Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.
Por que tão longe ir pôr o que está perto -
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este é o momento, isto
É quem somos, e é tudo.
Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.
In "Odes" de Ricardo Reis
Viva, Rosa!
ResponderEliminarBela evocação.
Entre o passado e o futuro,que ambos são o longe, escapa-nos o presente, o perto que não vemos ,criando ou caindo num vazio que nos anula.Mas creio que ele nos viu com tanta clareza porque nos olhou de longe,do fim da África, e mesmo assim,quando já perto, teve necessidade de se criar diferentes afastamentos ,teatralizando a vida atrás de máscaras que para si mesmo compôs.
Mais que todos os outros, este é, em cada ano, o seu dia.
Vivamos o dia de hoje !
ResponderEliminarPorquê viver de recordações, se é passado ?
Porquê imaginar o que ainda não existe, se temos a realidade do hoje para viver ?
Recordar ou imaginar é puro exercício !
Viver o dia de hoje, o momento, é viver !
.
Continuo com Fernando Pessoa...
ResponderEliminarO que me dói não é
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão...
Bjos
O poeta inesgotável - e portanto imortal!
ResponderEliminarBeijo
E, no entanto...
ResponderEliminarO poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
........................
Pessoa(às vezes intransponível mas inevitável) nunca acaba!
Boa semana.
Gosto de Fernando Pessoa e de todos os "outros" que ele teve coragem de nos mostrar, porque acredito que todos nós somos um e vários e que deveríamos segundo a ocasião pode escolher o nosso eu mais adequado.
ResponderEliminarDar vida a quem a morte não matou, lembrando quem nos habita com a avalanche da sua poesia eterna.
ResponderEliminarJorge Manuel Brasil Mesquita
Lisboa, 30/11/2010
Voltei apenas para deixar um excerto de um dos meus poemas favoritos de Fernando Pessoa. É grande...aliás é enorme e chama-se a Tabacaria.
ResponderEliminarComeça assim:
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Podes vê-lo inteirinho no meu Lugar Encantado. Segue o link que está no Coisas.
Boa escolha Rosinha!
ResponderEliminar;)
Faz 75 anos que ele escreveu: "I know not what tomorrow will bring..."
ResponderEliminarBela escolha para uma justa homenagem.
ResponderEliminarIncomparável, único, imenso.
ResponderEliminarAdmiro todas as sua facetas como poeta. Não me canso de o ler, alguma vez sem o compreender, deduzo, mas gosto.
Beijinhos
Gostei! Abraço
ResponderEliminarBem lembrada a morte de quem soube incitar a fruir da vida ('às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido').
ResponderEliminarAbraço!
Boa escolha, como eu gosto de ler este poeta imortal!
ResponderEliminarBjs
Merecida evocação. Fernando Pessoa é único. Adoro ler os seus poemas.
ResponderEliminarAcabo de abrir o meu blog com um poema seu.
Permita-me que deixe um abraço.
O Fernando Pessoa é inesgotável.
ResponderEliminarAssinalar a efeméride é um retomado contacto com a cultura na sua plenitude.
Bjs, Rosa