quarta-feira, outubro 24, 2007

O circo está na cidade

Desde criança que mantenho com o circo uma relação ambígua de fascínio/repulsa em que o lado sombrio deste tipo de espectáculo se sobrepõe às luzes, às palmas, à alegria, às gargalhadas das crianças.
Surge-me uma espécie de nó no estômago que sobe até à garganta e quase me asfixia quando assisto à sua instalação num espaço devoluto da cidade.
Como é que vivem estes artistas itinerantes que continuam, orgulhosamente, a actividade tradicional de seus pais e avós?
Como é que estão escolarizados os seus filhos?
Como é que sobrevivem animais em tão más condições de alojamento?
Será que ganham para sustentar toda a equipa?
Enfim, uma série de questões que se me colocam e me levam a desviar os meus percursos desse local, só para não imaginar esse lado sombrio que me entristece e me leva a não assistir ao espectáculo.
Mas se estou preocupada com a sobrevivência do circo e dos seus artistas devia ir...
Mas não sou capaz!
Sou uma cobarde...

14 comentários:

  1. Olá Rosa dos Ventos, linda postagem minha querida,
    Parabéns!!!
    Beijinhos,
    Fernandinha

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  2. OLá

    Rosa posso tratar-te assim?
    Não,não és cobarde...pois sentes e sabes das dificuldades.. e se quiseres podes ajudar.
    Eu é não me lembrava disso... do que tu escreveste e que me fez pensar... eu é que sou egoísta...

    Beijos estrelados

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  3. Gosto do circo.

    Não olho para ele, por esse lado dramático, Rosa.

    Até porque é cada vez mais um espectáculo sanzonal (Natal e Feiras e Festas de Verão...) e muitos desses problemas que colocas não existem.

    Penso que existem cada vez menos profissionais desta arte, pelo menos portugueses. A maior parte dos artistas dos circos de natal são estrangeiros...

    Abraço

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  4. Só que não é essa a realidade do que vi na sua montagem e envolvência, bem como nas formas de publicitar as sessões e no aspecto dos trabalhadores.
    Mas, ainda bem, Luis que há esse lado mais próspero, mais luminoso que não chega a cidadezinhas de província e que também se vê na televisão.

    Abraço

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  5. Sabes, Rosa, que os meus sentimentos em relação ao circo e à realidsade que os envolve são exactamente iguais aos teus. O circo em miúda assustava-me, agora dá-me tristeza: depois das luzes se apagarem, as pessoas, os animais, as condições de vida, tudo, tudo é muito precário e triste.

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  6. Quando lia os livros "Os Cinco" queria fazer parte do circo. Queria andar por aí, montada num trapézio, de terra em terra. Uma vez cheguei mesmo a ter na minha turma, por escassos meses, uma menina que vivia com um circo. Foi fantástico, todos a invejámos!

    Hoje, vejo também esse lado, que apontas no teu belo texto.

    No fundo, há por aqui uns sentimentos bastante paradoxais. Como os teus, suponho.

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  7. Este teu post deu-me que pensar.
    Porque há os "circos ricos" e os "circos pobres". Porque os meninos filhos de gente dos circos ricos devem ter acompanhamento escolar adequado, e os outros não.
    E sendo que saltitam de terra em terra (mais os circos pobres que os outros) será que os meninos vão à escola dois ou três meses e depois páram?
    Ou será que, como diz o Luís, o circo agora só se vê praticamente no Natal e Férias, e aí os meninos estão naturalmente de férias da Escola?
    Nem sei, só tenho perguntas...
    Os animais, esses, deveriam estar todos na selva, que é onde pertencem...

    Abraço

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  8. Lembro-me do meu pai me levar ao Coliseu ver um espectáculo de circo. Vim de lá fascinada com os trapezistas, com os palhaços, acho que com tudo.
    Depois vi, mais velha, o circo na cidade onde vivia e o fascínio não foi o mesmo.
    Achei que os animais eram maltratados e que os artistas não tinham o mesmo brilho, achei-os com ar sofredor.
    Sinto muita pena. Acho que todo o trabalho que têm, não lhes traz quase nenhum proveito...
    Era hábito os filhos frequentarem as escolas por onde passavam. Agora, não sei.

    Beijitos

    (desculpa, mas hoje alonguei-me...)

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  9. Tens toda a razão Rosa.

    As generalizações dão nisto...

    Claro que há circos "pobres" que são uma tragédia para todos. Especialmente funcionários, artistas (muitas vezes fazem tudo, são palhaços, domadores de animais e ainda estão na bilheteira e a desmontar o palco...)e animais, estes, talvez as maiores vitimas... porque devem ficar sempre para o fim...

    O lado feliz (ou infeliz) disto tudo, é que são cada vez menos.

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  10. Em criança fui uma vez com o meu pai, que é veterinário, a uma chamada a um circo e as condições em que estavam os animais não eram mesmo nada boas.
    Desde aí penso que nunca mais quis ir ao circo. Mesmo na televisão, não gosto de números com animais e só aprecio outros actos, como equilibristas, ilusionistas ou os palhaços.

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  11. Sempre achei que os animais não deviam fazer parte do circo. Dos palhaços apreciava a música, mesmo roufenha.Acrobatas, ilusionistas, saltimbancos e equilibristas é que entusiaimavam mesmo.
    Ricos e pobres sempre houve em todas as opções / projectos de vida,embora o circo atraia a meninada pela sua errância .
    Circo com animais- só na tv como a tourada e cada vez menos.

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  12. é arrivatto Zampanó!
    É "A estrada". É Gelsolmina.
    É Fellini.
    É o teu texto... até aos três últimos parágrafos (isto digo eu...) porque não é com "boas" e caridosas bilheteiras que se resolvem os problemas sociais que enumeras.
    Um abraço

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  13. Estava a pensar escrever no meu blogue um artigo sobre o circo, mas tiraste-me as palavras da boca. Desde pequenino que sou um apaixonado pelo circo , desde os palhaços , trapezistas e ilusionistas , mas nunca gostei nem gosto de animais.
    Não és cobarde , nem penses nisso , é sómente a vida . Eu também não vou lá h+a muitso anos...

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  14. eu não vou....não gosto....


    jocas maradas sem egoismos

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