domingo, agosto 10, 2014

Ítaca

É tempo de verão, tempo de evasão, de diversão, as férias pedem lugares diferentes, lonjuras...se possível!
Nos blogues, no facebook reflectem-se estes estados de espírito relacionados com o desejo de partir, depois partilham-se fotos mais ou menos exóticas e ou interessantes, descrevem-se emoções ou simplesmente descreve-se o que se vê.
Nem a propósito, a crónica de José Tolentino Mendonça da Revista do Expresso deste sábado versava o tema da "viagem" e às tantas diz-nos o seguinte:
"Nenhum país é mais estrangeiro do que o nosso coração. E se não assumimos isso num trabalho pacientíssimo de integração e transformação, tornaremos cada lugar aonde cheguemos, por mais feliz e prometedor que seja, um exílio e uma terra de ninguém. O verdadeiro viajante é aquele que descobre a necessidade de bússolas simbólicas  para a sua travessia. Bússolas em vez de derivas. Um último ponto. A quinquilharia exótica que os turistas arrastam como memória material da sua errância não passa de um equívoco. A viagem não tem nada para dar-nos, além da morte das nossas ilusões e de um novo nascimento. A viagem só tem a oferecer conhecimento. Isso é o que está reflectido no extraordinário poema de Konstantinos Kaváfis chamado "Ítaca":
"(...)
Não te apresses nunca na viagem.
É melhor que ela dure sempre muitos anos,
que sejas velho já ao ancorar na ilha,
rico do que foi teu pelo caminho,
e sem esperar que Ítaca te dê riquezas.
Ítaca deu-te essa viagem esplêndida.
Sem Ítaca não terias partido.
Mas Ítaca não tem mais nada para dar-te."

28 comentários:

  1. Não concordo totalmente... Estarei sob a influência de uma viagem/férias que foi uma festa para os meus sentidos? Trouxe muito mais do que conhecimento. Registarei em papel para que caso a minha memória se desvaneça com o tempo possa recordar mais tarde o quanto me fez bem.

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  2. Um texto maravilhoso.
    Nunca ter pressa de acabar a viagem e vivê-la o mais completamente possível.
    As férias são uma viagem que empreendemos para fugir aos habitos e rotinas.
    Se aquilo que encontro for um deserto sem nada, apenas terei de me esforçar por viver esse local e aprender o que ele tem de bom.

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  3. Gostei do poema. Quanto à teoria, haverá outros pontos de vista. Certo é que se não estivermos em paz com nós próprios, não é uma mudança de local/viagem que fará a diferença... ;)

    Abraço

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  4. Essa viagem de que aí se fala parece-me que é a viagem da vida. Mais do que uma viagem de férias. :)

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  5. Tolentino de Mendonça, pois... filosófico de mais para um domingo à noite... Tantos planos de viagem!! A da vida, a interior, a da morte, a dos sonhos, a do Amor, etc. etc. Face a estas as viagenzinhas que vamos fazendo (ou íamos, que agora não dá...) nada são, nada valem...

    Beijinho

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  6. As viagenzitas que fazemos valem sempre muito, Gracinha! : ))

    Que nunca nos falte Ítacas ao longo da vida... mesmo que não sejam repletas de dificuldades e desafios que, supostamente, nos tornarão mais fortes e mais experientes.

    Prefiro o “mar calmo” para chegar ao meu destino. : )

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  7. Uma pequena maravilha.
    Boa semana, cheia de viagens, ilusões, deslumbramento.

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  8. Adoro viajar! Faço-o muitas vezes sem sair de onde estou...

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  9. Tempo de evasão, sim!
    De diversão, não!

    E a Ítaca não tem mais nada para me dar!

    Boa semana, Rosa dos Ventos!

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  10. RV, gostei muito do seu post de hoje, do que escreve e do que transcreve!
    Turista é para mim diferente de viajante, viajante é o que vê é o que reflete logo o que vai aprendendo...
    A minha "quinquilharia" resume-se sempre e apenas do tal postal para NÓS!

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  11. ~
    ~ ~ "Ítaca não tem mais nada para dar-te."

    ~ ~ É o ponto de vista destes autores, com o qual não concordo.

    ~ ~ Ítaca tinha o seu tesouro mais precioso-- a bela e fidelíssima Penépole que tanto o amava que lhe perdoava as longas ausencias, em busca de glória.

    ~ ~ Para Odisseu, Ítaca era o seu doce lar, o seu chão, o seu reino-- o lugar onde queria viver a sua maturidade, a sua velhice e onde queria morrer.

    ~ ~ As suas viagens e os feitos heroicos de Troia, ficaram como recordações de aventuras de adolescente.

    ~ ~ Na minha opinião, o ser humano sedentário, gosta de viajar, mas adora voltar ao seu lar, ao que lhe pertence.

    ~ ~ Diferentes pontos de vista-- diria que os autores são celibatários emperdenidos.

    ~ ~ ~ ~ ~ Abraço. ~ ~ ~ ~ ~

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  12. Há tempos publiquei esse poema no On the rocks.
    Quanto á crónica, apenas acrescentaria que há muitos viajantes que são incapazes de ver.Por isso nada aprendem.

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  13. O prazer da vida está no seu percurso, “na viagem” e não na meta final (Ítaca) !.
    Ìtaca, o objectivado destino final, é uma ilusão. Uma vez atingido não podemos esperar mais nada.
    É bem melhor que “a viagem” dure uma vida e que apenas se atinja Ítaca, quando tudo o mais já perdeu o interesse !
    É um destino, cujo percurso nos deu tudo e nisso é que reside o interesse fundamental das nossas vidas !
    .

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  14. Também li o texto na Revista do Expresso e não concordo em todo, pontos de vista diferentes.

    Rosa o local que refiro no meu blogue é a Discoteca Império Romano na Marinha Grande.

    Beijinho e uma flor

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  15. Adorei o texto Rosa, e mais ainda do poema de Konstantinos que nos faz lembrar de viagens esplêndidas e de quem e por quem não teríamos partido.
    abraços Rosa
    boa semana

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  16. Há viagens que se vivem melhor

    antes da partida

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  17. Ainda bem que há leituras diferentes deste "post"!
    É preciso não esquecer que o texto de onde foi retirado é muito mais abrangente, mais rico e corremos sempre o risco de não focarmos o fundamental!
    Estou com a interpretação daqueles que olharam para Ítaca como uma metáfora!
    Também acho ainda que dentro da grande viagem que é a nossa vida cabem muitas viagens e a maioria delas nem é geográfica!
    Claro que as viagenzinhas que vamos fazendo nos dão muito prazer sobretudo quando conseguimos ver o que ninguém vê! :)

    Abraço

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  18. Boa tarde,
    cada cabeça tem a sua interpretação após a mesma leitura, concordo que a viagem deve de ser feita com tempo e sem tempo.
    Dia feliz
    AG
    http://momentosagomes-ag.blogspot.pt/

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  19. Desta vez discordo total e frontalmente do sacerdote!

    Embora não consiga perceber como existem pessoas que não gostam de viajar, respeito essa falta de entusiasmo.

    Viajar abre-nos os horizontes, dá-nos a conhecer outras culturas , proporciona-nos aquilo a que eu chamo Encontros e , finalmente, mostra-nos que todas as pessoas são iguais na sua diversidade.

    Beijinhos

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  20. ~
    ~ ~ Estive a ler a biografia do poeta KK e o poema Ítaca.

    ~ ~ A minha intuição não me enganou-- ele é mais do que um celibatário-- trata a história de Odisseu como se não existisse Penépole, figura que não lhe interessava minimamente.

    ~ ~ Acho a metáfora redutora e não foi escrita por um homem maduro.

    ~ ~ Há um tempo para tudo-- Há um tempo para viajar longamente, aprender e viver aventuras e há um tempo para amar...

    ~ ~ Não se aprende tudo em viagens, aprende-se muito ensinando um filho, coisa que KK nunca aprendeu, para sua infelicidade.

    ~ ~ ~ ~ Abraços. ~ ~ ~ ~

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  21. Caras amigas
    Ele bem diz que a viagem só traz conhecimento!
    Gosto de viajar mas tenho tido vários entraves para o poder fazer, em contrapartida tenho viajado convosco e de várias maneiras!

    Abraço

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  22. ~
    ~ ~ Querida Leo, desejo que tudo corra da melhor maneira.

    ~ ~ ~ ~ Um grande abraço. ~ ~ ~ ~

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  23. E viagem mais bela não há.
    Bjs

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  24. Li o poema Ítaca como uma metáfora, sendo a vida essa viagem esplêndida.

    Actualmente, penso que a Ítaca não tem mais nada para me dar.

    Saudações da amiga de longe!

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  25. belo sermão... dominical!

    até um herético diz amén...

    beijo

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  26. Pudéssemos nós, ter aprendido,
    com Ítaca e os velhos.
    Maior resiliência neste mundo doudo.
    Tudo passa, até a demande de.
    abç da bettips

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  27. Um poema é uma determinada forma de pensar que cada um interpreta segundo a sua maneira de ser e sentir. Este excerto não foge à regra. Concordo em parte e discordo no pressuposto de que "Ítaca não tem mais nada para dar-te".
    Quanto à crónica de Tolentino Mendonça, razão tem em dizer que nenhum país é mais estrangeiro do que o nosso coração.
    De que adianta viajar, conhecer mundo, se não estivermos dispostos a ver o que nos rodeia, de coração aberto e mente disponível, para absorver o que de belo nos traz a viagem?

    Rosinha, por motivos familiares, tenho andado um pouco afastada, mas não esquecida! :)

    Um abraço.

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  28. Gosto muito das crónicas de JTM, leio-as todas as semanas. Esta ainda com maioria de razão, pois fala de viagens e de K Kaváfis, o poeta de Alexandria e do "Quarteto... "

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