quarta-feira, setembro 23, 2009

Uma questão de ordem...

De vez em quando releio alguns dos contos filosóficos de todo o mundo que foram compilados por Jean-Claude Carrière em "Tertúlia dos Mentirosos".
Hoje reli um que passo a transcrever:
" Uma história mostra dois monges que viviam no mesmo mosteiro e ambos gostavam de fumar.
Esta inclinação, a que sucumbiam frequentemente, acarretava-lhes reprovações e censuras.
Foram um dia chamados à presença do mestre, um após o outro, separadamente. O primeiro perguntou ao mestre:
- Posso meditar enquanto fumo?
O mestre rebentou de cólera, respondeu não e mandou rudemente o discípulo embora.
Um pouco mais tarde, este monge encontrou o outro a fumar calmamente. Espantado, perguntou-lhe:
- Não estiveste com o mestre?
- Sim, estive.
- E ele não te proibiu de fumar?
- Não.
- Mas como é que é possível? Que lhe perguntaste?
- Perguntei-lhe simplesmente: posso fumar enquanto medito?

17 comentários:

  1. ... que pelos vistos faz toda a diferença...

    :)

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  2. o acto primeiro!
    se medito...
    se fumo...
    mas isto é para discípulos e mestres!

    um beijo, rosa

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  3. :)) é tudo uma questão de colocação de prioridades! De hierarquias de importâncias :))

    Um grande abraço, Rosa, fumando um cigarro enquanto te lia...

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  4. Estes contos, que atravessam o tempo e o espaço, tratam de todas as questões que, ao longo da história da humanidade e da nossa própria história, sempre nos inquietaram e agitaram. Dizem verdades que sós os mentirosos conhecem.

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  5. Ah os pontos de vista! E os filósofos...:))

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  6. O que é preciso é saber dar a volta
    ao texto e recolher o que mais convém!
    Abraço Clubista
    Kinkas

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  7. trocar as palavras às vezes faz toda a diferença, Rosa...

    abraço

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  8. :) quando uma palavra basta...

    Beijinho*

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  9. Esta é a prova de que tudo pode ter mais que uma leitura...

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  10. a ordem das palavras faz a diferença...e eu que tanto as maltrato...desordenando-as 100dó nem piedade.
    Um abraço e bom fim de semana!

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  11. "Dê uma primeira tragada: Deus em forma de fumaça. Os hindus dizem, "Annam Brahm" - "Comida é Deus". Por que não a fumaça? Tudo é Deus. Encha profundamente seus pulmões - isto é pranayam. Estou lhe dando uma nova ioga para um novo tempo! Depois, solte a fumaça, relaxe; dê outra tragada - e faça tudo bem devagar...
    Se você puder fazer isso. ficará surpreso; logo verá toda a estupidez disso. Não porque os outros lhe dizem que é estúpido, que é ruim. Você o verá; e não apenas intelectualmente, mas a partir do seu ser total; será uma visão da sua totalidade. E então, um dia, se o vício desaparecer, desapareceu; se continuar, continuou. Você não tem que se preocupar com isso."
    Palavras de Osho
    Obs: O Povo mais uma vez saberá escolher.
    Um abraço

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  12. Esta faz-me lembrar aquela anedota de um fulano que está a beber um copo de vinho, com a mão a tapar os olhos, quando alguém lhe pergunta: " Que estás a fazer?" - ao que ele responde: "O meu médico disse-me: alcool, nem vê-lo!"

    A língua é, por vezes, traiçoeira, ou seremos nós que, por conveniência, sufragamos, ou não, o sentido literal das palavras?

    [It's raining cats and dogs...]

    Perphaps I will find a girl friend for my litle Ruca!

    Abraço

    Jorge

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  13. Parece pouca coisa mas faz toda a diferença. Que bom seria se tivessemos a Sabedoria de encontrar o essencial de cada situação !
    Abraço

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  14. Excelente trocadilho, faz toda a diferença...

    Abraço

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  15. Não é porque me considere mais inteligente que os restantes co-comentadores, mas, depois de ler os comentários restou-me a sensação que nem todos entenderam o sentido da alusão.
    A diferença não se encontra no sentido das palavras, tão pouco no trocadilho, mas sim em algo mais intrínseco. Ou seja, o sentido das perguntas dos monges parece à partida igual, mas não é. Talvez numa apreciação menos cuidada, parece, contudo na verdade, enquanto o primeiro monge estaria a reduzir o acto da meditação ao tempo que demorava fumar um cigarro, o segundo, por sua vez, ia fumando, enquanto meditava. Ou seja o segundo monge meditava permanentemente e durante essa permanência, mandáva umas passas, ao passo que o primeiro monge, enquanto cacilhava, aproveitava para pensar na vidinha.
    O mestre, que devia ser um artista, é que se baralhou na função pedagógica, na medida em que despediu o primeiro monge, sem lhe ter explicado o alcance da cena.
    Agora falta equacionar uma circunstância... que tipo de cigarros fumavam os monges?!
    ;)))))

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  16. Caro Bartô
    Gostei da tua explicação!
    Haverá alguma marca mais monástica que outras?
    Para já fumavam pensativos cigarros! :-))

    Abraço

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