Cheira a cravo, cheira a rosa,
Cheira a flor de laranjeira.
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Mas, ao olhar para a enorme estrutura coberta por lona azul plastificada a funcionar como prolongamento do alpendre da capela, fico horrorizada. Nem as letras garrafais, a branco," Nossa Senhora do Almortão" me apaziguam.
Fotografar esta fachada é impensável!
Alguns, para não dizer muitos, adros das igrejas e capelas das nossas aldeias primam pelo mau gosto, pelos atentados à simplicidade do património construído, à custa dos dinheiros de todos nós, uma vez que a maior parte dessas obras é subsidiada pelas Câmaras e até pela Comunidade Europeia.
As comissões fabriqueiras e as confrarias actuam como donas e senhoras destes espaços sem qualquer preocupação de enquadramento estético/paisagístico.
Este desabafo decorre não só pela presença desta estrutura que se encontra ali desde o 2º Domingo depois da Páscoa (data da grande romaria deste local), mas também pela informação recolhida junto de alguns residentes da vontade que a confraria tem de construir, em cimento, um novo alpendre para não se perder tempo a colocar e a tirar a estrutura, em princípio, amovível. E também por razões mais próximas...
Esta foi a fotografia possível, tirada de lado!
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Nota. Os moradores dizem que se deve escrever Almurtão e não Almortão.