É este o título do último livro de Daniel Pennac.
Deste autor apenas conhecia "Comme un roman" na versão portuguesa.
Emprestado por um amigo, iniciei a leitura de "Chagrin d´école" em francês e, neste início do ano lectivo, gostaria de deixar aqui um pequeno extracto que me atrevi a traduzir para os professores no activo, para os que, mesmo aposentados, continuam a preocupar-se com o insucesso escolar, enfim para todos os que têm preocupações no domínio pedagógico e que têm a gentileza de me visitar.
"A todos aqueles que julgam a constituição de "gangues" como sendo um fenómeno dos subúrbios dos grandes centros urbanos, digo: tendes razão, sim, o desemprego, sim, a concentração de excluídos, sim, os reagrupamentos étnicos, sim, a tirania das marcas, a família monoparental, sim, o desenvolvimento de uma economia paralela e os tráficos de toda a ordem, sim, sim, sim... mas livremo-nos de subestimar a única coisa sobre a qual nós podemos agir, pessoalmente, e que data dos primórdios dos tempos pedagógicos: a solidão e a vergonha do aluno que não aprende, perdido num mundo onde todos os outros aprendem.
Só nós podemos tirá-lo dessa prisão, quer estejamos ou não formados para isso."
Daniel Pennac, ele mesmo professor, oriundo de uma família sem qualquer tipo de problema, sabe do que fala neste livro. Foi, inexplicavelmente segundo os conceitos vigentes, um péssimo aluno (un cancre, em francês), e relata-nos com mestria mas também com uma simplicidade desarmante, o seu percurso escolar cheio de insucesso, o encontro de professores-salvadores e a sua actividade profissional marcada pela compreensão deste flagelo.