segunda-feira, fevereiro 17, 2025

Os mortos são estranhos

" Os mortos são estranhos e eu conheço-os melhor do que aos vivos: quanto menos são, mais pesam. É o que sucede nas grandes tragédias: quando as vítimas são demasiadas, ninguém se dá ao trabalho de as contar. E o que não se pode contar converte-se em nada." (fala do médico alemão Hadrian Schreiber in A Cegueira do Rio, de Mia Couto.

9 comentários:

  1. No posto militar de Madziwa, a chegada do médico alemão Hadrian Schreiber ladeado por askaris antecipa acontecimentos extraordinários para o mundo e um livro que ainda não li e que provavelmente nunca lerei.

    Abraço amigo com o sol ☀️ a bater no meu nariz.

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    1. Assiste-se nas margens do rio Rovuma, em Moçambique, aos primeiros movimentos das tropas alemãs para se apoderarem da colónia portuguesa, a acção passa-se em 1914 e baseia-se em factos reais.
      O livro foi-me oferecido no dia em que saí do " internato " e vim para Lisboa.

      Abraço

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  2. Só discordo da opinião desse médico alemão num ponto, este:
    "E o que não se pode contar converte-se em nada."

    Se os mortos, vítimas de grandes tragédias, forem muitos e não só vítimas de guerra, mas de quaisquer outras tragédias, como sismos e tantos outras desgraças em que é a Natureza a revoltosa, não se diz que não morreu ninguém. Quando muito transformam-se em milhares, mesmo que sejam centenas. É a minha modesta opinião, óbvio.
    Não conheço o médico, mas conheço, razoavelmente, o estilo de escrita de Mia Couto.

    Beijinhos.

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    1. Só a frase entre aspas era para ficar a itálico. Algo me falhou, porque tudo o que escrevi depois ficou igual... :-)

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    2. Penso que ele queria dizer que quase nos tornamos insensíveis à força de vermos e ouvirmos esses números tão trágicos.

      Abraço

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  3. Tantos os mortos que se reduzem a números e , por vezes, nem isso...

    Segundo li, um dos grandes nazis afirmou que a partir de determinado número de vítimas já nada importa .

    Abraço, boa semana.

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    1. A insensibilidade acaba por nos atingir um pouco, tal não é a enormidade da tragédia.

      Abraço

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  4. "A Cegueira do Rio", um livro de Mia que ainda não li
    mas que penso ler.
    Abraço
    Olinda

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  5. O que vi, fiz e aprendi na guerra civil que vivi ficou sempre tatuado no meu coração e hoje ao ver a desgraçada e horrenda guerra fico ainda mais ferida!
    Beijos e um bom dia!

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