Moro num 5º andar e mesmo por baixo, no rés-do-chão, há uma loja chinesa cujos proprietários vivem no 2º andar.
Aviso, desde já, que não sou preconceituosa em relação a estrangeiros, qualquer que seja a sua raça, cor, religião, etc. No meu prédio moram, além dos referidos comerciantes chineses, brasileiros, ucranianos, espanhóis, portugueses, brancos, negros e mestiços. Digo isto para não pensarem que me incomoda o comércio chinês.
O que me incomoda, assusta mesmo neste momento é a quantidade de Pais Natal que, nas montras, trepam por escadas, enrolam-se em cordões luminosos, com sacos, com óculos, grandes, pequenos, gorduchos, com um sorriso suspeito, com renas, sem renas...
Como vivo bem alto, tenho o hábito de deixar entreaberta a porta da cozinha que dá para a enorme varanda, quer faça sol, chuva, de noite, de dia e, por isso comecei a cismar com cenários pouco repousantes.
Cenário 1 - Um Pai Natal foge da loja, escala o prédio, entra-me em casa e eu acordo com os seus "hô! hô! hô" à minha cabeceira.
Cenário 2 - Entro em casa e dou com ele, na cozinha, a tentar "fardar" de renas as duas gatas residentes.
Cenário 3 - Estou sentada no sofá da sala, de costas para a entrada, posição totalmente desaconselhada pelo Feng Shui (a arte antiga chinesa de viver em harmonia com o que nos rodeia), pé ante pé ele entra, enrola-me ao pescoço um cordão de luzes e, enquanto tenta sufocar-me, ainda consegue roubar-me os Mon Chéri que restam numa taça colocada à minha frente, gargalhando uns quantos "hô! hô! hô".
Este último cenário é o mais assustador, porque com frio não vivo sem chocolate.
Perante tudo isto, pelo sim, pelo não, vou manter a porta fechada até ao fim das festividades, esperando que o malvado se estatele lá em baixo, se tentar subir até ao 5º andar!