O mundo dos livros é infinito e lermos todos os livros que nos parecem aliciantes é uma tarefa bem difícil, mesmo impossível.
Pelo meu aniversário, em data bem recente, recebi este que li em oito dias, não só pelo interesse que me despertou mas também por ter muito tempo disponível nas mini-férias acabadas de gozar.
A acção decorre em Molching, um pequeno subúrbio de Munique e vai de 1939 a 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, embora no final tenhamos informações mais actualizadas.
A narradora desta história é a Morte e logo aqui se sente alguma estranheza, mas, apesar da escassez de tudo o que é fundamental à vida e dos bombardeamentos cada vez mais frequentes à medida em que os Aliados avançam, há quem não tenha perdido a capacidade de sonhar na Rua Himmel, uma rua pobre de gente pobre, com um nome bem irónico...ou talvez não.
É uma história de livros e com livros dentro, de crianças e de adultos, de judeus escondidos por alemães e de alemães que destroem o património de judeus, de marchas forçadas a caminho de Dachau...
"Observando tudo isto, Liesel (a rapariga que roubava livros) teve a certeza de que aqueles eram os mais miseráveis seres vivos. Foi isso que escreveu acerca deles. As suas caras macilentas achavam-se retesadas de angústia. A fome devorava-os enquanto eles prosseguiam, alguns de olhos no chão para evitar as pessoas à beira da estrada. Uns fitavam suplicantes aqueles que tinham vindo observar a sua humilhação, esse prelúdio às suas mortes, outros imploravam a alguém, não importava quem, que avançasse e os apanhasse nos seus braços.
Ninguém avançou.
Quer observassem essa parada com orgulho, temor ou vergonha, ninguém avançou para a interromper. Por enquanto.
No último capítulo ficamos a saber que Liesel, a rapariga que roubava livros, terminou os seus dias em Sidney, na Austrália e nos agradecimentos do autor australiano, Markus Zusak, podemos pressupor que talvez haja muito de real nesta narrativa que recomendo pela originalidade da sua estrutura, pela linguagem que vai do poético ao boçal, pela acção em si que nos mostra não só o sofrimento dos judeus mas também o dos alemães.
Agora gostaria de ver o filme mas tenho receio de ficar desapontada!