quinta-feira, setembro 25, 2008

Ó minha amora madura...

Ó minha amora madura,
Diz-me quem te amadurou.
Foi o sol e a geada
E o calor que ela apanhou.

Ó minha amora madura,
Diz-me quem te amadurou.
Foi o sol e foi a chuva 
E o calor que ela apanhou.

Esta é uma cantiga tradicional portuguesa que nós cantamos no coro, com arranjo de Eurico Carrapatoso.
E este foi o ramalhete de amoras que recebi hoje, ao fim da tarde, e que foi colhido num lugar mágico que eu conheço muito bem.
Na impossibilidade de ir colhê-las e comê-las logo ali, o meu "compagnon de route" teve este gesto bonito!

quarta-feira, setembro 24, 2008

Homenagem a Pablo Neruda

Ontem, o Escutador de Almas lembrou-se da morte de Pablo Neruda a 23 de Setembro de 1973, em Santiago do Chile. Com algum atraso aqui está também a  minha homenagem.

Ode ao Gato

Os animais foram
imperfeitos,
compridos de rabo, tristes de cabeça.
pouco a pouco se 
foram compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça, voo.
O gato,
só o gato
apareceu completo
e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o
que quer
............................

Nota: Encontrei na Net um longo poema da autoria de Pablo Neruda e postei apenas este pequeno extracto.

segunda-feira, setembro 22, 2008

Eureka!


O rapaz, como diz a Pitanga do lado de lá do Atlântico, que não é informático, mas é persistente, conseguiu resolver-me o problema das fotos com o Google Chrome, só que me arranjou outros...
Como não se pode ter tudo, para a próxima talvez se resolva a falta de acesso ao Zimbra.
Esta imagem, além de servir de teste, mostra a minha "belle-famille" ou mais concretamente treze dos seus elementos a caminho de uma propriedade para a apanha de pinhas, figos e resto de pêssegos...
Foi um excelente fim-de-semana, o de há quinze dias atrás, pela quantidade e qualidade dos protagonistas, não desfazendo nete último que apenas primou pela qualidade.
Num assomo de generosidade pouco vulgar em mim, declarei alto e bom som de forma a ser ouvida por todos os que estavam sentados à grande mesa da sala da casa que será sempre a da avó Rosa:
- Este ano o Natal é em minha casa!
- O quê? Onde é que queres meter 23 pessoas num T2?
- No Natal já estarei na outra casa!
E será que estarei? Sempre que lá vou para ver o andamento da "requalificação" da cozinha surgiu um novo problema ou na canalização, ou no quadro da electricidade ou nas caixas do esgoto...
Mas não me estou a queixar. Adoro obras e das conversas que tenho de estabelecer com todos os trabalhadores que estão a fazer da minha casa um estaleiro!

quinta-feira, setembro 18, 2008

Chorus Auris

Este é o nome do coro onde participo como contralto.
Depois das férias de Verão iniciámos os ensaios no dia 1 de Setembro e encontrámos a agenda já cheia para este mês.
Amanhã iremos actuar no Encontro de Coros da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais em Tomar, no dia 23 "abrilhantaremos" a cerimónia religiosa das Bodas de Prata de um ilustre empresário da nossa praça e no dia 27 participaremos numa homenagem a Amália Rodrigues no Panteão Nacional.
Para este efeito andamos a ensaiar o fado "Foi Deus...", peça bem difícil para ser cantada, em alguns dos seus versos a seis vozes. Se cantar um fado em coro já não é nada fácil, imaginem a seis vozes...
Esperemos que não seja um "triste fado"!
E aproveito para vos desejar um bom fim-de-semana!

terça-feira, setembro 16, 2008

Outono

Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há tanta fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.

Miguel Torga, in Diário X


Nota: Finalmente consegui introduzir uma imagem, mas é da net, não é minha.

quinta-feira, setembro 11, 2008

A pasta...

Era de cabedal maleável, em tom castanho avermelhado, tinha um fecho a meio e uma presilha de cada lado que prendia numa fivela. Foi o meu pai que a trouxe de Espanha e ma ofereceu quando entrei para a Primária.
Nos primeiros dias andava muito leve, mas com o tempo foi-se enchendo com o Livro de Leitura, o de História, o Caderno de Exercícios de Aritmética, a tabuada, os diversos cadernos para cópias, redacções, ditados, contas, desenhos, a pedra (ardósia) e a respectiva pena, a caixa de madeira com um boneco pintado na tampa e que tinha os lugares bem definidos para a caneta, o lápis, a borracha, a afiadeira e ainda havia espaço para a pequena caixa com seis lápis de cor, da Viarco.
Periodicamente passava-lhe com um produto para manter o cabedal saudável e esfregava-a com um pano de lã até ficar brilhante, como nova.
Esta pasta acompanhou-me até ao final da 4ª classe e admissão ao liceu, exames feitos no mesmo ano e só não a levei para o colégio onde fiquei até completar o 5º ano (agora 9º) porque em regime de internato não tinha necessidade dela.
Neste "regresso às aulas" a minha caixa de correio tem sido inundada com folhetos de campanha publicitária do "Regresso às Aulas". Procuro na secção de mochilas um modelo semelhante à minha pasta de cabedal maleável, em tom castanho avemelhado, mas não encontro...

domingo, setembro 07, 2008

Na manhã azul...

Na manhã azul o som ouviu-se inconfundível.
Apurei o ouvido, não tinha dúvidas.
Fui à varanda, o som ouvia-se mais nítido e depois o homem surgiu com a bicicleta à mão, com aquele ar de senhor do mundo, assobiando no seu realejo.
Era um amolador de facas e tesouras , daqueles que também concertam chapéus e alguidares...
E logo a minha memória evocou a minha mãe e avó paterna a procurarem as facas que já não cortavam bem, assim como as tesouras.
E assistia com espanto à obra de arte que era gatear um prato de estimação ou um alguidar enorme onde a carne para as chouriças ficava em vinha de alho até ficar no ponto...
Agora tudo tem um curto prazo de validade, a minha avó e a minha mãe já não procuram nada e eu nem sei fazer chouriças...
E logo ontem, que deitei para o lixo uns pratos rachados...
E pensei que este amolador na manhã azul era um poema!
Ouvem-no?

sexta-feira, setembro 05, 2008

Chuva

Chuva

Chove uma grossa chuva inesperada,
Que a tarde não pediu mas agradece.
Chove na rua, já de si molhada
Duma vida que é chuva e não parece.

Chove, grossa e constante,
Uma paz que há-de ser
Uma gota invisível e distante
Na janela, a escorrer...

Miguel Torga

segunda-feira, setembro 01, 2008

Escuta...

Como o verde cansado de ser esperança
Como rima cansada de rimar

A minha voz
Cansada de ser canto
Quer ser apenas voz

E quer falar.

Eugénia Cunhal, in As Mãos e o Gesto



Nota: Lamento, mas estou impossibilitada de introduzir imagens.