sexta-feira, fevereiro 22, 2008

À minha Mãe...

Vezes sem conta vi a minha mãe debruçada sobre a sua velha Singer.
À sua maneira era uma artista, sentava-se para costurar como se fosse tocar piano...
Partiu há quatro anos e eu mal tive tempo de a chorar!
Deixo-vos em sua homenagem este poema de Eugénio de Andrade que, estranhamente, me fala dela.

Casa na chuva

A chuva, outra vez a chuva sobre as oliveiras.
Não sei por que voltou esta tarde
se a minha mãe já se foi embora,
já não vem à varanda para a ver cair,
já não levanta os olhos da costura
para perguntar. Ouves?
Oiço, mãe, é outra vez a chuva,
a chuva sobre o teu rosto
de Escrita da Terra.

Eugénio de Andrade

18 comentários:

  1. As mães... Presença constante nas nossas memórias. Também eu, tenho tantas saudades de vê-la agarrada à nossa velha Singer ;(

    ResponderEliminar
  2. Muito bonito este poema do EA.
    Afinal ele "poemava" a vida ao pormenor...

    Abraço

    ResponderEliminar
  3. Belo poema para homenageares a tua mãe, Rosa.

    Beijo e abraço

    ResponderEliminar
  4. Este poema traz-me lembranças da infância que a minha mãe também era costureira. Mas eu ainda a tenho comigo, felizmente.

    Gosto de chuva. Temperadinha, como dizia a avó.

    beijos em sexta de Sol (por enquanto)

    ResponderEliminar
  5. Que bonito poema, Rosa dos Ventos...e que bonita homenagem...

    Por mais que tenhamos discordado....refilado...contestado...depois, fica uma saudade imensa!!!

    Bom fim-de-semana.
    Beijitos

    ResponderEliminar
  6. Triste, mas muito bonito! Também me lembrou a minha mãe... Um abraço.

    ResponderEliminar
  7. Eu fiquei com a velha máquina Singer, já ninguém costura...

    Beijinho*

    ResponderEliminar
  8. Que bela e comovente evocação!Tu consegues achar sempre a Palavra Certa ainda que pegando na partitura executada na Singer.Tenho ainda a 2ª Singer (1944 ,talvez) onde entorto cada bainha que me atrevo a agredir e ouço o conselho :"nunca se começa a coser pondo a mão na rodinha,mas com o pedal".Kincas( de lágrimas)

    ResponderEliminar
  9. ternura na homenagem
    o verso certo... na hora certa1

    beijo
    luísa

    ResponderEliminar
  10. Um poema que nos diz muito mais do que, o que está escrito. Compete a cada um 'imaginar'.
    Fica bem.
    Felicidades.

    ResponderEliminar
  11. simplesmente belos. os dois textos. *

    ResponderEliminar
  12. Quem tem uma Mãe tem tudo
    quem não tem ,não tem nada ...
    A minha que também tinha uma Singer , desapareceu há 33 anos .

    ResponderEliminar
  13. Falas de mãe. Hoje falo dos filhos.

    beijos doces

    ResponderEliminar
  14. O Eugénio de Andrade é mesmo de raspar fininha a pele da alma da gente. Só se compara a um outro, do Bandeira, que fala tao bem assim, sem ser piegas como as trovinhas da nossa infância. Bonita escolha, Rosa! Beijinhos

    ResponderEliminar
  15. ouves?
    oiço......

    jocas maradas de sentires

    ResponderEliminar
  16. Posso levá-lo para o meu blog? o teu poema?

    ResponderEliminar