Re-editado
À noite, verifiquei que o DN, que entra diariamente cá em casa, também trazia um artigo sobre este assunto. Se eu fosse uma "blogger" como deve ser deveria agora acrescentar mais alguma coisa mas só tenho a corrigir a data da chegada das primeiras crianças austríacas - 1948.
Quanto à minha pessoa, aqueles que tentaram identificar-me fizeram-no correctamente, sou mesmo a mais pequenina das meninas.
Contudo, a Erika não é a loirinha de tranças, também tem tranças mas é a primeira a contar da esquerda, era ruiva de olhos verdes!
Estava a ler o jornal Público on line quando me deparo com uma extensa reportagem sobre crianças austríacas acolhidas em Portugal no pós-guerra, entre 1947 e 1953, ao abrigo de um acordo entre a Cáritas internacional, a portuguesa e penso que as dioceses.
Como tinha algo "agendado" sobre este tema decidi-me a alinhavar um pequeno texto, sem grande preparação, como é habitual comigo!
Também à minha aldeia chegaram sete crianças austríacas, sendo uma acolhida em casa de uma das minhas tias paternas.
Chamava-se Erika e foi "adoptada" por toda a família, incluindo avós, tios, primos...
Esteve por duas vezes entre nós mas a segunda viagem já foi feita a expensas da família de acolhimento. Penso que talvez tivesse passado, durante as duas estadias, cerca de quatro anos em Portugal.
Lembro-me vagamente dela mas lembro-me sobretudo do que se contava dela depois de ter partido de vez.
Tinha um enorme pavor quando ouvia as buzinas das fábricas, corria a esconder-se debaixo da cama, convencida de que era um bombardeamento que lá vinha e a primeira palavra que aprendeu a dizer em português foi "burro".
Frequentou a escola, aprendeu a falar correctamente a nossa língua, queria ficar com os pais e irmãos adoptivos para sempre mas a mãe, era órfã de pai, não autorizou.
O "irmão" mais velho, muito viajado nunca a perdeu de vista nem quando se fixou na Suécia onde faleceu com cerca de sessenta anos.
Ainda hoje este meu primo está em contacto com a filha e o marido da Erika.
No dia 1 de Janeiro, os primos e primas do lado paterno e respectivos consortes têm por hábito almoçar juntos e mais uma vez este ano falámos da Erika!
Há muitas fotografias dela mas eu tenho apenas esta, onde também estou presente.
É fácil adivinhar qual das meninas é a Erika e qual sou eu!
As duas jovens mais altas eram "irmãs", o "irmão" não está porque era uma fotografia apenas de "primas"