domingo, dezembro 12, 2010

Natal e não Dezembro

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio, 
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.


Entremos dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro duma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.

David Mourão-Ferreira

17 comentários:

  1. É só um dos mais bonitos poemas de Natal que conheço...

    Um abraço.

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  2. A grande verdade é essa : Dezembro é Natal. Curioso como associamos de imediato, sem que ninguém nos lembre !
    É uma reacção automática e generalizada: entramos em Dezembro e não se pensa no mês, mas no Natal à porta !!!...
    .

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  3. Não conhecia esta poesia, mas é natural... o meu fraquinho sempre foi... pela prosa :)

    Bjos

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  4. Não me lembro deste poema ou não o conheço... o que é quase a mesma coisa. Gostei.

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  5. Não é enigma nem descobriria se o fosse. Gostei do poema. Não sei se não gosto de Dezembro por ser Natal de UM e de outra ou se é apenas por ser Inverno e os dias pequeninos ...
    ( não desista dos enigma, mesmo sem adivinhar tem graça - descobri o Júlio Dinis pelos palpites mas nem sabia que era pseudónimo !)

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  6. Não me incomodava de te dar a mão. O calor da mão transmite amizade, Rosa.

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  7. Aqui quase se coloca o dilema do ovo ou a galinha. Qual nasceu primeiro?
    No caso de Dezembro é um pouco a mesma coisa mas só em termos de importância. É mais importante Dezembro por ser o último mês do ano ou porque o Natal calha neste mês mágico?

    E com isto me esqueci que o poema do David Mourão Ferreira é... lindo!

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  8. Lindo poema! Que eu não conhecia.
    Realmente não deveria haver um Dezembro para o Natal, mas sim dar-mos as mãos e celebrar o natal todos os dias.
    Abraço.

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  9. Muito belo este poema! Já o conhecia, mas, mesmo assim, ainda bem que escreveste o nome do autor...

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  10. Versos lindíssimos! E se, de facto, a consoada fosse universal, quão melhor seria este mundo?

    É Domingo à noite, por isso, boa semana!

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  11. Belíssimo Poema que me deste a conhecer.
    Parabéns Amiga.
    Kinkas

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  12. E eu que pensava que o poeta atingia a sua máxima expressão, quando enaltecia a "geografia femenina"... ;)
    Afinal, não (só)!
    Belíssima escolha, Rosinha!

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  13. (com as tua licença, vou falar com o poeta)

    pois é David, só que agora ainda é mais Dezembro que Natal, uns bons anos depois de escreveres este poema.

    está bem, este Dezembro tem mais luzes...

    abraço Rosa

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  14. Talvez...se conseguirmos entrar despojados e de mãos dadas!
    Poema lindíssimo deste enorme poeta.
    Beijo

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  15. Não conhecia esta linda poesia, vou guardar nos meus arquivos.
    Bjs

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  16. Tens razão, Luís!
    Cada vez é mais Dezembro e menos Natal...

    Se nos despojarmos de preconceitos já não será mau de todo, Justine!

    Este é, de facto, um dos mais belos poemas de Natal que conheço, Maria!

    Ainda bem que trouxe aqui este poema que alguns não conheciam...

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