quarta-feira, janeiro 30, 2019

A carta

Ontem recebi uma carta, uma carta a sério, envelope branco, selo com os pastéis de Belém, endereço e remetente escrito a tinta azul, com uma bela caligrafia feminina.
De dentro retirei uma folha de papel com uma simpática e afectuosa missiva e ainda três fotos. 
Em duas delas, a preto e branco, o elemento central era um jovem alferes no cais de Alcântara, pronto a embarcar, no verso dessas fotos estava registada a data - 25 de Abril de 1965. Só nove anos depois é que os familiares dos nossos jovens deixaram de ficar em lágrimas no cais da partida!
A outra foto, já a cores, registava uma festa de família alargada quando ainda éramos todos!
Fiquei feliz com esta carta por isso respondi com prontidão.
Agarrei no telemóvel e mandei um SMS!

sábado, janeiro 26, 2019

Eliete



Ando há uns tempos, desde que terminei a sua leitura no início deste mês, para falar deste livro mas a minha capacidade de decisão sobre o que escrever tem-me levado a adiar.
Hoje, quando comecei a leitura de "A Revista do Expresso" dou de caras com uma longa entrevista à sua autora sobre o mesmo.
Em todo o caso aqui fica uma breve sinopse.
"Eliete" é acima de tudo uma narrativa no feminino, ela é a narradora, está na casa dos 42 anos, filha única de sua mãe, neta única da avó paterna, casada, mãe de duas filhas e amiga de sempre de Madilena ( não me lembro bem do nome e já emprestei o livro), uma advogada de sucesso.
Tem uma existência mediana, cinzenta, sem sonhos, limitada mas procura a todo o custo mostrar que é outra a sua vida, levando a própria amiga a invejar essa vida aparentemente feliz.
A doença da avó, que adora, e aquele célebre golo de Éder que sagrou Portugal campeão europeu de  futebol contra a França e que galvanizou o país e os seus mais próximos, levam Eliete, alheada a essa euforia, a abrir um caminho que lhe era de todo alheio - acedeu ao Tinder e daí para a frente a sua vida fingida ainda ficou mais ficcionada. 
Parece que vamos ter uma continuação desta narrativa que termina em suspenso.
Sublinhei esta frase que achei muito interessante e que  decorre dos bons momentos que passa com a sua grande amiga.

"Na verdade, o riso era das poucas coisas do nosso corpo que o tempo de uma vida não era suficiente para estragar."

segunda-feira, janeiro 21, 2019

A Nave


A nave dos monjes
A nave dos loucos
A nave dos outros
Ou simplesmente a nave? 

sexta-feira, janeiro 18, 2019

Clausura II



Não volto a brincar com coisas sérias pois a história da quase clausura transformou-se em clausura total, desconfio por "castigo divino"!
Uma violenta constipação, quase gripe, sem febre, pôs-me de baixa da minha actividade de moça de recados, apenas interrompida por um serviço de taxista para uma consulta de rotina.
E cá estou eu com tosse, seguida de intervalos a pingar do nariz, depois mais tosse, mais farfalheira...e tudo o resto.
Tive de me valer da "senhora cá de casa", que não vive em clausura e que tem podido assistir a estes quase inválidos!
E do convento só sabe quem lá está dentro!

quarta-feira, janeiro 09, 2019

A carteira do meu pai

Contava o meu pai que, miúdo de dez, onze anos, andou durante largos meses a juntar todos os tostões que ia recebendo para comprar uma carteira.
A Feira da Santa Ana, em Julho, o grande evento da aldeia, seria como sopa no mel para  o seu objectivo se concretizar.
 Finalmente chegou a data tão ansiada e, logo de manhã, dirigiu-se ao largo onde os feirantes tinham montado as suas barracas que mostravam no seu colorido e diversidade todo o tipo de ofertas que atraiam centenas de forasteiros deslumbrados com tanta escolha. Uma feira de aldeia há 100 anos era como um centro comercial actualmente.
Depois de ter dado várias voltas pelas barracas para comparar preços e qualidade, acabou por se decidir por aquela que mais lhe agradou.
Voltou feliz para casa com a sua aquisição que mostrou, orgulhoso, aos pais e irmãos.
Só ao fim do dia é que caiu em sim quando constatou que tinha carteira mas não tinha dinheiro.
E terminava a história com uma enorme gargalhada!
Recebi este Natal uma bela carteira, daquelas que têm espaços para tudo, cartões, documentos, notas, moedas, calendários, fotos, etc..
Enquanto enchia a minha nova carteira, lembrei-me da carteira vazia do meu pai e sorri ao ouvir a sua gargalhada!

quinta-feira, janeiro 03, 2019

Clausura

Vivo numa terra santa onde existem vários conventos, só na minha rua há três, sendo um de clausura.
Nos conventos de clausura, todos de religiosas, há sempre uma funcionária, um funcionário ou mesmo uma irmã que se encarregam de estabelecer as relações com o exterior.
As excepções prendem-se com idas ao hospital e para votar, num caso e no outro...infelizmente!
Costumo dizer a brincar, mas com um pouco de verdade, que a minha casa é o quarto convento da rua e o segundo de clausura.
Eu sou a moça dos recados, o elo de ligação com o mundo exterior.
Por aqui podem deduzir a minha dificuldade em arranjar temas interessantes para abordar neste blogue.
Bom ano!