Sempre que se aproximam estes dias me lembro das nespereiras que se alinhavam ao longo da cerca do recreio do colégio onde estive interna do 1º ao 5º ano ou, como se diz agora, do 5º ao 9º ano.
Era em Maio que as nêsperas começavam a amarelecer e nós, as mais velhas, a cairmos na tentação de surripiar algumas "à surrelfa".
Apanhadas em flagrante pela Irmã de serviço ou observadas a partir de alguma janela, já sabíamos as consequências - ficávamos de castigo, sem recreio, fechadas na sala de aula.
O que agora é considerado uma violência, um atentado à liberdade das crianças e jovens, tinha o seu quê de divertido para nós.
As alunas externas traziam-nos às escondidas "literatura de cordel", considerada pecaminosa pelas santas religiosas, e aproveitávamos para pôr a leitura em dia.
E volto ao princípio para explicar a razão desta lembrança.
Nos dias 12 e 13 de Maio a maioria das Irmãs ia para Fátima e não havia aulas.
As alunas que viviam mais perto, iam para casa, as de mais longe passavam aqueles dois dias quase em total liberdade.
Era impossível às duas ou três Irmãs que ficavam, estar na portaria, na rouparia, na lavandaria ou na cozinha e ao mesmo tempo no recreio.
Era então que as nêsperas sofriam grandes assaltos e quase desapareciam.
No dia 14 lá ouvíamos um enorme sermão pela má conduta mas acabávamos por ser perdoadas por falta de provas.
Haverá ainda nespereiras no recreio do colégio?
Será que ainda se apanham nêsperas às escondidas?
Estamos em Maio mas na minha nespereira só há nêsperas verdes e para ser franca nunca gostei muito deste fruto!
Sabem que no Norte se chamam "magnórios" ?
ResponderEliminarDá Deus as nozes, perdão as nesperas, a quem não tem dentes, perdão a quem não gosta delas.
ResponderEliminarDesde que vim viver para a minha Aldeia que plantei 3 nespereiras e até agora... népias!
Além de gostar imenso deste fruto ainda sei fazer o doce delas, só retirando os caroços, que fica delicioso para o meu gosto, claro.
Espero que o próximo ano já tenha deste fruto q.b. para tirar a barriga de misérias. Gosto mais das nacionais, mesmo pequenas, do que das Espanholas carnudas mas sem sabor.
Desculpa este comentários longo, mas é para te compensar da longa ausência.
Beijossssss
Então, um grande sermão? E depois? Já ninguém vos tirava o gosto do fruto proibido, da aventura e da desforra! Bem feito, "as nêsperas quando nascem são para todas"!
ResponderEliminarGosto delas e de todos os frutos de Verão!
Abraço.
Oh! Que bem sabem estes relatos a trazer-nos de volta uma idade perdida, mas afinal vivida com todo o encanto que a juventude, afinal sempre tem.
ResponderEliminarUm beijo
No caminho para a escola também assaltávamos os magnórios da quinta de Quires, mas sem castigo, se éramos ladinos.
ResponderEliminarTampouco é das frutas que mais me agradam, só bem madura... tem muitos caroços...
Recordar é viver
Abraços
Amarelinhas e grandonas, bem docinhas, hum!...acho que não há nenhum fruto que eu nao goste, só alguns tropicais.
ResponderEliminarBjoca Rosinha
A sua estória tão saudosista, faz-me recordar as da minha região: Eu e uma amiga decidimos, um dia, que as amoreiras e as figueiras, de um determinado quintal, estavam demasiado carregadas de fruto. Como tinha medo de cair,fiquei de plantão! E não é que fomos apanhadas na nossa primeira tentativa de desviar umas amorazinhas e uns figuinhos?! A senhora – dona da amoreira - perguntou à minha amiga empoleirada na árvore: Mas o que é que a menina está aí a fazer? Resposta: Precisamos de folhas para os nossos bichos da ceda. Houve raspanete. Em troca do seu silêncio, prometemos que nunca iriamos “desviar” os frutos das suas árvores. Só de pensar nas consequências que me esperariam lá em casa, mantive a minha promessa. Já foi azar!
ResponderEliminarAs nêsperas, para eu gostar delas têm que ser muito docinhas e daquelas em que a casca sai com facilidade.
ResponderEliminarCoitadas delas, acho que sou muito exigente, olha se uma nêspera dissesse o mesmo de mim ;)
Bjo
Pequeno pormenor: seda em vez de ceda : (
ResponderEliminarQue boas recordações e que alívio para a minha alma já pecadora aos sete anos,mas afinal não a única.Não é que fui a uma "fazenda"que cultivávamos lá para os lados dos Casais Novos,com a "criada",mocita dos seus 15 anos para apanharmos feijão verde ou coisa que o valha.Vai daí,luziram-nos os olhos para uma ameixitas (quilhão de galo)que amadureciam numa árvore,que,com silvas e marmeleiros,servia de fronteira com a "fazenda"de outro dono.Foi olhado e feito.A Gena que era mais alta e afoita,apanhou uma quantas e
ResponderEliminarconsolámo-nos jurando segredo eterno.No dia seguinte,quando a Maria do Aclino veio a minha casa denunciando o roubo ou furto(?)minha Mãe com a maior das certezas afirmou-lhe que estaria enganada porque eu seria incapaz de tocar no que quer que fosse que não me pertencesse e que, para mais, não me faltava fruta em casa!Senti-me tão envergonhada e traidora da confiança da minha Mãe,que nem sequer me fez perguntas,que nunca lhe contei a verdade.Hoje,ao ler os relatos deste post,senti-me desobrigada de carregar tão pesado
fardo até à Eternidade.Uf!Bem hajam companheiras de marotice.
Kinkas
Ai Kincas, Kincas!
ResponderEliminarQue bem tu estarias na blogosfera com um blogue teu e não enriquecendo, apenas, os dos outros com estes relatos tão coloridos e genuínos!
Aproveita e passa a visitar a "Carol" que tem um blogue chamado "picosderoseirabrava", descobrirás que é uma amiga comum mas mais "produtiva" do que eu...
Abraço não virtual
Bela história , eu também tenho uma com cerejas . Qq dia conto no meu blogue.
ResponderEliminarBem aparecido sejas, HB! :-))
ResponderEliminarObrigada, Rosinha, pela "propaganda" que fazes ao meu blog - mais produtivo mas não tão belo como o teu!
ResponderEliminarQuanto às nêsperas... eu nasci em casa, como se nascia antigamente. Num res-do-chão de um belo prédio com quintal, em Algés. No quintal havia uma bela nespereira, imensa e muito fértil. Consta que a minha mãe, na tarde da véspera de eu nascer, comeu nêsperas até se fartar, que lhe "deram a volta" e, de madrugada, lá nasci eu... Imagina! O que eu devo às nêsperas...
Que bem contada está esta tua recordação! Fala de outros tempos, de outros conceitos de educação, de outra maneira de ver o mundo. Às vezes tenho saudades...
ResponderEliminarE espero ansiosa que as minhas nêsperas amadureçam, que eu gosto bem delas:)))
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ResponderEliminarRosa dos Ventos, esse fruto no Brasil chamamos ameixa.
ResponderEliminarE lembro que na rua onde morávamos, para uma grávida esse fruto era um desejo febril, pois caso não subíssemos na árvore para colher alguns, diziam: O bebê nascerá com uma ameixa nas costas ou na testa.
Após colhermos alguns, era só alegria para as futuras mamães.
Um abraço, gostei de conhecer teu blog.
Quando quiser aparecer, seja bem vinda.
Também eu andei ás nêsperas no colégio das freiras, que tinham uma valente horta e um pomar variadíssimo.
ResponderEliminarE era às escondidas também, sim senhora!
Boas memórias me fizeste recordar.
Caros Rui da Fonte e Duarte
ResponderEliminarNão conhecia este termo nortenho das nêsperas...
De onde virá?
Abraço
Resumindo, essas marotices fazem parte do crescimento de qualquer humano. E, tornamo-nos assim tão maus? Claro que não!... Isso ajuda-nos a olhar a criançada com outros olhos!
ResponderEliminarBeijo
Cara Carol
ResponderEliminarEntão quando nasceste, e foi no princípio de Abril, já havia nêsperas maduras em Algés?
Mudam-se os tempos, muda-se o amadurecimento dos frutos...
Abraço
Caros amigos
ResponderEliminarAs histórias passadas nos colégios em regime de internato são mais que muitas...
Eu então tenho dezenas delas!
Graças à construção de escolas de 2/3º ciclos e mesmo do secundário em praticamente todas as sedes de concelho e noutras localidades e uma rede de transportes adequada está a fazer desaparecer este regime que afastava as crianças dos pais aos 10/11 anos.
Eu nunca me senti "presa" no colégio mas que fazia mil diabruras, fazia...
Como diz a Justine, outros tempos, outros conceitos de educação...
Abraço
Volto a entrar para te avisar,que se o teu compagnon de route ou teu filho passar pelo Bulhão e perguntar à vendedeira de magnórios: a como está a sua nêspera ? Arrisca-se a levar com a cesta dos frutos em cima, mais uns quantos fortes palavrões existentes no mercado linguístico .Kincas
ResponderEliminarRifão Quotidiano
ResponderEliminarUma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia
chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a
é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece
Mário-Henrique Leiria
[sinto-me tããããão nêspera, por vezes!]
:)*
Também não sou fã do fruto mas custa-me saber que as frutas estão atrasadas, este ano, por conta de uma primavera QUE NUNCA MAIS CHEGA!Oh meu Deus! Lareira em Maio? De caminho é Natal outra vez! hehehe
ResponderEliminarJá disse ao povo da blogosfera que enquanto eu não for aí...sei não!
Pitanga,
ResponderEliminarEntão vem depressa que nós estamos fartas de esperar a "Prima Vera" que tem adiado a sua chegada naturalmente por causa das nuvens contaminada pelo vulcão que tem nome esdrúxulo.
Beijosssss
Sabe muito bem recordar.
ResponderEliminarSe o sabor for adocicado por uma nêsperazinha,oh, será o máximo.
Acho bem.
Bjs
Rosa. obrigado pela tua visita.
ResponderEliminarUm abraço fraterno, Boa Noite, beijos.
Estou sempre a aprender contigo, Tsiwari! :-))
ResponderEliminarAbraço
hummm!!! pela actividade q exerço, ainda as como "roubo" ...ainda ontem comi uma...mas um pouco verdasca :(
ResponderEliminarpara a semana, vou lá outra vez, já devem estar melhores :))
Ó Tite, olha que eu "bou"!
ResponderEliminarPitanga,
ResponderEliminarMorta por isso estás tu n'é?
Então vem, desde que nos tragas o calor que tanto necessitamos...
Bom FdS
Que pena eu não estar aí!
ResponderEliminarDe ontem para hoje já comi um meio quilo!
Pena... estão-se a acabar, por cá.
Bjs
Nêspera e magnório são vocábulos sinónimos da linguagem comum.
ResponderEliminarNão correspondem a designações botânicas distintas. A diferença está relacionada apenas com a história destes vocábulos.
Nêspera provém do vocábulo grego méspilos, que transitou para o latim culto como nespila e chegou ao latim vulgar como néspira e daí a forma adoptada em Português.
Magnório deve ser proveniente do nome do botânico francês Magnol, que deu o nome de magnólia à árvore de onde provêm os magnólios ou magnórios.
Os dicionaristas consideram o magnório um regionalismo minhoto, e têm nêspera como o vocábulo comum ao resto do país.
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