No dia 3 de Janeiro, um acto de solidariedade levou-nos a Nisa.
Foi uma terrível manhã de frio, vento, chuva e granizo.
Terminada a cerimónia, precisávamos de almoçar mas com a hora adiantada e não tendo conseguido encontrar nada, pusemo-nos a caminho de casa com a intenção de parar no primeiro local que nos indicasse que ali se poderia comer qualquer coisa quente.
E assim foi. Logo meia dúzia de kms depois, a caminho do Gavião, Abrantes, concretamente em Arez, lemos numa sugestiva placa "Taberna do Rui". Continuava a chover mas parámos e entrámos.
Era uma tasquinha bem simpática de mesas e bancos corridos e com uma lareira daquelas à antiga portuguesa.
Perguntámos se nos podiam servir alguma coisa e naquele jeito tão natural, tão franco, tão alentejano o senhor disse-nos:
-Só se for sopa de pedra que estamos a acabar...
Claro que aceitámos de imediato a sugestão.
A mesa foi posta com pratos de barro vidrado, canecas do mesmo material, pão caseiro, umas azeitonas, daquelas verdes mas pequenas, com um ligeiro travo e uma pequena bilha com vinho da região. Não sei se a ASAE irá passar por lá...espero que não!
Começámos a aquecer mas quando a sopa chegou e a provámos, concluímos que nunca tínhamos comido uma sopa de pedra tão saborosa.Imaginem que levava coentros...
O café foi bebibo à lareira onde um enorme cepo emanava labaredas ainda natalícias.
Pagámos, elogiámos o repasto e saímos.
Como por artes mágicas a chuva tinha parado, o céu estava azul e o sol brilhava.
Mesmo junto ao larguinho onde tínhamos parado vimos uma placa indicativa de uma povoação com um monumento nacional, aliás já tínhamos reparado nela muitas vezes mas sempre que ali passávamos não dava jeito a incursão num território desconhecido, embora a atracção por sinaléticas dessas pertença aos nossos hábitos de viajantes de trazer por casa.
E lá seguimos a seta.
Depois de alguns kms encontrámos uma aldeia com uma igreja de 1780, situada num dos montes circundantes, igreja essa que está quase ao abandono mas que visitámos por haver por perto um senhor encarregado de a abrir, sempre que surgissem forasteiros interessados.
Este sino não pertence à torre principal e já não dobra por ninguém há muitos anos.
De lá avistámos um castelo e aí vamos nós à descoberta.
Era um castelinho com quatro torreões onde não pudemos entrar devido ao mau estado do piso no seu interior. Demasiado escorregadio devido às chuvas.
Cá está uma breve perspectiva de um dos torreões...
Indicava-nos outra placa que a cerca de 3 kms encontraríamos um rio e continuámos...
Descemos bastante até desembocarmos junto ao tal rio de um prateado plúmbeo que, como todos os rios, lá ia correndo para a foz...
Entretanto o sol desapareceu e a chuva começou a ameaçar desabar de novo.
Era tempo de regressar a casa e como não havia passagem para a outra margem, voltámos de novo a Arez e procurámos a A 23 para chegarmos mais depressa e em segurança.
Nota: Claro que isto não é apenas uma das minhas habituais reportagens mas também um enigma.
Como se chama a aldeia e que rio é este?
Dei-vos muito mais indicações do que na localização de Dornes...
Boas pesquisas!