Dormia tudo como se o universo fosse um erro; e o vento, flutuando incerto, era uma bandeira sem forma desfraldada sobre um quartel sem ser. Esfarrapava-se coisa nenhuma no ar alto e forte, e os caixilhos das janelas sacudiam os vidros para que a extremidade se ouvisse. No fundo de tudo, calada, a noite era o túmulo de Deus (a alma sofria com pena de Deus).
E, de repente - nova ordem das coisas universais agia sobre a cidade - , o vento assobiava no intervalo do vento, e havia uma noção dormida de muitas agitações na altura. Depois a noite fechava-se como um alçapão, e um grande sossego fazia vontade de ter estado a dormir.
Bernardo Soares, Livro deo Desassossego
Huuuuuuuuuuuuuum...
ResponderEliminarLegal, não conhecia Bernardo Soares, vou procurar algumas coisas dele. XD
Adoro biografias. XD
Voltar aqui, concerteza, ok?!
Abração, Roh
Que grande coincidência, ainda hoje o folheei.
ResponderEliminarMagnífico.
"Continuação de boa estadia em terras do Tio sam e tudo de bom para ti!
ResponderEliminarAbraço natalício".
Tudo de bom para ti também. Tive estado aqui nos passados dias com o Rodrigo a acompanhá-lo no seu infortúnio e regressei, vou agora para Vegas e, depois, LA. Vida frenética. Passei para ver todas as amigas bloggeras e dar-te abraço e beijinhos. Teresa.
Lembrei de te dizer que durante todo o tempo que estive cá vi o Desassossego na mesa de cabeceira do Rodrigo e que todo o tempo ele esteve falando dele. Conhece-o de cor como se fosse ele que o tivesse escrito.
ResponderEliminarpor cá o vento anda num desassossego tremendo, nem se permite ter intervalos para assobiar.
ResponderEliminarbeijo
O desassosseg sempre presente quando em nós sopra o vento, Rosa.
ResponderEliminarUm beijo de bom dia
O vento traz sempre palavras. Nós é que nunca as sabemos traduzir.
ResponderEliminarRosa, o texto lindo do BS é um retrato destes últimos dias invernosos: o vento, a chuva e o vento, a vontade de dormir...
ResponderEliminarAbraço para ti
desassossega-me o vento
ResponderEliminarquando adormeço acordado
faz-me falta ter talento
p´ra dormir e estar deitado.
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Também tive o "Elefante" do Saramago como prenda de Natal. Tenho de o ler no quintal, pois não o consigo ter na mesa de cabeceira devido ao volume do bicho.
Abraço e sorriso.
HOJE
ResponderEliminarE
S
T
O
U
FELIZ
acreditas?
Pois é...
sinto-me assim como quem cumpriu a sua missão - dever cumprido!!!
Nunca fiz nenhuma exposição e...
achava um bicho de sete cabeças montar a exposição, no entanto, foi maravilhoso, começar a ver o efeito dos quadros nas paredes...
uma sensação indescritível.
Dormi apenas 3h esta noite, deitei-me às 6h da manhã para me levantar às 9h da manhã...
Mas...estou tão leve!!!
Tão serena!!!
É verdade...
nem me conheço a mim mesma.
Consegui realizar mais um sonho que tinha: expor as minhas fotografias.
Bom fim de semana, molhado...mas que seja Feliz.
Cara Tulipa
ResponderEliminarPrimeiro parabéns!
Segundo, se estás feliz é porque a Pikena também está melhor!
Abraço e muito sucesso
Se estivesse perto também lá ia...
Senhora Rosa dos ventos. Deus há muito que se afastou e se recolheu no seu túmulo. A proximidade dos humanos, feitos à sua imagem e semelhança, incomoda-O. A dos portugueses, deprime-O.
ResponderEliminarSe eu estivesse no lugar de Deus, também há muito que me tinha suicidado.
Um dia levantar-se-á um vento que varrerá toda a cidade. Infelizmente, não haverá árvores para respirar o novo ar puro. Foram todas substituídas por contentores.
Duas coincidências: na noite de quarta para quinta andei a arrumar livros - e folheei este.
ResponderEliminarA segunda, a noite inquieta foi a última, "atrasou-se" no caminho...
:)))
Um abraço, Rosa
As noites inquietas parece que não nos querem deixar, Maria!
ResponderEliminarAbraço
...andamos demasiado desassogados e embregados em noites de vendaval... a precisar de um bocadinho de sol nas nossas almas...
ResponderEliminarleio seu blog e me deleito. Sou fã.
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