sábado, setembro 13, 2025

Setembro

 Nos setembros da minha infância e adolescência ainda se fazia praia, porque as aulas começavam em outubro e eram belas tardes em jogos de grupos de amigos que passavam de um ano para o outro e dos banhos de sol a comer pastéis de nata ou bolas de Berlim.

Era também tempo de vindimas e, como o meu avô paterno tinha pelo menos três vinhas, pude participar nessa atividade muitas vezes. Eram umas uvas deliciosas e, tanto eu como os meus primos, comíamos mais do que apanhávamos.

A avó guardava as mais especiais para pendurar no celeiro, onde lentamente, se iam transformando em passas, enquanto em cima de uma enorme arca repousavam figos, maçãs e peras. Cheirava a outono quando lá entrávamos.

Agora, os meus netos já tiveram ontem a abertura do ano letivo e não demonstram grande entusiasmo em regressar à escola.

Lembro-me de estar ansiosa pelo começo das aulas, depois de três meses de férias, sobretudo no colégio que frequentei em regime de internato. Tínhamos tantas novidades para contar às amigas, os primeiros namoricos, os novos amigos que fizemos na praia, a arrumação da nossa cama no dormitório, vermos quem iria dormir ao nosso lado, vermos a nossa posição na sala de aula e arrumarmos os novos livros dentro da carteira.

Atualmente, não chegam a sentir saudades dos amigos, graças ou "desgraças" aos telemóveis, porque estão sempre em contacto com conversas e jogos.

Outros tempos, outros passatempos, tudo muda e nós também.

10 comentários:

  1. Adorei ler os teus setembros da infância e da adolescência, que se distinguem, de certo modo, dos meus, igualmente moldados pela infância e pela adolescência.

    Abraço neste sábado ainda quente, mas já com nuances outonais 🍂

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    1. Ós nossos setembros dependem dos contextos familiares e geográficos onde os vivemos.
      Por aqui já refrescou um pouco.

      Abraço

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  2. Gosto de te ver nessa onda de happy memories... :)

    Abraço

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  3. Que saudades me deste, que tempos tão belos... Os meus pais/avós não tinham nada mas sempre vivi através dos olhos dos outros. E na verdade acho que mudo/mudei pouco. Abçs Bettips

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    1. Os meus pais não tinham nada ou pouco, mas os avós de um lado e do outro tinham alguma coisa de seu.
      Pois eu acho que, em certos aspetos, mudei bastante.

      Abraço

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  4. Mudam os tempos e muda tudo (passe o exagero) a que nos habituámos a ver, viver e sentir. Hoje já todos sabem o que aconteceu nas férias de todos; fotos, vídeos ou whatsapp!
    Também partilho contigo o cheiro dos figos a secar nas esteiras de junco para depois serem torrados (juntamente com as amêndoas) no forno de cozer o pão. As minhas filhas ainda viveram isto mas os netos, quando lhes conto como olham-me como se eu fosse ET.
    "coitados", não sabem o que perdem.
    Beijos e sorrisos

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    1. Em casa dos meus avós paternos não havia amêndoas, mas havia nozes com as quais fazíamos "casamentos", as nozes dentro dos figos secos. Uma delícia que ainda hoje faço.
      Os meus filhos já não viveram isso e muito menos os meus netos.
      É um facto, agora toda a gente sabe o que se passa ou não com os amigos e conhecidos. Também há muita invenção!

      Abraço

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  5. Nunca participei em nenhuma atividade que se relacionasse com vindima, mas teria gostado de ter tido essa experiência.
    As boas recordações valem a pena ser recordadas. : )

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  6. São recordações bem doces, já a apanha da azeitona não era assim, mas era divertida na mesma.

    Abraço

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