sábado, setembro 26, 2009

O Zêzere, algures...

"...penso que a curva é o gesto de um rio."

In " Leite Derramado " de Chico Buarque de Holanda

quarta-feira, setembro 23, 2009

Uma questão de ordem...

De vez em quando releio alguns dos contos filosóficos de todo o mundo que foram compilados por Jean-Claude Carrière em "Tertúlia dos Mentirosos".
Hoje reli um que passo a transcrever:
" Uma história mostra dois monges que viviam no mesmo mosteiro e ambos gostavam de fumar.
Esta inclinação, a que sucumbiam frequentemente, acarretava-lhes reprovações e censuras.
Foram um dia chamados à presença do mestre, um após o outro, separadamente. O primeiro perguntou ao mestre:
- Posso meditar enquanto fumo?
O mestre rebentou de cólera, respondeu não e mandou rudemente o discípulo embora.
Um pouco mais tarde, este monge encontrou o outro a fumar calmamente. Espantado, perguntou-lhe:
- Não estiveste com o mestre?
- Sim, estive.
- E ele não te proibiu de fumar?
- Não.
- Mas como é que é possível? Que lhe perguntaste?
- Perguntei-lhe simplesmente: posso fumar enquanto medito?

segunda-feira, setembro 21, 2009

Chagrin d´école

É este o título do último livro de Daniel Pennac.
Deste autor apenas conhecia "Comme un roman" na versão portuguesa.
Emprestado por um amigo, iniciei a leitura de "Chagrin d´école" em francês e, neste início do ano lectivo, gostaria de deixar aqui um pequeno extracto que me atrevi a traduzir para os professores no activo, para os que, mesmo aposentados, continuam a preocupar-se com o insucesso escolar, enfim para todos os que têm preocupações no domínio pedagógico e que têm a gentileza de me visitar.
"A todos aqueles que julgam a constituição de "gangues" como sendo um fenómeno dos subúrbios dos grandes centros urbanos, digo: tendes razão, sim, o desemprego, sim, a concentração de excluídos, sim, os reagrupamentos étnicos, sim, a tirania das marcas, a família monoparental, sim, o desenvolvimento de uma economia paralela e os tráficos de toda a ordem, sim, sim, sim... mas livremo-nos de subestimar a única coisa sobre a qual nós podemos agir, pessoalmente, e que data dos primórdios dos tempos pedagógicos: a solidão e a vergonha do aluno que não aprende, perdido num mundo onde todos os outros aprendem.
Só nós podemos tirá-lo dessa prisão, quer estejamos ou não formados para isso."
Daniel Pennac, ele mesmo professor, oriundo de uma família sem qualquer tipo de problema, sabe do que fala neste livro. Foi, inexplicavelmente segundo os conceitos vigentes, um péssimo aluno (un cancre, em francês), e relata-nos com mestria mas também com uma simplicidade desarmante, o seu percurso escolar cheio de insucesso, o encontro de professores-salvadores e a sua actividade profissional marcada pela compreensão deste flagelo.

sexta-feira, setembro 18, 2009

Lama

Os que passam por aqui sabem que, desde o início, já lá vão três anos, este blogue é um espaço generalista mas afastado de querelas!
Contudo, hoje apetece-me desabafar e será apenas isso, um desabafo.
Detesto lama, incomoda-me, suja tudo, agarra-se aos pés, à roupa, é totalmente inestética e eu gosto de coisas bonitas e limpas.
Estas duas campanhas eleitorais estão a ser pontuadas por faits divers que são um nojo!
Mas penso que a lama, quando é lançada, não atinge só o alvo pretendido, atinge também e sobretudo quem a lança.
Infelizmente denuncia-nos como um país com gentinha execrável, sei do que falo.
Eu, que sou uma humilde cidadã, com uma visibilidade política bem reduzida, já fui vítima desse jogo sujo que passa, por exemplo, pelo envio de SMS anónimos.
Era bom que a chuva que cai limpasse a porcaria que nos está a inundar!
Para os que estão a sofrer este tipo de estratégia de baixo nível vai a minha solidariedade.

quarta-feira, setembro 16, 2009

É tempo...

É tempo de encher a casa com aquele cheirinho a doce de maçã.
Os cestos não param de chegar, bem carregados...


As uvas da parreira do pseudo quintal-jardim vão ser colhidas em breve.
Já se sente o Outono nas cores, nos cheiros e nos sabores.

terça-feira, setembro 15, 2009

Piódão

Não consegui uma melhor perspectiva mas as duas igejinhas brancas que se destacam do escuro das fachadas do casario encravado na serra do Açor são bem visíveis.


Desde tempos remotos que a única fonte de rendimento das mulheres desta aldeia era a venda de ovos no mercado da Covilhã. Andavam kms pelas serranias com este género de canastra à cabeça.

Esta cantareira faz-me lembrar a que existia na grande cozinha da minha avó Emíla, mãe da minha mãe, que foi a primeira dos meus avós a partir quando eu era adolescente.



Aos pés do catre, onde finalmente repousavam depois de tanto mourejarem, as botas cardadas que ainda ostentam a poeira dos caminhos.
Estas três imagens, bem como a do quadro "naïf", encontram-se no pequeno mas simpático museu do Piódão.


segunda-feira, setembro 14, 2009

Novo enigma

Como sempre, muito fácil!
Como se chama a terra representada neste quadro?

sexta-feira, setembro 11, 2009

Não estou a gostar nada disto!

Não estou a gostar nada disto!
A Kicas, a minha gata mais meiga, mais calma não veio dormir a casa, como não é seu hábito estou preocupada.
Já corri as redondezas e nada...
Não é a 1ª vez que me matam, deliberadamente, um gato.
Há gente para tudo!
Espero, contudo, que ela ainda apareça !

quarta-feira, setembro 09, 2009

Olhos nos olhos...

Aproximou-se com cuidado e mergulhou profundamente o seu olhar no meu.
Sustive a respiração, nem conseguia esboçar o mínimo movimento.
Continuou a olhar-me de forma intensa.
Afastou-se um pouco, sorriu e perguntou com o melhor dos sorrisos:
- Anda a tomar Cordarone?
E eu, incrédula:
- Ando! Como é que sabe?
- O Cordarone provoca uns risquinhos nos olhos...
Pegou numa caneta, desenhou dois olhos e neles os tais risquinhos.
Acrescentou:
- Chamamos-lhes "bigodes de gato", mas só em casos extremos é que deverá ser suspenso o medicamento, por isso esteja descansada!
Fiquei descansada, mas, cá por mim, estes "bigodes de gato" são apenas o reflexo entranhado dos ditos cujos das minhas gatas no meus olhar.

sexta-feira, setembro 04, 2009

Quem guarda, acha

E acha o quê?
Acha tralha, lixo, inutilidades e algumas boas e más recordações. Contudo as boas guardam-se no coração onde sempre cabe mais uma e as más deitam-se fora.
Foi o que fiz a tudo o que encontrei sem préstimo em mais uma ronda por roupeiros, gavetas, caixotes, caixas e caixinhas desta casa excessivamente grande e cheia para tão poucos residentes!

terça-feira, setembro 01, 2009

Continuação do passeio interrompido pelo aniversário

Depois da passagem e paragem para breve visita a Sever do Vouga, uma belíssima vila anichada entre serras de um verde esplenderoso, da descoberta do parque onde se situa a cascata da Cabreia, no rio Mau, perto da aldeia da Silva Escura, seguimos em direcção a Vale de Cambra sem nos determos. Ficará para a próxima.
Nas imediações de Arouca almoçámos e finalmente atingimos o objectivo desta escapadela - conhecer um pouco melhor alguns recantos deste concelho e admirar outros pela 1ª vez.
Este é o claustro do Mosteiro de Santa Mafalda que lhe foi legado pelo rei, seu pai, D. Sancho I, em 1210.
Segundo documentação existente, este mosteiro data do século X, pertencia então à Ordem de S. Bento e tinha o nome de mosteiro de S. Pedro.
Avançar mais dados sobre este assunto seria demasiado longo, por isso só tenho a acrescentar que vale a pena visitá-lo, sobretudo a área onde está instalado o fabuloso Museu de Arte Sacra.
Foi criado pela Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda e tem a função de guardar, conservar e patentear ao público as suas riquezas.
É considerado mesmo um dos melhores museus particulares, no seu género, na Península Ibérica.
Como é óbvio, dentro do museu não pude tirar fotografias.

Por estradas bem estreitas e cheias de curvas subimos à Serra da Freita que faz parte do Maciço da Gralheira, juntamente com a serra da Arada e do Arestal.
Vimos aldeias tradicionais onde pachorrentas vacas arouquesas se negavam a deixar-nos passar...






E atingimos a recta final, embora cheia de curvas bem apertadas!

A frecha da Mizarela é uma queda de água no Rio Caima, com mais de 60 m. de altura, fica no lugar do mesmo nome, muito perto de Albergaria da Serra onde o rio nasce.
Pode ser vista a partir de um miradouro à beira da estrada que passa em frente da aldeia ou então do lado oposto da encosta, no lugar de Castanheira.
Pudemos observá-la dos dois lados porque as famosas pedras "parideiras" encontram-se precisamente aqui.




E aqui estão elas!
É um fenómeno de gratinização único no país e raríssimo no mundo inteiro.
Trata-se de um afloramento granítico que tem incrustados nódulos envolvidos por uma capa de biotite em forma de disco biconvexo os quais, por efeito da erosão, se soltam da pedra-mãe - daí a denominação de "parideiras"
Esta imagem mostra os buracos deixados por esses nódulos quando se soltam por si ou são selvaticamente arrancados pelos visitantes.
Para pôr cobro à destruição deste património natural, a autarquia cercou todo o afloramento com um rede bastante alta.
Toda a informação sobre este fenómeno foi retirada do desdobrável que me foi dado no Posto de Turimo, em Arouca.
E de novo a caminho de casa, descemos a vertente que nos levava a repetir a travessia de Vale de Cambra, em busca da A1.