quarta-feira, novembro 30, 2011

Efeméride

Passa hoje mais um aniversário da morte de Fernando Pessoa ocorrida a 30 de Novembro de 
de 1935.
Normalmente assinalo este aniversário com poesia mas hoje decidi optar pela prosa do "Livro do Desassossego" de Bernardo Soares, um semi-heterónimo de Pessoa uma vez que ele próprio o afirma na seguinte frase:
"...não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e a afectividade."
E fiz esta opção precisamente por dominar mal esta "pessoa" de Pessoa, em relação aos três heterónimos mais conhecidos.


O cansaço de todas as ilusões e de tudo que há nas ilusões - a perda delas, a inutilidade de as ter, o antecansaço de ter que as ter para perdê-las, a mágoa de as ter tido, a vergonha intelectual de as ter tido sabendo que teriam tal fim.
A consciência da inconsciência da vida é o mais antigo imposto à inteligência. Há inteligências inconscientes - brilhos do espírito, correntes do entendimento, mistérios e filosofias - que têm o mesmo automatismo que os reflexos corpóreos, que a gestão que o fígado e os rins fazem de suas secreções.
Bernardo Soares
Nota:Peço desculpa pelas aspas que surgem onde não deviam surgir. Ocorreu um erro na colagem que não consegui corrigir.

segunda-feira, novembro 28, 2011

Museu do Chiado e Malhoa

Em Agosto fui visitar no Museu Nacional de Arte Contemporânea, mais conhecido pelo Museu do Chiado, uma exposição intitulada "Arte Portuguesa do Séc. XX - 1910-1960- Modernidade e Vanguarda ", tal como a foto documenta, embora com pouca visibilidade.
A visita foi guiada e realizou-se à noite numa excelente iniciativa deste museu. As inscrições eram prévias e a entrada gratuita.
Era uma exposição muito interessante e pude rever alguns quadros de pintores bem conhecidos e ver outros que desconhecia totalmente.
O jovem que guiou o grupo onde estava inserida e que julgo pertencer aos "quadros" da casa ou pelo menos contratado para esse fim apresentou-se vestido informalmente, de calções e sapatilhas o que nada me incomodou .
E por que razão me fui lembrar agora desta exposição?
Acontece que o tal jovem na apresentação e análise dos quadros decidiu fazer comparações com correntes de pintura anteriores a este "modernismo e vanguarda" e fez de José Malhoa uma espécie de "bombo da festa", tornando-se mesmo deselegante nas suas apreciações e isso incomodou-me bastante.
Parece-me que não é este o papel de um guia...



Ontem, assistindo no Canal 2 ao programa "Câmara Clara" dado a partir do Museu do Fado, pude rever o célebre quadro de Malhoa que deu origem ao fado da autoria de Frederico Valério e que Amália Rodrigues tão bem cantava!
Olhei, tornei a olhar para o quadro e continuei a achar injustos os comentários do tal jovem guia.
Afinal não se pode comparar o incomparável!


Já agora aproveito para vos perguntar se identificam o autor deste quadro que constava da exposição?
Não tirei mais fotos porque a bateria da máquina terminou e não levava outra. 

sexta-feira, novembro 25, 2011

Novembro

Novembro vai-se esvaindo pardacento e triste com uns fogachos de azul e luz!
De hoje a um mês é dia de Natal e a época que já se iniciou nas lojas, centros comerciais e na carteira pouco recheada da maioria dos portugueses, dá-me vontade de hibernar e de acordar só depois dos Reis!
A ditadura do calendário com as pessoas  felizes, à força ou não, de estrelinhas nos olhos e guizos a tinlintar metaforicamente nas orelhas provoca-me um certo mal estar...
Desculpai lá a minha fraca apetência para estas natalices, sei que a maioria dos meus visitantes não sente o mesmo e ainda bem!
Em todo o caso vou fazer um esforço para não destoar muito no ambiente familiar.
No fundo, cada um desempenha o seu papel!

domingo, novembro 20, 2011

Curiosidades "florestais"


No âmbito das Jornadas da Floresta, uma iniciativa do Município de Ourém integrada nas comemorações do Ano Internacional das Florestas, pude assistir ontem de manhã a duas palestras sobre a temática das Políticas Florestais e Ordenamento do Território e Floresta Autóctone. Fiquei-me apenas pelos trabalhos da manhã porque uma tosse persistente, que me acompanha há uns dias, já começava a perturbar o vasto auditório.
Foram de grande interesse as duas apresentações mas vou apenas referir duas curiosidades apontadas pelo 1º orador, o Dr. João Pinho:
Primeira curiosidade - Portugal é o 3º país com menos floresta na posse do Estado, a seguir às Ilhas Salomão  e ao Uruguai.
O Estado detém apenas 2% das áreas florestais, incluindo já as que pertencem aos municípios.
Segunda curiosidade - a primeira grande acção de florestação em larga escala na história da humanidade, realizou-se durante o séc. XIII, em Portugal, com a plantação do Pinhal de Leiria.
Todos sabemos o que decorreu desta iniciativa pioneira, além da protecção das terras de cultivo ali estavam "as naus a haver" que nos levaram a dar novos mundos ao mundo e a irmos para além da dor!  

quarta-feira, novembro 16, 2011

"Venham enfim"

No 89º aniversário do nascimento de José Saramago deixo-vos um poema seu!



Venham enfim as altas alegrias,
As ardentes auroras, as noites calmas,
Venha a paz desejada, as harmonias,
E o resgate do fruto, e a flor das almas.
Que venham, meu amor, porque estes dias
São de morte cansada, 
De raiva e agonias
E nada.


José Saramago, in "Provavelmente Alegria"

segunda-feira, novembro 14, 2011

Como é possível?


( foto da net)

Esta bela ponte quinhentista que atravessa o rio Vouga ruiu há dias numa freguesia do concelho de Águeda!
Desta vez "apenas" um jovem ficou ferido com gravidade porque há seis meses que o trânsito estava vedado a veículos ligeiros e pesados, havendo a possibilidade de ser usada por peões, bicicletas e motas.
Há anos que a degradação da ponte era evidente mas o habitual "jogo do empurra" levou ao desfecho que já conhecemos.
A falta de verba para a sua requalificação, por parte da autarquia, é uma das justificações, mas o "assobiar para o lado" e esperar que o pior não aconteça é uma das nossas características!
"A ponte é uma passagem para a outra margem" - cantam os "Jafumega!
Esta deixou de o ser!
Como é possível?

sexta-feira, novembro 11, 2011

Bom fim de semana!


Desejo a todos os amigos que tiverem a gentileza de passar por aqui um óptimo fim de semana, bem recostados nas almofadas dos vossos lares ou noutro sítio qualquer!
Já que o Orçamento de Estado não tem almofadas, usemos as nossas!

segunda-feira, novembro 07, 2011

Em busca de uma legenda...


Em busca de uma legenda...

sábado, novembro 05, 2011

Finalmente Barcelona

Antes de mais peço-vos desculpa por fazer uma postagem tão longa mas depois de muitos considerandos e da difícil escolha das fotos achei que seria a melhor solução!

O alojamento do coro ficou a cargo do coro de Barcelona que nos convidou e que optou por nos albergar em suas casas. Assim calhou-me ficar em casa de uma coralista com  um jovem casal e outra companheira.
Depois de descansarmos um pouco e de nos refrescarmos seguimos para a pé para o Passeig de Gràcia onde pudemos admirar exteriormente duas das obras de referência de Gaudí.



A Casa Milà ou La Pedrera


A Casa Batlló


Em passo de marcha bem acelerado seguimos para a Praça da Catalunha onde nos juntámos ao restante grupo para seguirmos para a Praça de Espanha onde assistimos a um belo espectáculo de luz e som. Este local vê-se na foto da postagem anterior onde falei desta deslocação e fica abaixo de Montjüic...
Regresso a casa para uma merecida ceia e descanso.


Na manhã de domingo visita ao Bairro da Gràcia onde se situava o Teatro Lluïsos, palco do nosso concerto à noite, como podem comprovar por este cartaz afixado numa rua.


Das três praças principais do bairro saliento a Plaça del Diamant  pelo monumento a Mercè Rodoreda, importante escritora catalã, nascida em Barcelona a 10 de Outobro de 1908 e falecida em Gerona a 13 de Abril de 1983 e autora da novela "Na Praça do Diamante" passada precisamente durante a sangrenta Guerra Civil que levou ao poder o ditador Franco.


Agora praticamente em passo de corrida atravessámos outros bairros e dirigimo-nos à obra prima de Gaudí, embora ainda inacabada, a Igreja da Sagrada Família um dos monumentos mais visitados de Espanha.
Aqui temos a Porta da Paixão que já não é da autoria de Gaudí...


Um aspecto interior da igreja


Outro aspecto de uma zona inaugurada em 2010...esta igreja encontra-se em contínua construção tal não é a sua grandiosidade e complexidade!


Pormenor da Porta do Nascimento 


Depois do almoço piquenique num jardim frente à Sagrada Família nova corrida para o Parc Güell onde logo à entrada encontrámos centenas de pessoas, graças ao fim de semana prolongado e à fama do espaço em causa.


É quase impossível tirar uma foto sem apanhar gente!


Pormenor do banco maior do mundo localizado neste parque e feito todo em linhas curvas.


Vista geral da cidade com o Mediterrâneo ao fundo e em primeiro plano a torre da Casa-Museu onde Gaudí viveu até à sua trágica morte por acidente.
Regresso a casa para nos prepararmos para o concerto que foi um êxito, modéstia à parte!
No final, jantar preparado pelos nossos hospedeiros e partilhado por todos numa das salas do teatro.


Segunda-feira, dia 31, levantámo-nos quase de madrugada e seguimos para Montserrat. 
Esta era a paisagem na subida!


Aqui no Mosteiro demos um mini-concerto que foi aplaudido por centenas de pessoas de variadíssimas nacionalidades.
Independentemente da crença de cada um, não deixou de ser emocionante esta actuação numa igreja tão bonita e tão carismática para os catalães que têm um apreço especial pelos Beneditinos que vivem neste local e que foram grandes protectores daqueles que fugiam à fúria assassina das tropas franquistas, sendo considerados, em relação ao clero em geral, de grande abertura de espírito.
Depois do almoço piquenique ainda fomos visitar as Caves Codorníu com 30 kms de subterrâneos que percorremos,  em parte, de comboio e onde se produz um "champanhe" mundialmente conhecido mas do qual eu jamais ouvira falar!
As fotos deste espaço desapareceram por magia...



Na terça de manhã ainda deu para um passeio pelo Bairro Gótico...


Uma visita à Catedral com direito a orquestra no exterior...


E um pé de dança de "La Sardana"...

Almoço na casa da família "de acolhimento" , arrumação da mala, partida para o aeroporto e chegada a Lisboa às 9 da noite, sem qualquer problema. Na ida não chegaram 65 malas entre as quais 10 do grupo  que só apareceram no dia seguinte. Eu tive sorte!


E ainda mais sorte tive porque, por razões de logística, seis coralistas regressaram em executiva entre as quais EU!
Foi a primeira vez que gozei desta mordomia e creio que terá sido a última.

Nota: Uma vez mais peço desculpa pelo alongamento!
Para aqueles que já conhecem Barcelona foi um recordar, para os que não conhecem foi um aguçar o apetite de conhecer esta cidade que é um autêntico museu ao ar livre e da qual eu dei uma pálida imagem!